No Serradinho, lanchonete tem música ao vivo, mas cliente não pode dançar
Tem cliente que arrisca uma dança, mas o garçom chega de mansinho para dizer não
A noite de sexta-feira no “Espetinho do Henrique“, no bairro Serradinho, é conhecida pela música ao vivo, churrasquinho e cerveja gelada. Mas a sugestão de reportagem chegou ao Lado B por conta de uma exigência curiosa na lanchonete. Apesar da música e do sertanejo que rola solto, a regra é que ninguém pode dançar.
E não adianta bater o pé, quem insistir na dança, vai ouvir do garçom que o lugar é apenas para ouvir a música. Quem confirma a exigência é Glaucy Vasques Montiel, de 37 anos, proprietária do local. Evangélica, ela esclarece que o lugar ganhou respeito dos clientes "por ser de família".
Quer dançar? Não pode. Mas a regra não fica exposta para quem é novo no pedaço. Glaucy conseguiu um jeito discreto de avisar ao cliente.
“A gente respeita muito o cliente. Mas as vezes tem um casal apaixonado que acaba dançando. Então a gente espera terminar e o garçom vai até a mesa dizendo que não pode”.
Naturalmente, Glaucy diz que a ausência da dança é para garantir que o local seja de família. “Geralmente, os lugares que tem música ao vivo, ninguém leva os filhos. Aqui é voltado para a família e isso virou uma tradição”, diz.
Ela nega qualquer situação constrangedora no local e diz que todo mundo aceita com tranquilidade a determinação. “Nunca tive problemas e as pessoas falam que tudo bem. Nenhum cliente se chateou pela situação. As vezes, as pessoas nem acreditam, mas é um ambiente que não muda”, comenta.
Quem frequenta, concorda com a ideia, mas não nega que com dança seria mais divertido. “Eu venho com meu neto porque aqui tem sempre muita criança. Mas eu adoro dançar, se pudesse, eu dançaria”, afirma Clarisse Rodrigues, de 50 anos.
Na companhia do marido, Graziela Mendes concorda que é melhor só ouvir a música. “Acho que o ambiente fica mais tranquilo”, acredita.
Para o motorista Gelson Barreto, de 63 anos, a regra não faz diferença, já que o espetinho e a cerveja são o melhor do lugar. “Acho que mesmo que seja uma regra, ninguém liga porque o ambiente não deixa de ser agradável por conta disso”, diz.
De família – Mas não é difícil entender o porquê de todo mundo levar a ideia numa boa. Glaucy ganha o cliente na simpatia. É ela quem fica na porta recebendo e falando de tudo que oferece.
O lugar foi montado no quintal de casa, depois que ela herdou o espetinho do pai. Há 15 anos, o modelo da churrasqueira é o mesmo, só mudou de posição.
Henrique, o pai, ficou conhecido na região quando vendia espetinho a R$ 1,00 na entrada do bairro. “Muita gente não entendia como aquela churrasqueira pequena dava tanto movimento. Quando ele precisou se aposentar, não quis que o negócio acabasse, o bairro todo já conhece meu pai”, se orgulha.
O lugar tem de tudo um pouco, mas o carro-chefe é o espetinho. Tem carne, frango e linguiça, além de acompanhamentos como farofa, vinagrete, arroz e mandioca. Também é servido sobá, dobradinha e caldos.
O Espetinho do Henrique fica na Rua Emília Teodoro de Souza, 380, Serradinho. Abre todos os dias a partir das 17h30 às 23h30. Mas só tem música ao vivo na sexta.
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