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Sabor

Para casar, João aprendeu fazer pastel e há 23 anos é sucesso na Avenida Ceará

Thailla Torres | 19/02/2018 06:05
Com pastel de carne como carro-chefe, João vende mais e 120 pastéis em meia hora.  (Foto: André Bittar)
Com pastel de carne como carro-chefe, João vende mais e 120 pastéis em meia hora. (Foto: André Bittar)

Seu João Batista é o salgadeiro boa praça que, há 23 anos, ganha a vida vendendo pastel na Avenida Ceará. A fama de querido saiu do bairro Santa Fé e chegou até o Lado B que foi cedo ver de perto o porquê de tamanho sucesso com a freguesia. Com pastel de carne como carro-chefe, João vende mais e 120 unidades em meia hora. Quem chega atrasado, vai embora de mãos abanando.

Todos os dias, o vendedor estaciona sua bicicleta vermelha, antiga, nos trechos entre as ruas Abrão Júlio Rahe e Rua das Garças. O atendimento programado das 7h às 8h, normalmente, é interrompido, porque o salgado acaba antes do previsto. "Tem dias que tem mais movimento, principalmente, no começo do ano. Vai tudo", explica João.

Ponto é movimentado durante a semana. (Foto: André Bittar)
Ponto é movimentado durante a semana. (Foto: André Bittar)

O trabalho dele começa às 3h da manhã. João levanta na casa em que vive com a esposa, no Coronel Antonino, prepara a massa e o recheio do pastel. "Ela [massa] tem que ser fresquinha e sem química. Faço a mesma coisa todos os dias".

Ele ainda revela, em partes, o segredo para chegar à textura que conquistou os clientes. "O principal é o ponto da massa, tem que passar bem no cilindro e, principalmente, usar só farinha de trigo. Não dá pra inventar misturas", ensina.

A bicicleta foi adaptada para levar os salgados e também as garrafas de café, uma cortesia de João aos clientes. "Se faltar café, ninguém começa o trabalho bem", justifica.

Com 23 anos fazendo o mesmo trajeto, ele não precisa mais andar pelo bairro. Basta estacionar a bike e dar conta do movimento.

Cliente desde 2004, Wanderson Luz da Silva, de 35 anos, chega cedo para garantir o pastel. "É sequinho e bem temperado, todo mundo aqui na região gosta. Mas tem dia que eu fico sem. Se não chegar cedo, acaba perdendo", conta.

Patel custa R$ 3,00 e (Foto: André Bittar)
Patel custa R$ 3,00 e (Foto: André Bittar)

Por amor - A relação com o pastel não aconteceu por acaso. João conta que aprendeu a fazer o salgado em 1994, para bancar o próprio casamento. "Eu trabalhava como cobrador de ônibus quando me apaixonei. Mas o dinheiro era pouco pra fazer um casamento e morar junto. Foi ela que me ensinou a fazer pastel pra fazer um bico na cidade e juntar dinheiro".

Oito anos depois, João resolveu largar o ônibus. "O movimento aumentou e eu peguei gosto pelo pastel. Nunca mais larguei", lembra

Nascido em Campo Grande, João começou trabalhar ainda na infância e ficou longe da família durante 20 anos. "Minha mãe trabalhava em um fazenda no interior e aos 8 anos eu fui trabalhar no Rio de Janeiro, cuidando das crianças do patrão. Cresci lá e depois fui viver em São Paulo. Com 28 anos voltei para reencontrar minha família. 

João pretendia passar um tempo na cidade, mas voltar para São Paulo, onde também trabalhava como cobrador de ônibus, mas o amor bateu à porta. "Conheci uma mulher e estou com ela há 23 anos. Quando a gente gosta não tem jeito. Mas não me arrependo, aqui tenho minha família e e meu trabalho, estou feliz".

O vendedor termina o trabalho pela manhã e vai embora sorrindo pra casa. A tarde, a produção de pastel continua para vender mais uma centena do salgado na frente do terminal General Osório.

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Todos os dias, João Batista está na Avenida Ceará.
(Foto: André Bittar)
Todos os dias, João Batista está na Avenida Ceará. (Foto: André Bittar)
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