Rosas, violetas ou capuchinhas: sabe quais flores você pode comer?
Mas cuidado! As flores encontradas em floriculturas são não indicadas para consumo; confira o porquê
Coloridas e charmosas, além de enfeitar o jardim de casa, boa parte das espécies de flores também podem ser consumidas em uma infinidade de pratos, como saladas, geleias, sorvetes, gelos coloridos e em drinks. Com uma variedade de cores, formas e tamanhos, incrementá-las na culinária abre portas para soltar a criatividade na cozinha e impressionar na apresentação dos pratos. A lista das candidatas ao consumo é extensa, e inclui rosas, lavandas, violetas, hibisco e até dente-de-leão.
Com trabalho voltado ao cultivo de plantas comestíveis, a agricultora urbana Marcia Chiad destaca que, além da beleza que as flores trazem aos pratos, o seu consumo também é rico em antioxidantes, vitaminas A e C, além de possuir nutrientes, como a antocianina, um pigmento natural que atua como anti-inflamatório e antioxidante.
A especialista ainda alerta que flores compradas em floriculturas ou cultivadas para fins ornamentais não podem ser consumidas, pois recebem uma grande quantidade de química para a floração. O ideal é consumir as flores cultivadas de maneira orgânica nos próprios quintais ou em viveiros especializados, para garantir que estão livres do uso de agrotóxicos.
Cuidado com flores contaminadas
O chef de cozinha, e proprietário de uma loja voltada apenas ao cultivo e comercialização de flores comestíveis em Campo Grande, Bruno Abreu, explica que o cultivo exige cuidados específicos, que devem seguir padrões de higiene, segurança e controle de qualidade rigorosos, afinal, são destinadas à alimentação.
Bruno destaca que uma das principais diferenças entre o cultivo de flores comestíveis e ornamentais, está no ambiente de plantio. O chef ressalta que o solo deve ser livre de contaminantes químicos, pois além de comprometer o sabor, ainda coloca em risco a segurança de quem consome.
“Enquanto flores ornamentais podem ser expostas a solos tratados com fertilizantes químicos, inseticidas e agrotóxicos para melhorar a durabilidade e o aspecto visual, no caso das flores comestíveis isso é inadmissível”, explica.
Bruno ainda alerta que nem todas as flores encontradas na natureza ou em ambientes públicos estão aptas para o consumo, pois não há como garantir que está plantada em um solo livre de componentes químicos ou contaminado pelo esgoto, poluentes urbanos ou fumaça.
Versáteis, charmosas e pouco exploradas
Embora o uso de flores para fins alimentícios seja uma prática ancestral, seu consumo na culinária ainda é pouco explorado. Contudo, o chef Bruno comenta que elas estão ganhando cada vez mais espaço na gastronomia, tanto pela beleza que trazem aos pratos, quanto pelo seu potencial nutricional e pela versatilidade que oferecem.
“Uma das grandes qualidades das flores comestíveis é a sua capacidade de inspirar criatividade. Ao contrário de outros ingredientes que seguem fórmulas e receitas específicas, as flores são um convite à experimentação”.
Sobre o uso das flores, o chef ressalta que o uso não está restrito apenas à alta gastronomia, e incentiva as pessoas a se aventurar na criação de pratos e bebidas que combinem com suas próprias ideias e gostos.
Bruno indica que as flores comestíveis podem ser incorporadas no dia a dia, tanto em pratos caseiros quanto em alimentos processados para o consumo em massa.
“Em casa, pode usar flores para transformar uma salada ou um bolo em uma experiência sensorial nova. Já na indústria, elas podem ser o diferencial de um novo produto, seja um biscoito, um molho, uma bebida gaseificada ou um tempero especial. O verdadeiro poder das flores comestíveis não está em segui-las em receitas pré-definidas, mas em enxergá-las como uma ferramenta para liberar a criatividade e inovar na alimentação”, destaca.
Confira algumas das espécies de flores comestíveis
Capuchinha (Tropaeolum majus) – Conhecida por seu sabor levemente picante, muito utilizada em saladas.
Calêndula (Calendula officinalis) – Com sabor levemente amargo, suas pétalas são usadas para colorir pratos.
Hibisco (Hibiscus sabdariffa) – Comumente utilizado em chás e sobremesas, tem um sabor azedinho.
Rosa (Rosa spp.) – Suas pétalas são perfumadas e levemente doces, usadas em chás e confeitaria.
Violeta (Viola odorata) – As flores têm um sabor adocicado e suave, ideal para sobremesas.
Lavanda (Lavandula angustifolia) – Usada em doces e chás, tem um sabor floral marcante.
Amor-perfeito (Viola tricolor) – Com um sabor suave, é comumente usada em decoração de pratos.
Flor de abóbora (Cucurbita pepo) – Muito utilizada em pratos salgados, como recheios e frituras.
Dente-de-leão (Taraxacum officinale) – Com sabor levemente amargo, pode ser consumida em saladas e chás.
Flor de maracujá (Passiflora edulis) – Além de bonita, a flor tem uso em chás calmantes.
Jambu (Acmella oleracea) – Usada na culinária regional, sua flor provoca uma sensação de dormência na boca.
Flor de cebolinha (Allium schoenoprasum) – Tem um sabor levemente picante, sendo usada como tempero.
Bananeira (Musa spp.) – A flor (coração de banana) é utilizada em saladas e cozidos.
Flor de feijão-guandu (Cajanus cajan) – Usada em algumas receitas tradicionais, como refogados.
Flor de ora-pro-nóbis (Pereskia aculeata) – Rica em proteínas, é muito utilizada em refogados e saladas.
Onde adquirir
Em Campo Grande, existem viveiros especializados em flores comestíveis, como o Recanto das Ervas, e a Flor do Cerrado. O chef Bruno Abreu também trabalha com o cultivo de flores para fins comestíveis, para saber mais clique aqui.
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