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Sabor

Rosas, violetas ou capuchinhas: sabe quais flores você pode comer?

Mas cuidado! As flores encontradas em floriculturas são não indicadas para consumo; confira o porquê

Por Idaicy Solano | 18/10/2024 07:52
Do jardim para o prato, várias espécies de flores podem ser consumidas (Foto: Arquivo/Chef Bruno Abreu)
Do jardim para o prato, várias espécies de flores podem ser consumidas (Foto: Arquivo/Chef Bruno Abreu)

Coloridas e charmosas, além de enfeitar o jardim de casa, boa parte das espécies de flores também podem ser consumidas em uma infinidade de pratos, como saladas, geleias, sorvetes, gelos coloridos e em drinks. Com uma variedade de cores, formas e tamanhos, incrementá-las na culinária abre portas para soltar a criatividade na cozinha e impressionar na apresentação dos pratos. A lista das candidatas ao consumo é extensa, e inclui rosas, lavandas, violetas, hibisco e até dente-de-leão.

Com trabalho voltado ao cultivo de plantas comestíveis, a agricultora urbana Marcia Chiad destaca que, além da beleza que as flores trazem aos pratos, o seu consumo também é rico em antioxidantes, vitaminas A e C, além de possuir nutrientes, como a antocianina, um pigmento natural que atua como anti-inflamatório e antioxidante.

A especialista ainda alerta que flores compradas em floriculturas ou cultivadas para fins ornamentais não podem ser consumidas, pois recebem uma grande quantidade de química para a floração. O ideal é consumir as flores cultivadas de maneira orgânica nos próprios quintais ou em viveiros especializados, para garantir que estão livres do uso de agrotóxicos.

Torrada servida com flores cultivadas por Márcia, que é especialista no cultivo para fins alimentícios (Foto: Arquivo/Márcia Chiad)
Torrada servida com flores cultivadas por Márcia, que é especialista no cultivo para fins alimentícios (Foto: Arquivo/Márcia Chiad)

Cuidado com flores contaminadas 

O chef de cozinha, e proprietário de uma loja voltada apenas ao cultivo e comercialização de flores comestíveis em Campo Grande, Bruno Abreu, explica que o cultivo exige cuidados específicos, que devem seguir padrões de higiene, segurança e controle de qualidade rigorosos, afinal, são destinadas à alimentação.

Bruno destaca que uma das principais diferenças entre o cultivo de flores comestíveis e ornamentais, está no ambiente de plantio. O chef ressalta que o solo deve ser livre de contaminantes químicos, pois além de comprometer o sabor, ainda coloca em risco a segurança de quem consome.

“Enquanto flores ornamentais podem ser expostas a solos tratados com fertilizantes químicos, inseticidas e agrotóxicos para melhorar a durabilidade e o aspecto visual, no caso das flores comestíveis isso é inadmissível”, explica.

Bruno ainda alerta que nem todas as flores encontradas na natureza ou em ambientes públicos estão aptas para o consumo, pois não há como garantir que está plantada em um solo livre de componentes químicos ou contaminado pelo esgoto, poluentes urbanos ou fumaça.

Flores utilizadas para decorar e dar um sabor a mais em barras de chocolate (Foto: Arquivo/Chef Bruno Abreu)
Flores utilizadas para decorar e dar um sabor a mais em barras de chocolate (Foto: Arquivo/Chef Bruno Abreu)

Versáteis, charmosas e pouco exploradas

Embora o uso de flores para fins alimentícios seja uma prática ancestral, seu consumo na culinária ainda é pouco explorado. Contudo, o chef Bruno comenta que elas estão ganhando cada vez mais espaço na gastronomia, tanto pela beleza que trazem aos pratos, quanto pelo seu potencial nutricional e pela versatilidade que oferecem.

“Uma das grandes qualidades das flores comestíveis é a sua capacidade de inspirar criatividade. Ao contrário de outros ingredientes que seguem fórmulas e receitas específicas, as flores são um convite à experimentação”.

Sobre o uso das flores, o chef ressalta que o uso não está restrito apenas à alta gastronomia, e incentiva as pessoas a se aventurar na criação de pratos e bebidas que combinem com suas próprias ideias e gostos.

Bruno indica que as flores comestíveis podem ser incorporadas no dia a dia, tanto em pratos caseiros quanto em alimentos processados para o consumo em massa.

“Em casa, pode usar flores para transformar uma salada ou um bolo em uma experiência sensorial nova. Já na indústria, elas podem ser o diferencial de um novo produto, seja um biscoito, um molho, uma bebida gaseificada ou um tempero especial. O verdadeiro poder das flores comestíveis não está em segui-las em receitas pré-definidas, mas em enxergá-las como uma ferramenta para liberar a criatividade e inovar na alimentação”, destaca.

Salada decorada com flores, que dão um charme a mais para o prato (Foto: Arquivo/Chef Bruno Abreu)
Salada decorada com flores, que dão um charme a mais para o prato (Foto: Arquivo/Chef Bruno Abreu)

Confira algumas das espécies de flores comestíveis 

  • Capuchinha (Tropaeolum majus) – Conhecida por seu sabor levemente picante, muito utilizada em saladas.

  • Calêndula (Calendula officinalis) – Com sabor levemente amargo, suas pétalas são usadas para colorir pratos.

  • Hibisco (Hibiscus sabdariffa) – Comumente utilizado em chás e sobremesas, tem um sabor azedinho.

  • Rosa (Rosa spp.) – Suas pétalas são perfumadas e levemente doces, usadas em chás e confeitaria.

  • Violeta (Viola odorata) – As flores têm um sabor adocicado e suave, ideal para sobremesas.

  • Lavanda (Lavandula angustifolia) – Usada em doces e chás, tem um sabor floral marcante.

  • Amor-perfeito (Viola tricolor) – Com um sabor suave, é comumente usada em decoração de pratos.

  • Flor de abóbora (Cucurbita pepo) – Muito utilizada em pratos salgados, como recheios e frituras.

  • Dente-de-leão (Taraxacum officinale) – Com sabor levemente amargo, pode ser consumida em saladas e chás.

  • Flor de maracujá (Passiflora edulis) – Além de bonita, a flor tem uso em chás calmantes.

  • Jambu (Acmella oleracea) – Usada na culinária regional, sua flor provoca uma sensação de dormência na boca.

  • Flor de cebolinha (Allium schoenoprasum) – Tem um sabor levemente picante, sendo usada como tempero.

  • Bananeira (Musa spp.) – A flor (coração de banana) é utilizada em saladas e cozidos.

  • Flor de feijão-guandu (Cajanus cajan) – Usada em algumas receitas tradicionais, como refogados.

  • Flor de ora-pro-nóbis (Pereskia aculeata) – Rica em proteínas, é muito utilizada em refogados e saladas.

Onde adquirir 

Em Campo Grande, existem viveiros especializados em flores comestíveis, como o Recanto das Ervas, e a Flor do Cerrado. O chef Bruno Abreu também trabalha com o cultivo de flores para fins comestíveis, para saber mais clique aqui.

Biscoitos decorados com diversas espécies de flores (Foto: Arquivo/Chef Bruno Abreu)
Biscoitos decorados com diversas espécies de flores (Foto: Arquivo/Chef Bruno Abreu)

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