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Meio Ambiente

Campo Grande registrou 3º julho mais quente da história

Temperatura média alcançou 22,24ºC, ficando atrás apenas de julho de 2008 e 2022

Guilherme Correia | 02/08/2023 13:09
Pôr do Sol visto a partir do céu de Campo Grande (Foto: Henrique Kawaminami/Arquivo)
Pôr do Sol visto a partir do céu de Campo Grande (Foto: Henrique Kawaminami/Arquivo)

Dados do Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia) analisados pelo Campo Grande News nesta quarta-feira (2) revelam que Campo Grande teve, neste ano, o terceiro mês de julho mais quente desde 2002, quando os registros começaram a ser mantidos pela estação meteorológica.

A temperatura média durante o mês passado foi de 22,24ºC, evidenciando uma tendência de aumento nas temperaturas ao longo dos anos. Os meses de julho de 2008 e 2022 mantêm a liderança, com médias de 22,77ºC e 23,4ºC, respectivamente.

Cientistas apontam que o fenômeno do aquecimento global é o principal responsável pelo aumento das temperaturas em todo o mundo. As mudanças climáticas têm impactos significativos em diversos setores, como a agricultura, saúde pública e disponibilidade de recursos hídricos.

No planeta, julho foi o mês mais quente já registrado em toda a série histórica do Centro Nacional de Previsão Ambiental dos Estados Unidos, analisados preliminarmente pela Universidade do Maine e publicados na ferramenta Climate Reanalyzer. As temperaturas diárias ao longo do mês ficaram entre 0,56°C e 1,02°C acima da média (de 1979 a 2000).

O centro é ligado à Noaa (Administração Oceânica e Atmosférica, em inglês), uma das maiores autoridades de monitoramento do clima.

O mês foi marcado pela quebra de recordes diários de temperatura. Na primeira semana, três foram batidos: no dia 3, a média global chegou a 17,01°C, superando a marca de 2016 de 16,92°C (que se repetiu em 2022); o recorde foi quebrado novamente no dia seguinte, com 17,18°C; e, no dia 6, o índice anterior também foi ultrapassado, atingindo 17,23°C.

O aumento nas temperaturas médias tem levantado preocupações entre especialistas, já que o ano de 2022 também registrou a maior temperatura média ao longo do ano inteiro desde o início das medições, em 2002.

Aquecimento global

Medidas de mitigação e adaptação se fazem cada vez mais necessárias para minimizar os efeitos adversos dessas mudanças e garantir um futuro sustentável para as próximas gerações. Além disso, a conscientização e ações individuais também são fundamentais para enfrentar esse desafio global.

Na última semana, o observatório europeu Copernicus e a OMM (Organização Meteorológica Mundial, vinculada à ONU) alertou para tais recordes. O secretário-geral da ONU (Organização das Nações Unidas), António Guterres, ressaltou que a culpa de o planeta estar tão quente é da ação humana.

"A única surpresa é a velocidade da mudança. A mudança climática está aqui, é aterrorizante e é só o começo. A era do aquecimento global está acabando - a era da fervura global chegou", afirmou.

Alguns fatores ajudam a explicar o recorde de julho. Entre junho e agosto, normalmente, há temperaturas globais mais altas, já que o verão no hemisfério norte puxa a média para cima. Além disso, o El Niño, caracterizado pelo aquecimento do Oceano Pacífico na região da Linha do Equador, faz com que mais água evapore e mais calor seja liberado.

Extremos climáticos

Em entrevista concedida ao Campo Grande News, o professor e pesquisador em Climatologia da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul) Júlio César Gonçalves explicou que fenômenos climáticos naturais têm se intensificado na Capital e Estado. Chuvas concentradas, períodos de seca ou mais temporais são apenas alguns dos indícios.

Dados do S2ID (Sistema Integrado de Informações sobre Desastres), órgão vinculado ao Ministério de Desenvolvimento Regional, indicam que entre os anos de 1980 e 2019, o número de cidades brasileiras afetadas por desastres naturais dobrou.

Além disso, o número de eventos climáticos nesse mesmo período passou de 5 mil para cerca de 33 mil, indicando que muitos municípios sofrem mais de um desastre por ano. “O fato é que essas mudanças já estão acontecendo e cada vez mais pessoas estão sendo afetadas em todo o mundo. O Brasil não está isento”, disse Gonçalves.

"Como são fenômenos naturais, que estão sendo intensificados pela ação do homem, não tem como conter estes extremos climáticos. Cabe apenas aos gestores aumentar a antecipação destes cenários e estruturar melhor seus órgãos de apoio à população”, afirmou.

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