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Meio Ambiente

Coleta seletiva está disponível para 600 mil pessoas, mas só 26% colaboram

Sem coleta de porta em porta, moradores de bairros afastados do centro veem dificuldade em reciclar

Idaicy Solano | 01/05/2023 07:18
Lixeira separa vidro, material reciclável, de demais residuos. (Foto: Idaicy Solano)
Lixeira separa vidro, material reciclável, de demais residuos. (Foto: Idaicy Solano)

A coleta seletiva domiciliar está disponível para cerca de 600 mil pessoas em Campo Grande atualmente. Mas de acordo com a Solurb, apenas 26% da população aqui na Capital costuma reciclar o lixo.

Não adianta nem a instalação de mais de 100 LEVs (Locais de Entrega Voluntária) espalhados pela cidade. Campo Grande prova que coleta seletiva é questão de cultura e entendimento sobre a responsabilidade de cada um com a questão ambiental.

Só quem tem "desculpa" para não reciclar são os moradores de bairros mais afastados da região central, porque mesmo quando querem tratar os resíduos recicláveis, a coleta de porta em porta não chega para todos.

Caixas de papelão descartadas em lixeira no Bairro Aero Rancho. (Foto: Idaicy Solano)
Caixas de papelão descartadas em lixeira no Bairro Aero Rancho. (Foto: Idaicy Solano)

A reportagem do Campo Grande News percorreu as ruas de bairros com e sem coleta seletiva de porta em porta e encontrou lixeiras repletas de resíduos recicláveis, além de papelão descartados na calçada.

Em baixos com esse tipo de serviço, a Solurb estabelece dias e horários específicos para que os recicláveis sejam recolhidos. Já quem não conta com a coleta especial, pode até fazer a separação, mas o destino destes resíduos acaba sendo o mesmo do lixo comum.

Dono de um mercado localizado na Avenida Vereador Thyrson de Almeida, no Bairro Aero Rancho, Carlos Henrique Gomes, 34 anos, costuma separar os resíduos recicláveis do lixo comum. Mas quando um catador de recicláveis não passa e pega para vender, tudo acaba sendo descartado pela Solurb no aterro sanitário.

"A gente tem o costume, mas não tem a coleta seletiva para dar a sequência e seguir esse ritmo. Se tivesse [coleta de porta em porta] seria essencial. Aqui é um bairro com muito comércio e com muito descarte de plástico e papelão".

O comerciante Carlos Henrique Gomes atendeu a equipe de reportagem no local de trabalho. (Foto: Idaicy Solano)
O comerciante Carlos Henrique Gomes atendeu a equipe de reportagem no local de trabalho. (Foto: Idaicy Solano)

A comerciante Jaqueline Barbosa, 33 anos, costuma separar as caixas de papelão das mercadorias e deixar elas empilhadas na calçada, para que catadores de recicláveis levem embora. Sem a coleta seletiva domiciliar, essa foi a maneira que Jaqueline encontrou de reciclar. "Se eles [catadores de recicláveis] não levam, vai para o lixo comum".

Mas como hábito depende também de resposta do poder público, a padeira Ramona Lescano, de 30 anos, moradora do Jardim Canguru, conta que não possui costume de reciclar o lixo, porque, como não passa coleta seletiva no bairro, ela acaba descartando os recicláveis junto com o lixo comum.

Mãe de quatro meninas, a padeira explica que as filhas são de uma geração que preza por essas questões e costumam separar os resíduos e dar a destinação correta. "Às vezes, minhas meninas separam e levam nos pontos de coleta. Aprenderam na escola a reciclar".

A motoentregadora Ana Maria Rodrigues, 37 anos, explica que raramente lembra de separar os resíduos. Ana afirma que se a coleta seletiva domiciliar chegasse para todos, seria mais fácil criar o hábito de reciclar. "Se passasse eu ia separar. É a falta desse incentivo. Não passa e a gente acaba não separando".

Caixas de papelão são deixadas na calçada de avenida para serem levadas por catadoores de recicláveis. (Foto: Idaicy Solano)
Caixas de papelão são deixadas na calçada de avenida para serem levadas por catadoores de recicláveis. (Foto: Idaicy Solano)

O sistema de coleta porta a porta passa pelas regiões do Centro, Chácara Cachoeira, Vila Sobrinho, Vila Glória, Pioneiros, Universitário, Jardim dos Veraneio e Parque Novos Estados. Não há previsão para expandir a coleta, porque, segundo a empresa, o potencial de geração de resíduos reciclados das regiões que hoje não são atendidas é pequeno.

Todo o material reciclável recolhido pela Solurb é encaminhado à Usina de Triagem (UTR), que recebe cerca de 20 toneladas por dia. Mensalmente, a UTR recebe em média 450 a 500 toneladas. Entre os materiais mais reciclados, estão papel, plástico e papelão.

Coleta domiciliar - Cabe à população separar os materiais recicláveis (papéis, vidros, plásticos e metais) do restante do lixo, que é destinado a aterros ou usinas de compostagem.

A coleta domiciliar ocorre da mesma forma que a coleta regular de lixo, porém, os veículos coletores percorrem as residências em dias e horários diferentes da coleta normal. O dia e horário de coleta variam de região para região.

Os moradores devem separar o material reciclável em sacolas plásticas ou contêineres e deixar na calçada, no dia e horário da coleta, para que os funcionários possam levar o material até o centro de triagem.

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LEVs - Os locais de entrega voluntária espalhados pela cidade são contêineres ou pequenos depósitos localizados em pontos fixos da cidade, onde o cidadão pode, de maneira espontânea, depositar os recicláveis.

Para isso, os moradores devem separar os materiais em recipientes diferentes, indicando o nome do reciclável.

Confira no mapa abaixo os pontos de entrega voluntária.

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Desenvolvimento sustentável - De acordo com a Solurb, uma tonelada de plástico reciclado economiza 130 quilos de petróleo. O material, após ser reciclado, pode virar carpetes, mangueiras, cordas, sacos, para-choques. A cada tonelada de papel reciclado poupa o desmatamento de 22 árvores. Diversos tipos de papéis ainda podem ser reciclados sete vezes ou mais.

Garrafas pet de refrigerante são transformadas em tecidos utilizados na confecção de calças jeans. A cada 10% de cacos de vidro reciclados e reutilizados, gera economia de 1,2% de energia. A cada um quilo de material recolhido, gera um quilo de vidro novo.

A reciclagem dos alumínios economiza 95% da energia que seria utilizada para produzir o material. A reutilização do lixo orgânico, por meio de compostagem, gera adubo utilizado para a agricultura.

Cores da reciclagem:

  • Amarelo - metal, como latinhas de bebidas e latas de tinta;
  • Azul – papéis e papelão, como caixas e folhas de caderno;
  • Branco –  descarte de lixo produzido em hospitais e outros locais na área da saúde;
  • Cinza – resíduos que não podem ser reciclados;
  • Laranja – pilhas e baterias;
  • Marrom – resíduos orgânicos, como restos de comida e cascas de frutas;
  • Preto – descarte de madeira;
  • Roxo – específico para lixo que tenha características radioativas;
  • Verde – vidro, como copos e pratos quebrados;
  • Vermelho – plástico, como copos e pratos descartáveis, embalagens de produtos.
Lixeiras separadas por cores indicam onde cada tipo de resíduo reciclável deve ser jogado. (Foto: Idaicy Solano)
Lixeiras separadas por cores indicam onde cada tipo de resíduo reciclável deve ser jogado. (Foto: Idaicy Solano)


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