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Meio Ambiente

“De olho” em “ar ruim”, estação quer ajudar a evitar mortes por poluição

Na UFMS, container tem equipamentos monitorando ar para subsidiar políticas públicas de saúde

Caroline Maldonado | 30/01/2023 12:07
Estação de monitoramento de qualidade do ar na UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul) (Foto: Divulgação)
Estação de monitoramento de qualidade do ar na UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul) (Foto: Divulgação)

Para qualquer campo-grandense é difícil imaginar uma segunda-feira, por exemplo, em que fosse proibido sair com seu carro ou moto para ir ao trabalho porque o ar está muito ruim. É assim em Paris, capital da França, onde o monitoramento do ar ajuda a nortear estratégias da saúde pública. Quando o ar está ruim demais, a população tem que ir de transporte público. Ocorre que controlar a poluição pode evitar mortes, que ocorrem por causa da exposição ao ar ruim a longo prazo.

Estudos da OMS (Organização Mundial da Saúde) revelam que, no mundo, morrem por ano cerca de 7 milhões de pessoas em decorrência da poluição do ar. No Brasil, morrem, em média, 50 mil pessoas por ano, conforme a Opas (Organização Pan-Americana da Saúde). As mortes ocorrem por doenças como câncer de pulmão, AVC ( Acidente Vascular Cerebral), asma, entre outras.

Campo Grande está longe de ter medidas como essa e “engatinha” quando o assunto é monitorar o ar, mas um grupo de pesquisadores quer mudar essa realidade, a partir de uma estação de monitoramento da qualidade do ar, instalada na UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul).

Monitoramento 

O coordenador do grupo, professor doutor Widinei Alves Fernandes, detalha como o trabalho feito dentro de um container pode ajudar na criação e manutenção de políticas públicas da área da saúde.

O monitoramento começou em maio de 2021. Os especialistas descobriram que a qualidade do ar em Campo Grande é classificada como “boa” na maior parte do ano.

No entanto, há períodos de condições “moderada”, “ruim” e “muito ruim”, que ocorrem, principalmente, entre os meses de agosto e setembro. Os piores dias são fruto de tráfego intenso de veículos e queimadas na Amazônia, conforme o terceiro relatório do monitoramento.

Como isso pode ser útil à gestão em saúde pública? O professor explica:

“Vamos relacionar esse monitoramento com outros estudos para ver se existe impacto na saúde e como é esse impacto. Por exemplo, em períodos mais críticos, as pessoas procuraram mais os postos de saúde para fazer inalação e buscam atendimento com problemas respiratórios. Um dos objetivos é subsidiar o poder público na tomada de decisão. Em períodos em que já se sabe que as pessoas vão procurar mais as unidades de saúde, as equipes estarão preparadas para isso”, comenta Widinei.

Estação de monitoramento de qualidade do ar na UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul) (Foto: Divulgação)
Estação de monitoramento de qualidade do ar na UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul) (Foto: Divulgação)

É o histórico de comportamento em médio e longo prazo que vai trazer cada vez mais respostas e propostas de soluções para problemas relacionados à inalação do ar da cidade. Para expandir esse trabalho, o grupo precisa aumentar os pontos de monitoramento.

“Hoje, a estação que temos fica na universidade. Ali é um local muito semelhante a outros pontos da cidade com o mesmo perfil de tráfego de veículos. O ar é "muito ruim” em dois picos ao longo do dia. das 7h às 8h e das 18h às 19h, por conta do fluxo veicular. Estamos fazendo parceria com a prefeitura para ampliar para colocar estações em outros locais”, conta o pesquisador.

Outro avanço necessário é fazer a análise da composição química do ar. “Atualmente, a gente faz o monitoramento da concentração. Para saber o que tem nesse ar além de poluentes dos carros, precisamos fazer a análise da composição química. Aí vamos saber se tem agrotóxicos, por exemplo. Para isso, está prevista uma parceria com a Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz).

Também fazem parte da equipe responsável pelo projeto os professores Dr. Clóvis Lasta Fritzen e Dr. Hamilton Germano Pavão da UFMS; e o professor Dr. Plínio Carlos Alvalá do Inpe.

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