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Meio Ambiente

Estudo destaca impacto das terras indígenas amazônicas em chuva de MS

Amazônia impacta na geração de chuvas que sustentam até 80% das atividades agropecuárias do Brasil

Por Lucas Mamédio | 03/12/2024 17:38
Indígena sentado às margens de rio no estado do Amazonas (Foto: Fundação Nacional dos Povos Indígenas/Gov)
Indígena sentado às margens de rio no estado do Amazonas (Foto: Fundação Nacional dos Povos Indígenas/Gov)

Um estudo divulgado nesta terça-feira (2) pelo Instituto Serrapilheira aponta que as terras indígenas da Amazônia desempenham papel crucial na geração de chuvas que sustentam até 80% das atividades agropecuárias do Brasil. Estados como Mato Grosso do Sul, parte do chamado “cinturão agrícola” do país, estão entre os mais beneficiados por esse fenômeno, que tem impacto direto na segurança hídrica, alimentar e econômica.

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Um estudo do Instituto Serrapilheira revela que as terras indígenas amazônicas são cruciais para a geração de chuvas que sustentam até 80% da agropecuária brasileira, especialmente em regiões como Mato Grosso do Sul. A umidade gerada pelas florestas preservadas dessas terras, transportada pelos "rios voadores", contribui com até 30% das chuvas anuais em algumas áreas, impactando diretamente a segurança hídrica, alimentar e econômica do país, beneficiando inclusive a agricultura familiar. A preservação dessas terras é, portanto, vital não apenas para a conservação ambiental, mas também para a sustentabilidade econômica do Brasil, sendo fundamental para garantir a produção agrícola e o abastecimento alimentar.

De acordo com os dados, a umidade gerada pelas florestas preservadas das terras indígenas é transportada pela atmosfera por meio dos “rios voadores”, abastecendo regiões do Centro-Oeste e Sul com chuvas que podem corresponder a até 30% do total anual. Em estados como Mato Grosso do Sul, essas chuvas são fundamentais para o cultivo de grãos e a pecuária, atividades que juntas movimentaram bilhões de reais em 2021.

“Sem essas chuvas recicladas pelas florestas, a produção agrícola em Mato Grosso do Sul e outras regiões seria severamente prejudicada. Isso coloca a preservação das terras indígenas como um ativo estratégico para a economia brasileira”, destaca o relatório.

Preservação e segurança alimentar - Os números reforçam o papel das terras indígenas como barreiras contra o desmatamento, um problema crônico em estados vizinhos como Mato Grosso e Rondônia, que estão entre os líderes na perda de floresta desde 1985. Apesar disso, as TIs da Amazônia conseguiram manter a maior parte de sua vegetação nativa, contribuindo para a manutenção dos rios voadores.

Esse mecanismo natural de geração de chuvas beneficia diretamente o setor agrícola e a agricultura familiar. O estudo destaca que mais da metade do valor total da produção agrícola em algumas regiões influenciadas provém de pequenos produtores, um segmento fundamental para a segurança alimentar do país.

Em Mato Grosso do Sul, a conexão entre agricultura familiar e o agronegócio é evidente. “Os pequenos agricultores são parte essencial da cadeia produtiva. Sem a chuva, que é intensificada pelas terras indígenas amazônicas, a produção seria ameaçada, comprometendo o abastecimento de alimentos ao nível nacional”, explica o economista rural João Ferreira.

Chuva caindo em lavoura de Mato Grosso do Sul (Foto: Divulgação/Semadesc)
Chuva caindo em lavoura de Mato Grosso do Sul (Foto: Divulgação/Semadesc)

Desafios para o futuro - Embora o impacto das TIs na preservação ambiental e na segurança econômica esteja claro, os dados do Instituto Serrapilheira indicam que o desmatamento contínuo representa uma ameaça. Desde 2019, 4,4 milhões de hectares de floresta amazônica foram desmatados, sendo apenas 3% em terras indígenas.

“Esses números mostram que proteger as TIs não é só uma questão de direitos humanos, mas também de sustentabilidade econômica”, avalia Maria Clara Souza, pesquisadora ambiental.

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