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Meio Ambiente

Prevenção vale ouro contra incêndios florestais, diz especialista chileno

Gerente da Arauco veio à Capital repassar experiências que envolveram toda a comunidade no Chile

Por Maristela Brunetto | 22/08/2024 12:01
A comunidade, incluindo crianças, se engaja em prevenção para reduzir incêndios florestais no Chile (Foto: Reprodução Conaf)
A comunidade, incluindo crianças, se engaja em prevenção para reduzir incêndios florestais no Chile (Foto: Reprodução Conaf)


No Chile, um país estreito, que tem a Cordilheira dos Andes de um lado e o Oceano Pacífico de outro, sujeito a temperaturas extremas, ventos fortes, com vulcões, neve, deserto, um aprendizado coletivo produziu um “potente” movimento de prevenção a incêndios florestais, que envolve desde crianças, poder público, empresas e remuneração à comunidade para ajudar a cuidar das florestas. O fato humano é determinante para que a prevenção, e não o combate, seja a ação principal, segundo Ramon Figueroa, gerente de Proteção a Incêndios da Arauco, do Chile.

A empresa está construindo uma unidade para a produção de celulose no Estado, em Inocência, a partir do processamento do eucalipto, árvore que fica pronta em um tempo menor do que o pinus, utilizado na unidade chilena.

A Arauco já trouxe técnicos ao Estado para trocar experiências sobre prevenção e combate a incêndios e, desta vez, trouxe Figueroa para falar a associados da Reflore (Associação Sul-Mato-Grossense de Produtores e Consumidores de Florestas Plantadas ).

O fator humano é determinante, menciona o especialista, que já conheceu o modelo como lidam com queimadas em países europeus, africanos, Austrália e América do Norte. Ele destaca como a Espanha lida com o tema, dedicando-se à prevenção, como no Chile, diferente de países que apostam somente em combate, com gastos e custo ambiental muito maior.

Segundo ele, o País já sofreu muito com os incêndios, então veio a percepção que era preciso unir esforços para potencializar resultados. No Chile há órgão nacional, do Governo, e há a Conaf (Corporação Florestal Nacional do Chile), que envolve poder público, comunidade e setor privado. Na página da corporação, na internet, é possível ver abundância de informações, o engajamento das pessoas, dicas de cuidados, meios de participar.

Figueroa, gerente da Arauco no Chile, veio contar experiências bem sucedidas de prevenção a incêndios florestais (Foto: marcos Maluf)
Figueroa, gerente da Arauco no Chile, veio contar experiências bem sucedidas de prevenção a incêndios florestais (Foto: marcos Maluf)

O tema se tornou uma política pública consolidada que atinge desde crianças, a exemplo do que ocorre no Brasil com campanhas de trânsito. Conforme Figueroa, pelo menos 140 mil receberam informações sobre cuidados com florestas, para a prevenção de incêndios.

A comunidade se envolve com o cuidado de forma contínua, que pressupõe manejo para evitar o acúmulo de material combustível. No inverno prepara-se a prevenção para o tempo quente e seco. Há até remuneração, formação de brigadas, comunicação imediata às autoridades quando surgem focos. Outro personagem importante nas ações preventivas é o prefeito, que pode ser grande indutor de condutas no âmbito local.

A preocupação e engajamento é tamanho que as pessoas já ficam alerta quando surgem condições meteorológicos que favorecem queimadas.

Figueiroa aponta que a comunidade sai da posição de vítima para um papel de protagonista, atuante. O Chile chega a registrar 7 mil incêndios em um ano. O especialista aponta que a ação humana é central para as ocorrências, com 70% decorrentes de negligência com o fogo e outros 30% envolvendo condutas intencionais.

O uso racional de recursos e o apoio da tecnologia são outros aliados, segundo Figueiroa. As empresas do setor florestal dispõem de equipamentos de controle há anos, cujas informações não são de uso exclusivo. O gerente conta que a inteligência artificial do sistema de monitoramento chega ao ponto de discernir diferentes tipos de fumaça, como de veículos, névoa, neblina e avisar o que é efetivamente incêndio.

Ondas de calor – Fora as condições singulares do Chile descritas por Figueroa, ele menciona uma situação especial, que são as ondas de calor, com temperaturas que podem chegar a 40º C e durar até duas semanas. O País também enfrenta diminuição das chuvas, que resulta em baixas umidades, a exemplo do que tem ocorrido no Centro-Oeste e Norte do Brasil, favorecendo queimadas no Pantanal e na Amazônia.

O Chile chega a ter umidade abaixo de 10% e, no ano passado, houve estiagem que durou 70 dias. Esse encontro de eventos atípicos, com ventos fortes, favoreceu um ritmo de crescimento de incêndios cinco vezes maior que um período comum. O controle das informações sobre as condições do clima é determinante para ações eficazes, explica.

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