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Meio Ambiente

Sem hábito de sair de dia, tatu-canastra é visto em parque de MS

Avistamento ocorreu em outubro, no Parque Natural Municipal do Pombo, em Três Lagoas

Por Mylena Fraiha | 05/11/2024 17:09

Imagine encontrar, em plena luz do dia, um animal de hábitos noturnos que passa a maior parte do tempo debaixo da terra. Essa foi exatamente a experiência dos pesquisadores do ICAS (Instituto de Conservação de Animais Silvestres) durante um estudo de campo, ao avistarem um dos maiores mamíferos do Brasil, o tatu-canastra, no Parque Natural Municipal do Pombo, em Três Lagoas, a 141 km de Campo Grande.

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Pesquisadores do ICAS (Instituto de Conservação de Animais Silvestres) tiveram a rara oportunidade de avistar um tatu-canastra durante o dia, um evento incomum para essa espécie noturna, enquanto realizavam um estudo de campo no Parque Natural Municipal do Pombo, em Três Lagoas. O biólogo Pedro Mathias, que registrou o momento em vídeo, seguiu as pegadas do animal até sua toca, permitindo um futuro monitoramento do comportamento do tatu-canastra. O projeto visa coletar dados sobre a densidade populacional e padrões comportamentais da espécie, com o objetivo de protegê-la da extinção no Cerrado, onde o parque abriga o maior remanescente de mata nativa com a presença do tatu-canastra já identificado.

A equipe do Programa de Conservação do Tatu-Canastra, do ICAS, encontrou o animal, que raramente é visto durante o dia, no último dia da expedição, em 25 de outubro. Um dos três biólogos que avistou o animal, Pedro Mathias, registrou o momento em vídeo e explicou que o encontro ocorreu nas primeiras horas da manhã, por volta das 7h. A equipe teve a sorte de observar o tatu-canastra durante sua atividade de "forrageamento", quando ele sai em busca de formigas e cupins.

"Avistar um canastra é sempre uma surpresa, por se tratar de um animal que passa a maior parte do tempo dentro de suas tocas subterrâneas. Isso, somado ao fato de que ele tem hábitos noturnos, torna as chances de encontrá-lo em atividade ainda mais baixas. Por isso, chamamos esses avistamentos de ‘presentes do cerrado’. A probabilidade de ver esse animal é muito pequena, então, quando isso acontece, é uma verdadeira recompensa”, explica Pedro.

No vídeo, Pedro relata que foi possível encontrar o animal após seguir as pegadas deixadas por ele. “Pela segunda vez neste ano, eu fui sortudo e tive a oportunidade de ver o tatu-canastra pessoalmente. Dessa vez, foi com um pouquinho mais de adrenalina na hora de encontrá-lo, porque seguimos as pegadas”, conta.

O biólogo também menciona que a toca do animal foi encontrada, o que permitirá o monitoramento do tatu-canastra. “Poderemos observar seu comportamento assim que ele sair”, acrescenta.

Pedro e mais duas pesquisadoras do Programa de Conservação do Tatu-Canastra durante trabalho de campo em Três Lagoas (Foto: ICAS)
Pedro e mais duas pesquisadoras do Programa de Conservação do Tatu-Canastra durante trabalho de campo em Três Lagoas (Foto: ICAS)

O Parque Natural Municipal do Pombo é o local onde se desenvolve o Programa de Conservação do Tatu-Canastra no bioma Cerrado. Com mais de 80 km² de área preservada, o parque é o maior remanescente de mata nativa com a presença do tatu-canastra já identificado pela equipe de pesquisa neste bioma específico.

De acordo com o ICAS, o projeto visa coletar dados sobre a densidade populacional e estudar os padrões comportamentais do tatu-canastra na região, com o objetivo de proteger a espécie da extinção no Cerrado. No futuro, os pesquisadores pretendem iniciar as primeiras capturas da espécie no parque para complementar os estudos de conservação.

Segundo Pedro, o projeto de conservação do tatu-canastra atua há quase 15 anos com o objetivo de proteger essa espécie, considerada um “engenheiro ecológico” ou “engenheiro de ecossistemas” — apelido que recebe devido ao fato de suas tocas, quando deixadas por ele, se tornarem abrigos para mais de 80 outras espécies.

Além disso, ao proteger o tatu-canastra, o projeto acaba garantindo a preservação de todo o ambiente em que ele vive, essencial para o equilíbrio de espécies animais e vegetais do cerrado. “Esse ambiente protegido não apenas garante a sobrevivência do tatu, mas também mantém os serviços ecossistêmicos essenciais, como o regime de chuvas e a manutenção da temperatura, que são vitais para todos os seres vivos”, finaliza o biólogo.

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