Vídeo feito pela NASA mostra movimento de nuvens de poluição sobre MS
Cenário no Estado é causado por incêndios florestais e aglomerações urbanas
Vídeo gravado pela NASA mostra nuvem de dióxido de carbono sobre Mato Grosso do Sul. O registro foi feito em 2020, mas divulgado neste ano pela Agência norte-americana. A presença do poluente foi causada por incêndios florestais, especialmente no Pantanal. O episódio é considerado o maior da história do bioma. As imagens espaciais exibem como o gás incolor se moveu na atmosfera do planeta.
Segundo o estudo, o Brasil foi um dos grandes responsáveis pela poluição na América do Sul no período. O fogo no Pantanal consumiu 44.998 quilômetros quadrados, o que equivale a pouco mais de 30% do bioma. Além da vegetação, milhares de animais foram mortos e inúmeros feridos. Além dos incêndios, outras questões que contribuíram com o cenário do continente foram as aglomerações urbanas e a queima de combustíveis fósseis.
O professor do Instituto de Física da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul e coordenador da QualiAR (Estação de Monitoramento da Qualidade do Ar), Widinei Alves Fernandes explica que a poluição atmosférica é um problema transfronteiriço, ou seja, a poluição de uma região pode impactar outras.
“As plumas de fumaças podem viajar grandes distâncias e afetam o clima e mais localmente a saúde das pessoas”. Ele ilustra a questão com o monitoramento do ar da Capital, que é impactado pela fumaça dos incêndios florestais.
“A qualidade do ar em Campo Grande é boa na maior parte do tempo, no entanto, nesses meses mais secos temos períodos em que a qualidade do ar foi classificada como "Ruim" em 2023 e "Muito Ruim" em 2022. Em ambos os casos devido as fumaças de queimadas de outras regiões que conseguiram chegar aqui”.
Segundo ele, em 2024 o cenário não é positivo quanto ao nível de concentração de poluentes no ar. "A tendência é uma média superior aos dos anos anteriores". Widinei ressalta que, além dos incêndios, a principais fonte de poluição que afeta a qualidade do ar em Campo Grande é fumaça vindo do fluxo veicular.
Monitoramento - Em março de 2021, a UFMS inaugurou a Estação, primeira em Campo Grande. O projeto resultou de uma parceria entre a instituição e o Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais).
Em 2023 a média anual de poluentes na atmosfera na Capital excedeu 2,3 micrômetros. Segundo a nova média anual de concentração de poluentes feita pela OMS (Organização Mundial de Saúde), o valor não deve exceder 5 microgramas por metro cúbico.
Segundo os pesquisadores da QualiAr, o valor (micrômetro) obtido para 2023 é 2,3 vezes maior que esse limite. "Monitorar a qualidade do ar é extremamente importante para conhecermos o grau de exposição da população aos poluentes atmosféricos e tomarmos medidas adequadas”, frisa o professor.
As médias anuais para o PM2,5 (partículas finas o suficiente para penetrar profundamente nos pulmões e até entrar na corrente sanguínea) foram de 8,3 microgramas por metro cúbico em 2021; 9,5 em 2022 e 11,5 em 2023.
A OMS estabelece que a média anual para o PM2,5 não deve exceder 5 microgramas por metro cúbico, enquanto a legislação brasileira define um limite de 20 microgramas por metro cúbico.
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