Campo Grande perde investimentos com “fama de caloteira”, diz Bernal
O prefeito Alcides Bernal (PP), admitiu, na manhã desta terça-feira (13), que Campo Grande perde investimentos com a “fama de caloteira”. Desde que assumiu a prefeitura, em 1º de janeiro deste ano, ele suspendeu contratos, atrasou pagamentos e não vem realizando o pagamento para várias empresas.
O chefe do executivo admitiu, pela primeira vez desde que assumiu, que o calote está causando prejuízos para a cidade. De acordo com Bernal, o reflexo é instabilidade econômica e atrapalha a chegada de novos investimentos.
Segundo a CPI do Calote, somente as empresas contratadas em regime emergencial pelo prefeito estão com o pagamento em dia. A RDM Recuperação de Crédito, que tinha contrato até novembro de 2014, paralisou as atividades e demitiu 85 funcionários após o município deixou de pagar R$ 4,7 milhões.
A CG Solurb não recebeu R$ 15 milhões e os pagamentos estão sendo feitos com atraso de até cinco meses. O superintendente da empresa, Élcio Terra, em depoimento à CPI do Calote, alertou que o serviço de coleta do lixo pode ser suspenso a qualquer momento por falta de pagamento.
No entanto, conforme Bernal, “a fama de caloteira” está sendo propagada pela CPI do Calote, que ele prefere denomina-la como “CPI do Siufi”. O apelido foi uma reação para acusar o presidente da comissão, vereador Paulo Siufi (PMDB), de estar usando a CPI para desestabilizar a atual administração. “Eles estão defendendo o interesse das empresas e não da população”, acusou Bernal.
Sem incentivos – A secretária municipal interina de Desenvolvimento Econômico, Dharleng Campos de Oliveira, ainda não comandou a aprovação de nenhuma proposta de incentivo para a instalação de novas indústrias em Campo Grande.
Hoje de manhã, ela disse que 12 grupos estão interessados em se instalar na cidade. No entanto, não há prazo de quando os novos projetos serão aprovados pelo Codecon (Conselho de Desenvolvimento Econômico).
Dharleng afirmou que o grupo ainda vai discutir como serão feitos os incentivos fiscais para atrair novas empresas na Capital. Bernal também desconversou sobre a chegada de novas empresas.
No entanto, ele atacou os incentivos concedidos na gestão anterior, de Nelson Trad Filho (PMDB). Ele disse que foram contemplados alguns “aproveitadores”, que utilizaram a estrutura e foram embora sem realizar os investimentos. Instigado a revelar quem são as empresas aproveitadores, o prefeito não citou nenhum nome.
Ataques – Bernal também atacou as empresas que não estão recebendo do município e defendeu as que ele contratou por meio de contrato emergencial. Ele disse que a RDM está recebendo além dos 10% previstos em contrato. No entanto, não lembrou que o pagamento da empresa foi determinada pela Justiça. Até hoje, a prefeitura não cumpriu a liminar.
Ele também atacou a Solurb, dizendo que a empresa não cumpriu a construção da Usina de Triagem (UTR). Contudo, o contrato não prevê a construção da unidade de reciclagem. Falou ainda que o rompimento de contrato foi recomendado pelo MPE (Ministério Público Estadual).
O prefeito quer romper o contrato com a Solurb. No entanto, ele busca respaldo legal e do MPE para rescindir o contrato e realizar um contrato emergencial milionário. Estima-se que a coleta de lixo custa em torno de R$ 70 milhões por ano aos cofres públicos. Bernal já se reuniu com a multinacional espanhola Proactiva para discutir o assunto. Ele também estaria negociando com a Vega Engenharia Ambiental e com a Litucera.