Com bandeira da Educação, Jaime deixa Fetems para tentar vaga na Câmara
Vice-presidente, Deumeires Morais, ficará a frente da entidade nos próximos meses
Todo o esforço que um sindicalista faz para proteger uma categoria tem um limite, na opinião do presidente da Fetems (Federação dos Trabalhadores em Educação de Mato Grosso do Sul), Jaime Teixeira. É por isso que ele está se licenciando da entidade, pela segunda vez, para ser candidato a vereador pelo PT (Partido dos Trabalhadores) nas eleições deste ano.
Em entrevista exclusiva ao Campo Grande News, nesta terça-feira (5), Jaime afirmou que, extraoficialmente, já passou o cargo à vice-presidente, Deumeires Morais, também professora aposentada.
Ainda hoje (5), o presidente tem uma última agenda à frente da entidade para discutir um acordo de melhorias com o governador Eduardo Riedel (PSDB). A reunião será para debater o plano de cargos e carreiras dos administrativos, a possibilidade de abertura de concursos para 3 mil vagas e a construção de uma nova política para os professores temporários, que somam 10 mil profissionais, enquanto 7,2 mil são efetivos.
Dos 75 sindicatos de MS, vários vão lançar candidaturas para vereador, porque nós acreditamos que a luta sindical tem um limite, até um determinado ponto que ela avança, mas a partir dali depende muito do voto do parlamentar na Câmara, na Assembleia e no Congresso. A gente luta, mas para fazer virar lei um projeto, a gente precisa do voto e aí é importante o trabalhador ser representado”, explica Jaime.
Trajetória - Em seu segundo mandato na Fetems, somando 7 anos à frente da entidade, Jaime é suplente de deputado federal pelo PT. Em 2022, ele conseguiu 19,4 mil votos.
Professora há 37 anos, Deumeires ficará à frente da Fetems com objetivo de manter a qualidade do trabalho desempenhado na presidência, nas palavras dela.
“Vamos dar continuidade ao trabalho, porque nosso mandato tem já suas diretrizes, um planejamento estratégico das nossas ações e vamos dar continuidade, tendo que trabalhar duro, com muita responsabilidade, porque substituir algo que está dando certo, uma pessoa competente que realmente tem representatividade grande é de muita responsabilidade”, comentou Deumeires.
Capital - A prioridade da rede municipal, na visão de Jaime, tem que ser a melhoria da educação infantil. Ele explica que o professor é praticamente injustiçado quando são divulgados os números do Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica), que coloca a escola pública atrás da particular na avaliação de desempenho.
“Muitos professores da escola pública também dão aula na particular, porém sem as mesmas condições”, destaca Jaime.
A falta de vagas e de boas condições nas escolas para crianças de 0 a 3 anos é tema que Jaime quer discutir na Câmara Municipal para provocar a prefeitura a executar mudanças.
Ele explica que a precariedade nos anos iniciais da educação infantil acarreta um grande prejuízo para o aluno, em especial para o que fica de fora da escola nesses anos, mas também para todo o sistema educacional.
“Uma criança na escola privada, quando chega na primeira série já passou por dois ou três estágios na educação infantil. A criança da periferia não tem essa oportunidade, vai começar a aprender a pegar o lápis aos sete anos. Para diminuir essa diferença e ter melhor qualidade da escola pública, tem que se aplicar muito dinheiro hoje na educação infantil”, comenta Jaime.
A privação da mãe com relação ao mercado de trabalho é outra consequência disso, destaca Jaime. “Como ela vai trabalhar se não tiver Emei. Depois, a mulher pena muito para voltar ao mercado de trabalho. Então, tem uma desigualdade de gênero, porque temos uma sociedade que a prole é cuidada pela mãe”, disse.