Engenheiro da Agesul passa apenas algumas horas com amigos na prisão
O engenheiro da Agesul (Agência Estadual de Gestão de Empreendimentos), João Afif Jorge, teve apenas algumas horas para colocar as coisas em dia e matar a saudade dos amigos Edson Giroto, Wilson Roberto Mariano de Oliveira, o Beto Mariano e o empresário João Alberto Krampe Amorim dos Santos, dono da Proteco.
Preso na noite de segunda-feira (20), ele foi levado no final da manhã para o Centro de Triagem de Campo Grande e ocupou a mesma cela onde estão desde o dia 16 de maio os amigos com quem tem laços de amizades e negócios. Relação que levaram todos a serem investigados pela Polícia Federal, CGU (Controladoria-Geral da União), Receita Federal e MPF (Ministério Público Federal), na Operação Lama Asfáltica e também na Fazendas de Lama.
Junto com os três, está o cunhado de Giroto, Flávio Henrique Scrocchio, dono de uma empresa em Tanabi (SP) e que, segundo as investigações, pode ser laranja de Giroto. Na mesma cela estão, no total, 24 pessoas.
O advogado do servidor da Agesul, Jail Azambuja, disse que Afif Jorge foi ouvido pela Polícia Federal assim que foi preso e ele não acompanhou a oitiva e não teve acesso ainda ao documento referente ao pedido de prisão preventiva do cliente e nem o teor da decisão da Justiça Federal.
Nos relatórios da Lama Asfáltica, consta que João Afif Jorge é sócio do ex-secretário Estadual de Obras, Edson Giroto, e da médica Mariane Mariano de Oliveira, filha de Beto Mariano em três fazendas.
De acordo com a investigação, o verdadeiro sócio é Beto Mariano, que usa a filha para movimentar contas bancárias e na aquisição de bens. As propriedades foram adquiridas R$ 7,4 milhões e, segundo os investigadores, as aquisições são incompatíveis com a renda dos sócios.
A fazenda Vista Alegre, no município de Rio Negro, foi adquirida em 2008 pela quantia de R$ 1.730.000,00. Localizada em Corumbá, a fazenda Maravilha foi comprada em 2013 por R$ 5,1 milhões. A fazenda Rio Negro, no município de Rio Verde de Mato Grosso, custou R$ 605.632,08 e foi comprada em 2013.
Na Lama Asfáltica a investigação foi concentrada na análise dos contratos e levantamento dos valores supostamente desviados na execução de obras em rodovias com recursos federais. Na semana passada, o MPF divulgou que 13 pessoas foram denunciadas por lavagem de dinheiro, no montante de R$ 45 milhões.
Na segunda fase da operação, denominada Fazendas de Lama, deflagrada no dia 10 de maio com a finalidade de apurar onde foram gastos os recursos desviados. Na operação, 15 pessoas foram presas temporariamente e oito delas tiveram as prisões convertidas em preventivas: Edson Giroto, João Amorim, Beto Mariano, Flávio Scrocchio, Elza Cristina dos Santos, Rachel Portela Giroto, Ana Paula Amorim Dolzan e Mariane Mariano de Oliveira.
Também foram cumpridos mandados de busca e apreensão de equipamentos de informática e celulares, que estão sendo periciados pela Polícia Federal. Com a soltura dos amigos, Afif Jorge passará a ter que conviver com os demais detentos do Centro de Triagem.