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Política

Lula foi submetido a técnica "nova" e neurocirurgião de MS explica cirurgia

Neurocirurgião Felipe Ferreira diz que procedimento traz diversas vantagens no processo de recuperação

Por Jéssica Fernandes | 12/12/2024 11:21
Presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante agenda do governo. (Foto: Reprodução/ @Lulaoficial)
Presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante agenda do governo. (Foto: Reprodução/ @Lulaoficial)

O procedimento pelo qual Luiz Inácio Lula da Silva (PT) precisou ser submetido foi concluído na manhã desta quinta-feira (12). O neurocirurgião Felipe Inácio Ferreira é pioneiro em Mato Grosso do Sul na técnica de embolização da artéria meníngea média, que foi a segunda intervenção médica feita no presidente em decorrência do acidente doméstico ocorrido há dois meses.

No dia 19 de outubro, o presidente sofreu uma queda no banheiro da residência oficial, em Brasília, que deu origem à hemorragia intracraniana. Nesta semana, na terça-feira (10), ele foi submetido à primeira cirurgia para drenar o hematoma na cabeça. Hoje, Lula realizou uma embolização da “artéria meníngea média” para impedir novos sangramentos na cabeça.

O neurologista explica que o procedimento é minimamente invasivo e que nos últimos cinco anos tem ganhado força entre os médicos da área. "Esse procedimento é um procedimento minimamente invasivo, feito sob sedação, no qual a gente pega uma artéria da perna ou do braço e a gente vai 'navegando' com o microcateter de 2 milímetros. Com ele, conseguimos chegar numa artéria que irriga uma membrana do cérebro, que chama meninge. Através do microcateter a gente cateteriza essa artéria que faz parte da carótida externa", fala.

Imagem ilustrativa da hemorragia intracraniana. (Foto: Reprodução/FreePik)
Imagem ilustrativa da hemorragia intracraniana. (Foto: Reprodução/FreePik)

A técnica, segundo o neurologista que atua na Unimed e Hospital do Coração, traz uma série de vantagens para o paciente, como a diminuição do processo inflamatório no local e consequentemente na chance do hematoma retornar. "Então, o objetivo desse procedimento é que o paciente não precise de novas abordagens e que retornem às suas atividades diárias o mais rápido possível", ressalta.

Tipos de hemorragia e sintomas - O neurologista do HU, Pedro Levi, diz que hemorragias cerebrais são categorizadas em alguns subtipos de acordo com sua apresentação nos exames de imagem.  “Saliento, ainda que a depender do tipo de hemorragia, as manifestações clínicas são distintas”, afirma.

Veja a seguir os tipos de hemorragias listadas pelo médico:

  • Hemorragia intraparenquimatosa: quando o sangue se acumula dentro do parenquima cerebral; geralmente causada por AVCs hemorrágicos ou isquêmicos com transformação hemorrágica.
  • Hemorragia subaracnoide: quando há acúmulo de sangue no espaço subaracnoide. É o mais comum nos rompimentos de aneurismas cerebrais.
  • Hematoma subdural: quando há acúmulo progressivo de sangue no chamado espaço subdural. Geralmente ocasionado por traumatismos cranianos.
  • ⁠Hematoma extradural: quando o sangue se acumula entre a calota craniana e as meninges. Geralmente ocasionado por traumatismos cranianos.

No caso de Lula, o subtipo em questão é hematoma subdural. “Especificamente na sua forma crônica, que infelizmente agudizou”, detalha o médico.

Perigos - Usando a situação do presidente como exemplo, o neurologista esclarece como um hematoma decorrente de queda pode ser perigoso e como identificar se há riscos. Ele fala que os hematomas e hemorragias cerebrais são complicações comuns de traumatismos cranianos, especialmente no subgrupo populacional dos idosos.

“Em geral, os principais fatores que nos levam a temer um hematoma são o volume de sangue do mesmo e, por consequência, o efeito compressivo que ele pode desencadear em outras estruturas cerebrais, assim como a velocidade com que esse hematoma evolui no acompanhamento por imagem de crânio seriada (na maior parte das vezes por tomografias)”, completa.

Dores de cabeça, alteração do nível de consciência e sintomas neurológicos focais, como alteração na fala, redução da sensibilidade ou força em um lado do corpo são alguns sintomas que podem aparecer em um paciente que sofreu queda semelhante a do presidente.

Nessas situações, o neurologista alerta que é extremamente importante procurar ajuda médica e preferencialmente um hospital com serviço de Neurologia/Neurocirurgia em funcionamento.

“Em caso de hospitais do interior, estes pacientes devem ser prontamente referenciados e encaminhados a hospital de nível terciário capaz de diagnosticar e tratar essas condições. Trata-se de uma emergência médica com alta mortalidade e risco de sequelas se houver demora no tratamento”, pontua.

Acidente doméstico e diagnóstico - A hemorragia teve origem em uma queda sofrida por Lula no banheiro da residência oficial, em Brasília, em 19 de outubro. Na última segunda-feira (9), o presidente apresentou sintomas gripais e dores de cabeça, o que motivou a realização de uma ressonância magnética no Hospital Sírio-Libanês de Brasília.

O exame detectou o sangramento intracraniano, levando-o à transferência para São Paulo e ao início do tratamento emergencial. Enquanto isso, a agenda presidencial segue sendo ajustada para acomodar o período de recuperação, com o vice-presidente Geraldo Alckmin assumindo compromissos prioritários em Brasília. A situação de saúde do presidente continua sendo acompanhada com atenção pela equipe médica e pelo governo.

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