Prefeita nomeia 12 pastores da própria igreja
Os salários dos religiosos variam de R$ 4.403,97 a R$ 9.567,09
A Igreja Evangélica Assembleia de Deus Missões de Campo Grande, frequentada pela prefeita Adriane Lopes (PP), tem proximidade com a administração municipal em outro quesito: nomeação de, pelo menos, 12 pastores para cargos públicos.
RESUMO
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A prefeita de Campo Grande, Adriane Lopes (PP), nomeou diversos pastores da Igreja Evangélica Assembleia de Deus Missões, onde ela própria atua como missionária, para cargos comissionados na administração municipal. O levantamento identificou nove pastores ocupando posições em diferentes secretarias e órgãos da prefeitura, com salários que variam de R$ 4.403,97 a R$ 9.567,09. Entre os nomeados estão membros da diretoria da igreja, como Hemerson Ortiz da Mota, Marcos Ferreira Chaves de Castro e Jorge Luís Franco, ocupando cargos em áreas como Assistência Social, gabinete da prefeita e coordenação de centros de referência. A igreja, presidida pelo pastor Antonio Dionízio da Silva desde 1991, possui forte ligação com a gestão municipal, tendo inclusive celebrado publicamente a eleição de Adriane Lopes como primeira mulher prefeita da cidade em seus 125 anos de história.
Quando a prefeita foi reeleita, a igreja divulgou comunicado festivo em sua página na internet. “Domingo (27), Adriane Lopes, aos 48 anos, registrou um marco histórico: a primeira mulher eleita a Prefeitura de Campo Grande, em seus 125 anos de história. Assembleiana, serve a Deus como missionária na igreja Assembleia de Deus Missões presidida pelo pastor Antônio Dionízio da Silva”.
Em 2020, Antônio ficou conhecido pelo episódio do vídeo do “tapa no bumbum” e uma ex-funcionária da igreja, que abriu crise entre os fiéis.
No levantamento, a reportagem cruzou dados dos nomes da diretoria, registrados em ata anexada ao processo judicial em 29 de maio do ano passado, com publicações no Diogrande (Diário Oficial do município) e Portal da Transparência da Prefeitura de Campo Grande.
Listinha - Ministro do evangelho, o pastor Hemerson Ortiz da Mota, primeiro vice-presidente da igreja, foi nomeado em 7 de agosto de 2023 para exercer o cargo em comissão de coordenador do Cras (Centro de Referência de Assistência Social) Alair Barbosa de Rezende, Moreninha II. O último salário disponível no Portal da Transparência é o de dezembro de 2024, quando teve remuneração de R$ 4.403,97
Com posto de “co-pastor” na direção do templo, o pastor Marcos Ferreira Chaves de Castro teve a primeira nomeação em 31 de agosto de 2022. Ele se tornou assessor chefe no gabinete da prefeita. O efeito do decreto era a partir de 5 de setembro de 2022. Marcos acabou exonerado em 7 de novembro daquele ano. Contudo, retornou em 6 de janeiro de 2023, quando foi nomeado para cargo em comissão na Secretaria Municipal de Assistência Social.
Não houve registro de exoneração, o que indica que ele pode ter sido demitido na demissão dos comissionados determinada pela prefeita em 30 de dezembro do ano passado. O nome de Marcos Ferreira Chaves de Castro voltou ao Diogrande em 21 de janeiro de 2025, na lista para cargo em comissão na Secretaria Municipal de Assistência Social e Cidadania. Em dezembro de 2024, o salário dele foi de R$ 9.567,09
O terceiro nome é do pastor Jorge Luís Franco, com função de primeiro membro da comissão de exame de contas da igreja. No Diário Oficial de 31 de outubro do ano passado, ele foi nomeado coordenador do Centro de Referência de Assistência Social - Centro de Múltiplas Referências e Convivência do Idoso Edmundo Scheuneman, o CCI Piratininga.
Antes, em primeiro de julho de 2024, tinha sido exonerado do mesmo cargo em comissão. Em dezembro do ano passado, o Portal da Transparência informou que ele teve salário de R$ 4.403,97.
Segundo membro da comissão de exame de contas da Assembleia de Deus Missões, o pastor Julinei Herao Ferreira aparece na folha de pagamento de 2024, com salário de R$ 6.459,59 em dezembro, e no Diário Oficial de 16 de janeiro de 2025. Ele está na lista de nomeados para cargo em comissão na Sesau (Secretaria Municipal de Saúde).
O quinto pastor é Emerson Marques do Amaral, terceiro membro da comissão de exame de contas da igreja evangélica. Ele teve nomeação relâmpago na Prefeitura de Campo Grande no ano passado.
Primeiro, em 5 de abril de 2024, foi publicada sua nomeação para cargo em comissão de gestor de processo na Agência Municipal de Habitação e Assuntos Fundiários. Mas, a demissão veio pouco depois, em 18 de abril, quando um novo decreto tornou a nomeação sem efeito.
A lista de pastores da igreja de Adriane Lopes, nomeados na Prefeitura de Campo Grande, ainda tem Moacir Frank da Costa, do conselho administrativo da Assembleia de Deus Missões de Campo Grande.
Ele teve nomeações em maio de 2022, janeiro de 2023 e a mais recente foi no Diogrande de 16 de janeiro deste ano. Moacir Frank exerce cargo em comissão na Secretaria Municipal de Saúde. O último pagamento informado no Portal da Transparência foi em dezembro de 2024: R$ 4.928,68.
Pastor ministro do evangelho da Assembleia de Deus Missões, Jusley Gonçalves Lopes também exerce cargo comissionado na Prefeitura de Campo Grande. O pastor participou de um processo seletivo simplificado para o cargo de motorista e foi convocado em junho de 2024. Conforme o portal da transparência, atualmente ele exerce a função de gestor de processos com remuneração de R$ 3.604,50.
A prefeita ainda nomeou no mês de janeiros mais 5 pastores: Enoque Camposano, Emerson Irala de Souza, Jadir Cabral, Ciro Vieira Ferreira e Fausto Azevedo Tlaes.
Enoque já estava na prefeitura no ano passado e retomou o cargo na Agetran (Agência Municipal de Transporte e Trânsito). A atual função dele é de chefe da Divisão de Manutenção e Conservação dos Terminais de Transbordo. Em dezembro de 2024, o salário dele foi de R$ 6.551,64.
Emerson Irala voltou a ser nomeado em 7 de janeiro para a Secretaria Municipal de Educação. Antes, teve nomeações em 2021 (na gestão do prefeito Marquinhos Trad) e 2023 (com a prefeitura sob o comando de Adriane Lopes). A última remuneração disponível é de dezembro de 2024: R$ 9.567,09.
Jadir Cabral foi nomeado em 16 de janeiro para a Secretaria Especial da Casa Civil. Antes, foi lotado como assessor executivo no gabinete da prefeita. O último holerite é de dezembro de 2024, com salário de R$ 9.567,09.
Ciro Vieira Ferreira, membro da Igreja Evangélica Assembleia de Deus Missões, foi renomeado ao cargo de diretor de trânsito da Agetran (Agência Municipal de Transporte e Trânsito). Integrando a administração da prefeita Adriane Lopes desde maio de 2014, seu último contracheque disponível no portal da transparência, referente a dezembro do ano passado, mostra uma remuneração de R$ 6.551,64.
Já o pastor Fausto Azevedo Tlaes foi reconduzido ao cargo de assessor executivo em 3 de janeiro deste ano. Nomeado pela prefeita Adriane Lopes em março de 2023, seu contracheque de dezembro do ano passado indicou uma remuneração de R$ 9.567,09.
A igreja – A Assembleia de Deus Missões é presidida pelo pastor Antonio Dionízio da Silva desde 1991. Em mais de três décadas, a principal crise foi em 2020, deflagrada por um tapa no bumbum.
O autor do gesto foi Dionizio e a mulher que recebeu o tapinha era sua namorada, ex-funcionária da igreja e de gabinete de vereador. Porém, o vídeo levantou suspeita de traição antes da separação, o que provocou protesto do rebanho da igreja. Em 28 de janeiro de 2021, cerca de 300 fiéis ficaram de prontidão em frente ao templo e a mobilização virou caso de polícia.
A Assembleia de Deus Missões tem 20 subsedes em bairros de Campo Grande. No Aero Rancho, o dirigente é Moacir Frank. No Bairro Santo Eugênio, a liderança é Julinei Herao.
A reportagem questionou a Prefeitura de Campo Grande sobre os critérios de nomeação, mas não recebeu retorno. O Campo Grande News fez contato com a Assembleia de Deus Missões por e-mail e WhatsApp, mas não recebeu resposta até a publicação da matéria.
Equipe do jornal foi ao templo, na Rua Brilhante, Vila Bandeirantes, que estava fechado. No setor administrativo, a informação é de que a diretoria não estava e o funcionário não poderia fornecer contato. O espaço continua aberto para eventuais manifestações.
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