Em Londres, museu é lugar de passear com crianças
Os museus de Londres, e não são poucos, estão sempre repletos de crianças, muitas delas em excursão de escolas públicas, outras tantas levadas pelos pais em viagens na capital inglesa. Isso até pode parecer estranho para a maioria dos brasileiros, avessos ao conhecimento e quase nunca incentivados a respeitar a cultura e a história do seu país, mas aqui na Inglaterra é comum ver a criançada subindo e descendo escadarias dos museus e bibliotecas, todas vestidas de colete refletivo como medida de proteção e segurança.
É fácil chegar à conclusão de que museu é lugar de fazer programa com crianças em Londres. Além de ambiente perfeito de lazer e conhecimento, entre tantos itens considerados caros por aqui, como hospedagem, alimentação, os bilhetes do metrô e carros de aplicativos, a maioria dos museus tem entrada gratuita. Normalmente, ao entrar nesses locais você é convidado a contribuir com a manutenção, depositando a quantia que desejar em uma urna de vidro exposta na portaria. Não é obrigatório.
Se no verão ou no inverno, a meninada parece não se importar. Neste mês de dezembro, frio e chuvoso, cruzei com grupos de crianças e adolescentes em todos os museus e bibliotecas que visitei em Londres. Foi para mim uma atração à parte, tanto que virou conteúdo para essa matéria. Afinal, não é normal para um brasileiro ver crianças interessadas em conhecer cada item histórico de museu, atentas às explicações dos guias e sem portar celular.
Por exemplo, foi muito legal ver crianças no Imperial War Museum, o Museu da Guerra, aprendendo e se divertindo em meio a todo aquele impressionante acervo de equipamentos militares utilizados nas guerras mundiais, desde motos, barcos, submarinos, tanques e até a carcaça de uma “Little Boy”, codinome da bomba atômica lançada sobre as cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki na Segunda Guerra Mundial.
Era uma turma grande de crianças de uma escola primária, meninas e meninos com idade entre 9 e 15 anos, segundo uma das professores acompanhantes. E não era exatamente um passeio turístico, sim uma aula de história sobre o papel da Inglaterra na Segunda Guerra Mundial, um trabalho escolar em que a missão dos alunos era entender e depois contar em vídeo a ação histórica de equipamentos e personagens ingleses nas batalhas. Divididos em grupos de três ou quatro alunos, em cada grupo apenas um aluno usava o celular para as gravações do trabalho escolar, nada de fotos aleatórias ou selfies.
Londres é imbatível no quesito museu. Tem opções para todo tipo de preferência, dos mais famosos entre os locais e turistas aos desconhecidos dos viajantes. Em todos, as crianças são sempre bem-vindas. Tem até o Museu da Infância, o Museum of Childhood, onde a criançada pode se divertir nas várias alas tomadas pelos mais variados brinquedos e os adultos têm a oportunidade de reencontrar brinquedos da sua geração, afinal você estará em um museu.
Na lista dos mais visitados estão o Museu de História Natural, o Museu Britânico e o Museu da Ciência, todos imperdíveis. O Museu de História Natural é um dos principais, inclusive pela exposição de espécies de animais já extintos. Não por acaso a ala dos dinossauros é a que mais impressiona as crianças e também os adultos. Tem exemplares de animais empalhados de vários países, inclusive capivara, comum nos pântanos e parques de Mato Grosso do Sul.
Logo ao meu lado, uma criança inglesa chama a atenção da mãe enquanto apontava o dedo para o aquário. “Olha mamãe, qual o nome desse bicho?” E a mãe prontamente respondeu: “É uma capivara”. A pronúncia em inglês é muito parecida com a nossa e foi bem legal ouvir uma palavra tão familiar. Não resisti e quis saber da mãe se já havia visto de perto uma capivara de verdade em ambiente natural e ela disse que já tinha visto em programas de tevê sobre vida animal.