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Os 25 anos da única medalha de prata do basquete brasileiro

Luciano Maluly e Marcelo Cardoso (*) | 05/08/2021 08:12

Dia 4 de agosto de 1996 é uma data histórica para o basquete nacional. Naquele ano, a seleção feminina conquistava a única medalha de prata e a melhor colocação da modalidade nas Olimpíadas. Campeã mundial em 1959 e 1963, a equipe masculina já tinha subido ao pódio para receber as medalhas de bronze nos Jogos Olímpicos de 1948, 1960 e 1964, quando foi treinada, respectivamente, pelos inesquecíveis Moacyr Brondi Daiuto, Togo Renan Soares, o Kanela, e Renato Brito Cunha.

A seleção feminina começou a Olimpíada de Atlanta como campeã do mundo, título obtido em 1994, na Austrália, o que a credenciava como uma das favoritas ao ouro. A campanha foi consagradora com apenas uma derrota na final para as norte-americanas, donas da casa, e que estavam com a equipe brasileira engasgada em decorrência da eliminação nas semifinais desse mundial.

A equipe começou a ser preparada bem antes pela treinadora Maria Helena Cardoso e a assistente técnica Maria Helena Campos (Heleninha), ambas jogadoras da equipe terceira colocada no Mundial de 1971, realizado no Brasil, que, até então, era um marco às nossas atletas.

Aquele período culminou com a conquista do ouro nos Jogos Pan-Americanos de Cuba, em 1991, com direito à famosa final contra as anfitriãs e nas barbas do então presidente Fidel Castro, além da inédita classificação para os jogos olímpicos de 1992, quando a equipe terminou em sétimo lugar.

O time possuía estrelas como Hortência e Paula, além da presença da pivô Marta, primeira brasileira a jogar na liga profissional norte-americana, e do surgimento de Janeth, mas ainda faltava um título de peso internacional, como um mundial ou uma medalha olímpica.

Com a saída de Maria Helena, um desconhecido professor de educação física e técnico de basquete do Rio de Janeiro foi chamado para comandar a selecionado feminino. Miguel Angelo da Luz chegou sob dúvidas das atletas e da mídia esportiva, mas, aos poucos, ganhou a confiança do grupo e deu o empurrão que faltava para a escalada vitoriosa da equipe.

Em 1994, o time combinava o talento e a experiência de jogadoras como Hortência, Paula e Janeth, com a juventude e a habilidade de atletas como Marta, Leila e Alessandra. A união entre atletas e a jovem comissão técnica foi um dos importantes ingredientes para “acertar” a equipe comandada pelo técnico Miguel Angelo da Luz, o assistente-técnico Sérgio Maroneze, o preparador físico Hermes Balbino, que já havia participado do ciclo anterior, entre outros. O supervisor era Waldir Pagan Peres, treinador do time de 1971, que, com sua experiência, ajudou a implantar uma filosofia baseada no equilíbrio e na motivação.

Prata com gosto de ouro

Os Jogos Olímpicos de Verão de 1996 marcariam os cem anos desde a primeira edição de uma Olimpíada da Era Moderna e, por isso, teriam um gostinho especial para quem trouxesse para casa uma medalha. Antes do evento, porém, uma notícia abalou a confiança dos torcedores: Hortência anunciou a sua “aposentadoria” para se tornar mãe.

A decisão foi revista mais tarde e a Rainha voltou aos treinos após um ano sem jogar, contando com o total apoio da comissão técnica, das colegas e, é claro, do clamor popular.

Do outro lado, o time dos Estados Unidos seria a equipe a ser batida. Mordidas pela derrota para as brasileiras no mundial de 1994, a organização americana não economizou esforços para ganhar o ouro, desde a rigorosa preparação por dois anos, até deixar o jogo final da modalidade como último evento da Olimpíada, demonstrando a dimensão atribuída àquele objetivo.

A partida final ocorreu com certo equilíbrio no início, mas as norte-americanas estampavam nos rostos uma determinação fora do comum: era o dia da grande revanche. O ginásio Georgia Dome estava lotado e, definitivamente, em clima de festa.

A seleção dos Estados Unidos venceu por 111 a 87 e levou o ouro, mas a nossa prata tem até hoje um gosto especial: “Magic” Paula, “Rainha” Hortência, Janeth, Leila, Alessandra, Marta, Adriana Santos, Cíntia Tuiú, Claudinha Pastor, Branca, Roseli e Silvinha foram eternizadas e ainda inspiraram os amantes do esporte.

Sem Paula e Hortência essa geração ainda conquistou a medalha de bronze nos Jogos Olímpicos de Sydney, na Austrália, quatro anos depois, sob o comando do técnico Antônio Carlos Barbosa.

Curiosidade: Miguel Angelo da Luz nunca mais foi chamado para comandar a seleção, mesmo sendo o treinador mais vitorioso da história do basquete feminino nacional. Ele continua ensinando basquete no Rio de Janeiro e o Brasil não está representado na modalidade nos Jogos Olímpicos de Tóquio.

(*) Luciano Maluly é professor da Escola de Comunicações e Artes da USP.

(*)  Marcelo Cardoso é professor da Universidade Anhembi-Morumbi.

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