Os relacionamentos
A escola da vida nos proporciona permanentemente um rico aprendizado que se perpetua no tempo e no espaço, quando estamos devidamente acordados para o que acontece e seus desdobramentos. Em condições ideais, nascemos num lar onde fomos acolhidos com amor e alegria.
Nossos pais nos educaram e cercaram de carinho, nos proporcionando ensinamentos que plasmaram nossas mentes e corações. Crescemos e conhecemos amigos, colegas, estudamos, nos formamos, trabalhamos, casamos, constituímos família e aprendemos que tudo depende do relacionamento. O relacionamento verdadeiro decorre diretamente do combustível que usamos para mantê-lo.
O amor, o respeito e a convivência sadia são bons elementos. Não permitir que a rotina leve à desconsideração, por exemplo, é uma atitude a ser fortemente considerada. Somos uma espécie gregária com disputas permanentes em todos os setores, o que deveria gerar a necessidade de acordo, negociação e ação solidária, o que nem sempre acontece.
Não podemos viver em bolhas nem transformar os setores da vida em campos de batalha, procurando sempre a harmonia, que nortearia o relacionamento sem imposição de mando ou de discussão.
Liderança não se impõe, se conquista. Para entendermos a complexidade da vida, sugiro observar atentamente o conceito de reencarnação. A meu ver, ela é a única explicação plausível para a grande diversidade de acontecimentos que acontecem no mundo. Por que uns nascem com corpos perfeitos e outros com corpos imperfeitos, uns nascem em berço de ouro, outros em choupanas. Uns nascem mudos, cegos, e outros, não.
Aprendi também que o relacionamento não é uma questão casual, tudo tem uma origem anterior que justifica para quem quer buscar o entendimento de que nada, mas nada mesmo, acontece por acaso. Aí está o princípio da causalidade, enunciado por Hermes Trismegisto, no Egito Antigo, que determina: “Toda causa tem efeito, todo efeito tem sua causa; tudo acontece de acordo com a Lei; o Acaso é simplesmente o nome dado a uma Lei não reconhecida; há muitos planos de causalidade, porém, nada escapa à Lei” (esses ensinamentos estão no livro O Caibalion, que publicou os princípios de Trismegisto). Algumas pessoas se relacionam tão bem com outras, demonstrando assim uma afinidade natural que não nasceu nesta encarnação.
Ao passo que outras, de imediato sentem uma antipatia tão antagônica que chegam a não se suportar mutuamente. Por quê? O que gerou essa situação? Nós vivemos num universo em que nossas vidas e ações estão correlacionadas de tal maneira que um ato aqui, gera um efeito ali, e a ação que devemos desenvolver é fazer o melhor a cada dia, vivendo, tanto quanto possível, para elevar nossos ideais para que a nossa jornada seja sempre rica, verdadeira e harmônica com todos.
Aprendi que não podemos discriminar ninguém. Não sabemos o que fomos em vidas passadas e aquele que eventualmente rejeitamos pode nos trazer exatamente uma oportunidade de resgatar uma dívida anterior. A hereditariedade, a sugestão e outras causas exteriores nos movem como se fôssemos peões no tabuleiro de xadrez da vida. À medida que vamos desenvolvendo nossas aptidões e aprendendo a utilizar a consciência como fator de condução de nossas atitudes físicas, mentais e espirituais, passamos a conduzir nossa vida de modo a comandar nossos atos e suas consequências.
As situações que vivemos hoje em dia, com a pandemia e tudo mais, impactaram de forma definitiva nossas vidas. A propósito, transcrevo uma mensagem de Chico Xavier: “Não podemos voltar ao normal, porque o normal era exatamente o problema. Precisamos voltar melhores. Menos egoístas. Mais solidários. Mais humanos.” As unidades individuais mentais – ou seja, cada indivíduo –, só irão se relacionar adequadamente à medida que estimularmos um espírito de harmonia. Devemos sempre nos lembrar de que a solução está dentro de cada um de nós.
Se não fizermos a nossa parte, nada adiantará. Assim, vamos procurar melhorar nossos relacionamentos para contribuir efetivamente com a Lei da Vida: “Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo”. “Se compreendes, as coisas são como são; se não compreendes, as coisas são como são”.
Heitor Rodrigues Freire (*) – Corretor de imóveis e advogado.