"Chance de criança pegar covid é muitíssimo menor", garante pediatra
"De 5 a 10% das crianças vão contrair o vírus e quando isso acontece, os sintomas são muito leves ou sem sintomas", diz médico
Máscara, álcool em gel e higienização dos pés e mochilas viraram rotina desde o dia 21 de setembro, quando os portões da escola passaram a reabrir com todas as normas do "novo normal". Na semana em que a última etapa do retorno às aulas foi liberada, do Ensino Fundamental, o pediatra Alberto Jorge Félix Costa garante a volta é segura sob o argumento de que estudos consolidados mostram como é a situação das crianças frente à covid-19.
"Estudos científicos mundialmente publicados demonstram que dos 30% da população do planeta que é composta de crianças, somente de 5 a 10% vão contrair o coronavírus, e quando isso acontece, os sintomas são muito leves ou sem sintomas", explica.
Pediatra há 35 anos e membro da Sociedade Brasileira de Pediatria, o médico coleciona milhares de pacientes ao longo das décadas e, nos últimos dias, vinha sendo muito questionado pelos pais sobre o retorno.
"Os pais estavam temerosos, em dúvida quanto à estrutura da escola, se iam tomar as atitudes de segurança", descreve. Em entrevista, o pediatra repete o que disse aos pais. "Especificamos como as crianças têm menos a doença e que elas contagiam menos e junto com o cuidado das escolas, acreditamos ser uma coisa boa o retorno", fala.
Alberto Jorge não tem mais filhos em idade escolar, mas se tivesse, eles certamente iriam retornar. "O ideal é que tivesse voltado até antes, mas tudo tem seu tempo. Estamos reaprendendo muito com a doença. O importante é ter voltado", comenta.
No dia-a-dia do consultório, ele chegou a atender crianças que testaram positivo para a covid-19. "Todas bem leves, geralmente com sintomas gripais, uma coriza, uma febrinha e um mal estar leve, na maioria das vezes", pontua.
Ainda amparado nos estudos científicos, o pediatra fala que a maioria das crianças não transmite o coronavírus, o que era um medo muito grande. "No começo, pensávamos que elas contagiavam muito, mas viu-se que não. Crianças, de maneira geral, transmitem menos o coronavírus para os adultos. A chance de uma criança pequena de 2, 3, 4 anos transmitir é muitíssimo menor que um adolescente ou um jovem", ressalta o pediatra.
Seguindo a explicação, o pediatra justifica que por conta disso vê com bons olhos o retorno. "A gente percebe e inclusive pesquisamos com algumas escolas privadas estão extremamente preocupadas com a biossegurança de alunos e funcionários. Vemos com bons olhos este retorno. Isso vai ser extremamente benéfico em termos de saúde mental e diversificação de atividades. Volta uma vida mais próxima do normal para a criança e seus familiares", diz.
Nas redes sociais, o médico gravou um vídeo onde tranquiliza famílias e escolas. "Quero dar um recado para pais e professores ficarem tranquilos quanto à volta das crianças para as escolas, desde que continuemos a tomar cuidados necessários. Na Europa mesmo com a segunda onda, as escolas não fecharam, não houve aumento significativo dos casos por conta da abertura das escolas. A gente tem certeza que isso vai acontecer no Brasil também".
Ao se despedir na gravação, o pediatra encerra que essa é a posição dele como médico e reforça o parecer da Sociedade Brasileira de Pediatria.
Com autorização pelo decreto de voltar ontem, as maiores escolas deixaram para retornar o Ensino Fundamental na próxima semana, como Nota 10, Máxima,Mace, Gappe e Funlec. No entanto, o Colégio Dom Bosco, por exemplo, informou que não vai retornar a aula presencial do Ensino Fundamental por já estar na reta final do ano.
Os decretos autorizaram primeiro a volta da Educação Infantil, no dia 21 de setembro, depois Ensino Médio no dia 19 de outubro e agora o Fundamental.