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Cidades

Defensora diz que pai não retornou para avançar em pedido de guarda

O atendimento às crianças vítimas de violência é tema de debate na Câmara

Maristela Brunetto e Jéssica Benitez | 15/02/2023 11:30
Chefe de núcleo da Defensoria participa de audiência pública na Câmara. (Foto Henrique Kawaminami)
Chefe de núcleo da Defensoria participa de audiência pública na Câmara. (Foto Henrique Kawaminami)

Ao chegar para audiência que acontece esta manhã na Câmara de Vereadores de Campo Grande para debater a rede de atendimento às crianças e adolescentes, a coordenadora do Núcleo de Proteção à Criança e ao Adolescente da Defensoria Pública, Débora Maria de Souza Paulino, disse que o pai da menina, Jean Carlos Ocampos, compareceu pedindo ajuda para obter a guarda da filha, mas a iniciativa não avançou porque ele não retornou com documentos necessários.  A criança morreu no final de janeiro em decorrência de lesões provocadas por agressões cometidas pelo padrasto Christian Campoçano Leitheim.

Conforme a defensora, situações que não envolvam suspeita de violência ficam sob cuidado de defensores da área de família, mas casos como o da menina são remetidos ao núcleo especializado. Débora informou que o pai esteve na Defensoria, pediu ajuda, depois foi procurado por contato telefônico para que retornasse para o andamento do pedido. Ele já havia mencionado anteriormente à reportagem e reafirmou esta manhã que não retornou porque não conseguiu reunir provas e testemunhas sobre suas suspeitas de violência e que foram enfáticos que ele precisava comprovar as alegações.

A guarda da criança estava com a mãe, Stephanie de Jesus da Silva, desde que o casal se separou e fez acordo no núcleo jurídico da UCDB. Conforme Débora, situações como essa são comuns de ocorrer, em que genitores pretendem alterar a guarda e depois o pedido não avança.

A audiência chamada por vereadores das Comissões de Proteção à Criança e ao Adolescente e Direitos Humanos lotou o plenário da casa, com a presença de Jean e familiares, outros pais e pessoas que atuam no atendimento a crianças.

Jean fala na Câmara, ao lado do companheiro, sobre transformar o luto em luta. (Foto: Henrique Kawaminami) 
Jean fala na Câmara, ao lado do companheiro, sobre transformar o luto em luta. (Foto: Henrique Kawaminami)

 Jean e o companheiro, Igor de Andrade, falaram sobre a convivência com a menina e o desafio de transformar o luto em luta. Ambos pediram justiça para o caso e que seja emblemático para o aperfeiçoamento da rede de atendimento, de modo a não gerar novas vítimas, como ocorreu com a filha.

Representantes do Fórum Permanente pela Vida das Mulheres e Crianças de MS participaram da abertura, lendo uma cronologia sobre o caso da criança, expondo os esforços do pai nos serviços públicos, incluindo Conselho Tutelar, Polícia Civil e a Defensoria. A criança tinha um histórico de atendimentos em posto de saúde, descobriu-se depois da morte.

Acabou havendo um momento tenso na audiência, porque os representantes do Fórum fizeram um longo relato e o cerimonial chegou a cortar o som para que a fala fosse encerrada, o que gerou protestos e vaias.

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