Defensora diz que pai não retornou para avançar em pedido de guarda
O atendimento às crianças vítimas de violência é tema de debate na Câmara
Ao chegar para audiência que acontece esta manhã na Câmara de Vereadores de Campo Grande para debater a rede de atendimento às crianças e adolescentes, a coordenadora do Núcleo de Proteção à Criança e ao Adolescente da Defensoria Pública, Débora Maria de Souza Paulino, disse que o pai da menina, Jean Carlos Ocampos, compareceu pedindo ajuda para obter a guarda da filha, mas a iniciativa não avançou porque ele não retornou com documentos necessários. A criança morreu no final de janeiro em decorrência de lesões provocadas por agressões cometidas pelo padrasto Christian Campoçano Leitheim.
Conforme a defensora, situações que não envolvam suspeita de violência ficam sob cuidado de defensores da área de família, mas casos como o da menina são remetidos ao núcleo especializado. Débora informou que o pai esteve na Defensoria, pediu ajuda, depois foi procurado por contato telefônico para que retornasse para o andamento do pedido. Ele já havia mencionado anteriormente à reportagem e reafirmou esta manhã que não retornou porque não conseguiu reunir provas e testemunhas sobre suas suspeitas de violência e que foram enfáticos que ele precisava comprovar as alegações.
A guarda da criança estava com a mãe, Stephanie de Jesus da Silva, desde que o casal se separou e fez acordo no núcleo jurídico da UCDB. Conforme Débora, situações como essa são comuns de ocorrer, em que genitores pretendem alterar a guarda e depois o pedido não avança.
A audiência chamada por vereadores das Comissões de Proteção à Criança e ao Adolescente e Direitos Humanos lotou o plenário da casa, com a presença de Jean e familiares, outros pais e pessoas que atuam no atendimento a crianças.
Jean e o companheiro, Igor de Andrade, falaram sobre a convivência com a menina e o desafio de transformar o luto em luta. Ambos pediram justiça para o caso e que seja emblemático para o aperfeiçoamento da rede de atendimento, de modo a não gerar novas vítimas, como ocorreu com a filha.
Representantes do Fórum Permanente pela Vida das Mulheres e Crianças de MS participaram da abertura, lendo uma cronologia sobre o caso da criança, expondo os esforços do pai nos serviços públicos, incluindo Conselho Tutelar, Polícia Civil e a Defensoria. A criança tinha um histórico de atendimentos em posto de saúde, descobriu-se depois da morte.
Acabou havendo um momento tenso na audiência, porque os representantes do Fórum fizeram um longo relato e o cerimonial chegou a cortar o som para que a fala fosse encerrada, o que gerou protestos e vaias.