Dona de avião que fez pouso forçado com Angélica e Huck é multada em R$ 75 mil
Acidente com artistas aconteceu em 2015, e um ano depois aeronave da mesma empresa caiu e matou piloto em Miranda
A empresa MS Táxi-Aéreo, dona do avião que fez um pouso forçado em Campo Grande e em que estava o casal de apresentadores da Rede Globo, Angélica e Luciano Huck, além de seus filhos e a babá, em 24 de maio de 2015, teve a licença de operação cassada pela Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) e foi multada em R$ 75 mil.
Com a cassação do COA (Certificado de Operador Aéreo), a empresa - registrada sob o nome Mato Grosso do Sul Táxi Aéreo Ltda - não poderá mais atuar no setor. Foi constatado a prática de transporte aéreo clandestino de passageiros, já que ela prosseguiu com suas atividades mesmo com a licença suspensa por outros incidentes.
O veredito sobre a cassação saiu em reunião da diretoria colegiada da Anac, realizada na quinta-feira (16). A MS Táxi-Aéreo é a mesma do acidente que matou o piloto Marcos David Xavier, em 19 de setembro de 2016, após o bimotor em que ele estava, de prefixo PT-VKY, cair em Miranda. A decolagem aconteceu em Campo Grande.
A empresa já havia sido punida em primeira análise, mas recorreu da decisão, sendo agora punida por unanimidade. Ao todo, são cinco processos relativos ao uso irregular das aeronaves prefixo PT-RVJ e PT-VMF, além da PT-VKY que matou Xavier.
O parecer final da Anac foi de que a aeronave se encontrava sem condições de voo, mas era ainda assim usada para o transporte de pessoas, mesmo sem autorização para tal. Todos os casos aconteceram em 2016, quatro anos antes da cassação. Nenhuma das situações julgadas pela Anac agora tem relação com o pouso forçado com Angélica e Huck.
A cassação foi a pena impetrada nos cinco processos respondidos pela MS Táxi Aéreo. Em três deles, a multa foi de R$ 20 mil, enquanto que um dos processos o valor da infração foi de R$ 10 mil e em outro foi de R$ 5 mil, somando R$ 75 mil.
Investigação na PC - A queda da aeronave há quatro anos resultou na morte de Marcos David Xavier e também em investigação da Deco (Delegacia Especializada de Combate ao Crime Organizado), ainda em andamento, mas já na fase final de apuração. Nela, foram descobertos outros crimes, como fraudes em documentos e enriquecimento ilícito.
Marcos tinha 34 anos quando morreu e saiu de Campo Grande, levando uma família de turistas no Pantanal, no município de Miranda. Contudo, na volta, o avião, modelo Embraer EMD-810 Sêneca III, caiu em uma área de difícil acesso pouco após a decolagem. O corpo do piloto só foi encontrado no dia seguinte ao acidente.
A investigação, encabeçada pela delegada Ana Claudia Medina, contou com laudos periciais apontando que a queda aconteceu depois que os cabos de comando do avião travaram. Com isso, Xavier perdeu o comando da aeronave, que foi se desintegrando ainda no ar.
"Constatamos que houve um acidente anterior com essa mesma aeronave e a manutenção foi feita sem controle específico", explicou Medina, dois anos após o incidente. Na época, acreditava-se que manutenções podem ser sido lançadas mesmo sem serem feitas de fato.
Já no caso do voo com Huck e Angélica, a perícia concluiu que o marcador de combustível de cada asas estava instalado de forma errada, apontando que de forma errada que havia combustível suficiente para o voo, mesmo não havendo mais.
A MS Táxi Aéreo afirma que o problema é um defeito que veio de fábrica e ainda coloca a responsabilidade sobre o acidente no piloto. A reportagem tentou contato com a empresa, mas não obteve êxito em nenhum dos quatro números da empresa.