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Cidades

'É esperar para ver", diz infectologista sobre baixo isolamento em MS

Dados indicam aumento de 54% no número de casos do novo coronavírus no Estado em uma semana

Lucia Morel | 02/06/2020 17:05
MS mantém a quantidade de casos mais baixa do País, mas situação está se invertendo. (Foto: Henrique Kawaminami)
MS mantém a quantidade de casos mais baixa do País, mas situação está se invertendo. (Foto: Henrique Kawaminami)

Projeção do Painel Covid-19 da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), indica 2.541 casos da doença em Mato Grosso do Sul dentro de uma semana. Hoje, são 1.646 casos confirmados do novo coronavírus no Estado e 20 óbitos. Caso a previsão da Fiocruz se confirme, o aumento será de 54,3% até 11 de junho.

Conforme alerta da própria ferramenta, “estas predições foram calculadas a partir da realidade atual. A tendência predita pode ser alterada conforme as ações implementadas”.

E por que é tão importante prever o andamento da pandemia e haver um monitoramento constante? O infectologista e pesquisador da Fiocruz, Rivaldo Venâncio, dá vários motivos para tal. O principal deles, seja a necessidade das autoridades em saúde monitorarem sua capacidade de atendimento.

“Estamos em uma emergência de uma doença nova que está matando mais do que poderíamos prever no início da pandemia. Não existe vacina nem um tratamento específico. Nos casos graves, exige internações prolongadas, o que tem levado algumas regiões a ter sua rede assistencial lotada, seja ela pública ou privada. Pra estabelecer qualquer medida, é preciso um monitoramento diário”, afirma.

Venâncio enfatiza que as medidas de enfrentamento são definidas e adotadas com base nesses números e monitorar a evolução dos casos vai determinar se “as autoridades em saúde e as autoridades no geral, vão conseguir ter respostas adequadas diante da gravidade da doença, por isso é preciso acompanhar pari passo, tanto o deslocamento geográfico da doença, quanto a quantidade de novos casos”.

Para o especialista, apesar de Mato Grosso do Sul ser o Estado do Brasil com menos casos confirmados, a situação tem se invertido, já que nas últimas duas semanas, o aumento foi de 156%, saltando de 642 para os atuais 1.646, índice que não era visto desde o começo da pandemia no Estado, em 14 de março.

O infectologista pondera que se desconhece a magnitude do que o Estado vai enfrentar com a covid-19, mas lembra que MS como um todo, assim como Campo Grande, têm índices de isolamento muito baixos. “É esperar para ver”, sentencia.

Fonte: Universidade Federal de Viçosa
Fonte: Universidade Federal de Viçosa

“Mato Grosso do Sul não tem a densidade populacional de São Paulo ou de algumas cidades de Manaus, por exemplo, mas também não tem realizado testes em larga escala, o que pode conferir esse status de menos casos no País. No entanto, nosso período mais crítico ainda está por vir”, destaca Venâncio.

Para afirmar isso, o médico sustenta que é em períodos frios e secos que as infecções respiratórias – que é dos principais sintomas do novo coronavírus – aumentam. “Tradicionalmente, a maior transmissão e ocorrência de infecções virais respiratórias é no período seco e frio do ano”, enfatiza.

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