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Cidades

Emocionado, secretário diz estar cético em relação às projeções de melhora

Para ele, negacionismo da população levou saúde ao colapso e esperança está na aceleração da vacinação

Tainá Jara e Ana Paula Chuva | 06/04/2021 16:47
Secretário de Estado de Saúde, Geraldo Resende, se emociona ao falar de colapso na saúde (Foto: Henrique Kawaminami-Arquivo)
Secretário de Estado de Saúde, Geraldo Resende, se emociona ao falar de colapso na saúde (Foto: Henrique Kawaminami-Arquivo)

Após mais de um ano de pandemia e mais de 4,5 mil óbitos, em Mato Grosso do Sul, o secretário do Estado de Saúde, Geraldo Resende, afirmou, na tade desta terça-feira, estar cético em relação às projeções de melhora do quadro de colapso da saúde, em decorrência do alto grau de contaminação pelo coronavírus. O negacionismo da população em relação à doença, segundo ele, é um dos principais problemas no enfrentamento à covid-19.

Estudos divulgados anteriormente se quer previam de forma precisa que o pior momento da pandemia ocorreria em 2021. Em um dos mais recentes, divulgado ontem pela reportagem do Campo Grande News, estimativa com base em sistema criado pela Universidade de Washington indica alta média de mortes no Estado por pelo menos mais 20 dias.

“Essas projeções não deram certo no passado. Teve muita gente que fez alguns estudos que na prática não se materializaram. Eu sei que vai ser um mês igual ao do mês de março. Vai ser um mês terrível também em número de casos, em número de internações e de óbitos. Estamos tendo uma média de 50 mortes por dia, o que para um estado pequeno como o nosso é apavorante”, ressaltou o secretário.

Segundo ele, a taxa de contagio hoje é de 1,09 e cresceu apesar de decretos e de todas as medidas restritivas indicando pouca adesão da população as recomendações da OMS (Organização Mundial da Saúde). Resender teve em evento de entrega de viaturas do Corpo de Bombeiros quando concedeu a entrevista.

“Nós vamos ter perdas enormes de pessoas aqui e eu responsabilizo uma parte da população por estas perdas. Especialmente daqueles que são negacionistas. Aqueles que parecem não ter qualquer amor a sua vida e qualquer amor a vida de seus familiares, quiçá, dos seus semelhantes. A falta de empatia à população de Mato Grosso do Sul dá como resultado esse número de óbitos que nos temos”, avaliou.

Queda expressiva em abril - Estimativa com base em sistema criado pela Universidade de Washington indica que o Estado terminará o mês de abril com total de 5,7 mil mortos por covid-19 se a mobilidade de pessoas continuar sem restrições. O Estado já tem mais de 4,5 mil óbitos registrados até agora.

Outro agravante é a vacinação lenta e as variantes do novo coronavírus em circulação. O melhor cenário ocorrerá se maior parte da população, 95%, usar corretamente as máscaras de proteção. Mesmo assim, a estimativa de óbitos cai para só para 5,6 mil.

Os dados levam em conta que o pior cenário é sem a aplicação do isolamento e prevê ainda total de 6.673 óbitos até 30 de junho. Com uso de máscaras, esse número cai para 6.156.

 A mesma projeção indica ainda que o número de óbitos só começará a cair a partir de 24 de abril, quando deverão começar a ocorrer 46 mortes diárias – atualmente está em torno de 52 – e a queda expressiva, somente a partir do final de junho, quando o total deverá ser de até dois casos diariamente. Isso, claro, no melhor cenário projetado

Mesmo diante do cenário pessimista e da nova rodada do auxílio emergencial, retomada em abril, depois de meses suspensa, o secretário não acredita que novas medidas restritivas possam segura a população em casa.

“Já estou cético em relação a qualquer medida. Pode ser a medida mais dura. Nos não vamos ter adesão da população. Nós teríamos que mudar a população toda do Mato Grosso do Sul e do País e colocar a população de países que certamente tem uma compreensão melhor da gravidade da doença”, criticou.

Segundo ele, apenas a aceleração no ritmo da vacinação pode trazer alguma perspectiva de melhor. O imunizante, no entanto, ainda chega a conta-gotas, embora o Estado seja o primeiro do País em aplicação das doses.

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