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Cidades

Exploração de indígenas de MS em plantações do Sul vira preocupação para o MPT

Em alguns casos, líderes indígenas cobram "taxas" para enviar trabalhadores às plantações

Por Lucas Mamédio | 07/05/2024 17:05
Indígena trabalhando em plantação de maçã na região Sul do país (Foto: Divulgação MPT-MS)
Indígena trabalhando em plantação de maçã na região Sul do país (Foto: Divulgação MPT-MS)

O Ministério Público do Trabalho e o Ministério Público Federal de Mato Grosso do Sul de Mato Grosso do Sul demonstraram preocupação com as condições dos trabalhadores indígenas sul-mato-grossenses nas plantações de maçã no Sul do país, principalmente nos estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina.

Os órgãos emitiram recomendação para combater a exploração desses trabalhadores “a fim de assegurar um ambiente de trabalho justo, seguro e livre de condições análogas à escravidão”.

Segundo o Ministério Público, há dez anos a instituição monitora a contratação de trabalhadores indígenas que são forçados a trabalhar em situação análoga à escravidão e que são levados de Mato Grosso do Sul para a região Sul.

Segundo o MPT, a nova recomendação orienta as empresas a abolir imediatamente o pagamento de "taxas comunitárias" ilegais a líderes indígenas, uma prática para aliciar trabalhadores sob falsos pretextos de benefícios à comunidade indígena. Além disso, é exigido que todas as contratações sejam realizadas diretamente pelas empresas, eliminando a figura dos "cabeçantes", que frequentemente manipulam e exploram os trabalhadores, muitas vezes em situação de vulnerabilidade.

"Com isso, a remuneração dos trabalhadores não será protegida diante de tais práticas exploratórias, o que impede a livre disponibilidade do uso de seu ganho salarial em sua totalidade. Essa situação viola o princípio da intangibilidade e da irredutibilidade salarial, fundamentos essenciais para a proteção dos direitos trabalhistas", disse o procurador do Trabalho Jeferson Pereira, integrante do grupo de monitoramento formado por uma parceria entre MPT, Governo de Mato Grosso do Sul, Instituto de Direitos Humanos (IDH), Comissão Estadual para Erradicação do Trabalho Escravo (Coetrae) e Coletivo de Trabalhadores Indígenas.

Ainda conforme o MPT, alguns líderes das aldeias indígenas cobram das empresas contratantes uma "taxa comunitária" de R$ 20 a R$ 30 por trabalhador para autorizar suas viagens. Essas taxas são depositadas nas contas pessoais dos líderes.

Por isso, a nova recomendação orienta a obrigatoriedade do pagamento de salários diretamente nas contas bancárias dos trabalhadores. As empresas também devem ajustar as metas de produção para níveis razoáveis e assegurar transporte seguro, com a presença de dois motoristas por veículo para prevenir acidentes em longas distâncias.

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