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Cidades

Irmão de mulheres que viviam com 189 animais quer vender área: 'acabar com isso'

José diz que prisão das irmãs foi injusta, nega maus-tratos e quer vender área para dar sossego a elas

Silvia Frias e Bruna Marques | 28/06/2021 11:27
Cômodo usado para abrigar parte dos animais foi demolido no Jardim Jacy (Foto: Henrique Kawaminami)
Cômodo usado para abrigar parte dos animais foi demolido no Jardim Jacy (Foto: Henrique Kawaminami)

No terreno da rua José Paes de Farias, no Jardim Jacy, o cômodo usado para abrigar de animais, entre gatos, cachorros, galinhas e aves, foi demolido, para alívio dos vizinhos. As irmãs que moravam ali, presas no dia 23 por maus-tratos, agora, tentam recuperar os bichos, enquanto o irmão delas já pensa em vender a área e acabar de vez com a dor de cabeça que a situação se tornou.

“Sinceramente, quero resolver esse problema, que eles não voltem mais aqui para fazer esse tipo de coisa, vou vender isso aqui, para não ter mais isso”, disse o autônomo José Marlin Reinoso, 65 anos, que esteve hoje no local. “Se eu vender, a gente compra uma casa para elas em outro lugar, já é 3ª vez que eles vem aqui e fazem isso”.

José diz que prisão das irmãs foi injusta e nega maus-tratos (Foto: Henrique Kawaminami)
José diz que prisão das irmãs foi injusta e nega maus-tratos (Foto: Henrique Kawaminami)

O autônomo é irmão de Ramona e Maria Marlin Reinoso, de 59 e 63 anos, respectivamente. Desde 2012, a polícia e os órgãos de saúde tentam resolver, sem sucesso, a situação das duas mulheres, que vivem em situação deplorável.

Na última quarta-feira (23), o terreno foi alvo de busca e apreensão da Decat (Delegacia Especializada de Repressão a Crimes Ambientais e de Atendimento a Turistas) em ação conjunta com prefeitura para tentar resolver problema recorrente: as equipes já foram três vezes ao local para limpeza, sendo a última em 2018.

Nesta mais recente, além do lixo acumulado, foram encontrados 189 animais: 143 galos e galinhas, 30 pintinhos, 1 pitbull, três lhasa apso, 1 porquinho da índia, 2 gatos, cinco aves exóticas, dois patos e dois pombos.

No dia da operação, José Marlin passou pelo local e viu o que acontecia. “Pedi para

Peça de alvenaria usada como casa pelas irmãs, no terreno herdado da mãe (Foto: Henrique Kawaminami)
Peça de alvenaria usada como casa pelas irmãs, no terreno herdado da mãe (Foto: Henrique Kawaminami)

deixarem elas em paz, quer levar os bichos, leva, mas deixa elas paz”, contou. Foi para casa e, na volta, não encontrou as mulheres.Acho que elas tivessem saído, mas foi avisado pelo vizinho da prisão delas.

 Segundo o auto de prisão em flagrante, os cachorros e os gatos encontrados desnutridos e debilitados eram mantidos presos dentro de um cômodo, sem acesso à luz do sol e em razão disso apresentavam lesões de dermatite úmido. Depois da audiência, as mulheres foram liberadas pela Justiça.

José Marlin Reinoso nega que as irmãos submetiam os animais a maus-tratos e considerou as prisões injustas. “Elas não devem nada, eles [Polícia e prefeitura] vieram aqui, destruíram as coisas, levaram todos os animais”, disse. O homem contou que ajudava as irmãs, comprando ração para os bichos.

No terreno, sobraram apenas os escombros do cômodo, que fica ao lado da peça de alvenaria usada como moradia pelas irmãs, que não estavam em casa quando a reportagem foi hoje ao local. As duas foram buscar assessoria jurídica para recuperar os animais que foram levados pela equipe da prefeitura. Segundo o irmão, a ideia é levar os bichos para a chácara de amigo, que se dispôs a abriga-los.

Enquanto o terreno não é vendido, as irmãos continuam no local, morando na peça única de alvenaria. Lá dentro, tem cama, colchão e fogão, usado por elas diariamente.

José Marlin diz que o terreno no Jardim Jacy era da mãe deles, que morreu há sete anos. antes disso, as duas irmãs já moravam juntas. “Vamos vender o terreno para evitar certas coiss, a vizinha aqui falam sem saber”, reclamou.


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