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No centro, comerciantes assistem com expectativa e desconfiança 2ª fase de obra

Trechos da rua Rui Barbosa entram na 2ª etapa do Reviva Campo Grande, obra que deve durar 15 meses

Silvia Frias e Bruna Marques | 10/05/2021 09:53
Na Marechal Rondon, a faixa já indicava a restrição que será comum nos próximos meses (Foto: Henrique Kawaminami)
Na Marechal Rondon, a faixa já indicava a restrição que será comum nos próximos meses (Foto: Henrique Kawaminami)

A segunda-feira começou conturbada para os comerciantes no trecho onde hoje começam as obras da 2ª etapa do Reviva Campo Grande. Maquinário pesado, cercas e faixas indicam que a passagem de pedestres e veículos nos próximos meses será restrita. Mas apesar da crítica de alguns, outros avaliam o trabalho como indicativo de melhorias e vendas aquecidas no futuro.

A partir de hoje, as obras terão duas frentes de trabalho na rua Rui Barbosa: uma no cruzamento com a Barão de Melgaço e, a outra, na Marechal Rondon, com a padronização das calçadas. O trânsito não será interrompido, mas pelo menos uma das faixas será inviabilizada para carros, sendo utilizada pelos pedestres, até finalização do serviço.

Calçada começa a ser quebrada na 2ª etapa do Reviva (Foto: Henrique Kawaminami)
Calçada começa a ser quebrada na 2ª etapa do Reviva (Foto: Henrique Kawaminami)

No cruzamento das ruas Rui Barbosa e Marechal Rondon, o comerciante Maurício Montazolli, 55 anos, observava as primeiras mudanças com expectativa. Dono de loja de joias, é comerciante na região central há 38 anos e acredita que o serviço será benéfico. “A obra na 14 foi a melhor coisa que poderia ter acontecido. Foram dois anos de obra? Foram, mas nunca vi nada parecido em 38 anos e o que são 2 anos”.

O empresário acredita que as melhorias nesse trecho da cidade irá descentralizar a atenção que a população foca apenas na região da 14 de Julho e Afonso Pena e passe a circular mais pelas ruas Rui Barbosa, Marechal Rondon e Dom Aquino. “Espero que esse Reviva organize esse miolo, aceitamos essa obra numa boa, acredito que será de curto prazo e vai ser bom para todo mundo”.

Na mesma rua, porém, é possível encontrar opinião contrária. Há 13 anos com ótica naquele trecho, Edgar Batista Neves, 73 anos, não escondeu descontentamento. “Sabe o que vai acontecer? Não tem onde estacionar, a reclamação vai ser geral e o comércio vai para bairros, e esse centro velho e antigo vai acabar”, sentenciou. “Arruma as calçadas, planta árvore e recapeia a rua, mas deixa o comercio andar, não vem inventar moda aqui não”, disse.

"Se não tiver sacrifício, não tem futuro", diz Anbar (Foto: Henrique Kawaminami)
"Se não tiver sacrifício, não tem futuro", diz Anbar (Foto: Henrique Kawaminami)

Na esquina da rua Rui Barbosa com Barão de Melgaço, os trabalhos já haviam começado por volta das 7h, com o característico barulho das máquinas furando a calçada. Neste trecho, uma das faixas de mão única já teve o trânsito interrompido para dar lugar aos pedestres, que não poderão passar pela calçada, em obra.

 “Terrível, vai acabar com comércio e com movimento”, reclamou o comerciante Anderson Ortega, 52 anos, há 34 anos trabalhando naquele trecho com loja de assistência técnica. Ortega reclamou da demora da obra e que não foi avisado do início dos trabalhos. “Infelizmente, temos que passar por isso, não tem o que fazer”. Outra crítica é que as benfeitorias terão como efeito o aumento do valor do IPTU. “Vão jogar essa conta para nós”.

Já o comerciante Caran Anbar, 85 anos, trabalhando há 30 em Campo Grande, com venda de produtos de confeitaria e panificadora, acredita que os dissabores serão de curto prazo. “Se não tiver sacrifício, não tem futuro”, avaliou. Anbar se recorda que nunca viu obra no trecho e que sempre houve reclamação do entorno. “Acho que a obra vai trazer benefício, acho que o andar do serviço depende do projeto”.

Faixa vai ser interditada e trânsito deve ficar complicado nos próximos meses (Foto: Henrique Kawaminami)
Faixa vai ser interditada e trânsito deve ficar complicado nos próximos meses (Foto: Henrique Kawaminami)

O engenheiro civil Thiago Gonçalvez, responsável pela obra, responde a essa pergunta, dizendo que a obra tem previsão de durar 15 meses. O trabalho foi assumido pela Engepar e prevê investimento de R$ 26 milhões. “Sabemos que causa um pouco de transtorno, mas é para melhoria”.

A revitalização do microcentro engloba 21 quilômetros de via, envolvendo o quadrilátero que vai da Avenida Fernando Corrêa da Costa até a Avenida Mato Grosso, e da Avenida Calógeras até a Rua José Antônio, com algumas extensões, como a Dom Aquino, Marechal Rondon e Barão do Rio Branco, até a antiga rodoviária.

Calçadas serão padronizadas no novo projeto (Foto: Henrique Kawaminami)
Calçadas serão padronizadas no novo projeto (Foto: Henrique Kawaminami)

O projeto de arquitetura prevê calçadas padronizadas, recapeamento asfáltico, mobiliário urbano, coleta seletiva de lixo, sistema de videomonitoramento, conexão wi-fi gratuita, iluminação com lâmpadas de LED, semaforização inteligente para segurança de pedestres e motoristas. Além disso, quem passar pela região sentirá o conforto térmico trazido pela arborização e paisagismo planejado.

Sobre a comunicação com empresários, a prefeitura havia informado que há canal de comunicação direto com os comerciantes. “ “Nossa intenção é concentrar os trabalhos no miolo da área central agora para que, no final do ano, os comerciantes aproveitem a época de festas para vender”, explicou a coordenadora do Reviva, Catiana Sabadin, em declarações divulgadas pela assessoria.

Na Rua Barão de Melgaço, maquinário a postos para início da obra (Foto: Henrique Kawaminami)
Na Rua Barão de Melgaço, maquinário a postos para início da obra (Foto: Henrique Kawaminami)
Modelo do projeto a ser adotado no microcentro de Campo Grande (Foto-Divulgação)
Modelo do projeto a ser adotado no microcentro de Campo Grande (Foto-Divulgação)


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