"Nunca mais será igual", define trabalhador no segundo ano de pandemia
Para quem teve de explorar novas habilidades, nem tudo deve ser ruim no "pós-covid"
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Há mais de um ano, a vida profissional vem sendo alterada constantemente e a tendência vista pelos trabalhadores é de que as mudanças causadas tenham efeito perene no futuro sem pandemia. Neste 1º de Maio, os relatos são de que pensar o novo perfil do trabalhador “pós-covid” traz consigo a reflexão sobre como as funções não irão retornar ao formato do passado sem o vírus.
Na área da segurança, profissionais que jamais pensaram em se distanciar do cara a cara se viram notando elementos de uma nova forma de trabalhar. Sargento da Polícia Militar, Gizele Guedes Viana passou a entrar em contato com vítimas atendidas pelo Promuse (Programa Mulher Segura) por vídeochamadas e prestar atenção em detalhes antes não percebidos.
Nós levamos muito em consideração a proximidade com a mulher acolhida. Aprendemos a nos atentar para o que pode transformar o ambiente em mais aconchegante, a ver o tom da voz. Com as chamadas por vídeo, a empatia precisou estar ainda mais em foco e isso é algo que vamos levar”, a sargento explica.
Exemplo da mudança executada pela policial é a presença de cachorros durante o contato para as adaptações à distância, “a mulher precisa se sentir bem porque só assim cria o elo de confiança”, diz.
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Compartilhando das mudanças no âmbito da segurança, o comandante da Guarda Civil Metropolitana, Ideu Vilela Rodrigues explicou que o cuidado com o psicológico entrou ainda mais em ação. “Nossas equipes foram afetadas e esse novo foco também apareceu com a covid. Agora o cuidado próprio e com as famílias também é essencial”.
Também vendo novas estratégias se inserindo para o futuro, a pedagoga Francisca Araújo Feitosa, de 47 anos, resume a visão dizendo que os professores saíram do quadro para mergulhar nas produções em plataformas diversas. “A gente precisou aprender a usar aplicativos que vão desde o preparo das aulas até editor de vídeo, viramos “cameraman”. Isso é algo que alterou a forma com que trabalhávamos e vai continuar presente”.
Pensando no ensino fundamental e médio, os profissionais que estavam acostumados com o mundo de proximidade viram a necessidade de pensar ainda mais no individual. O professor de história Izadir Francisco de Oliveira relata que é impensável ver as escolas da mesma forma como antes. “Com tudo, a gente se distanciou dos alunos presencialmente e ao mesmo tempo passamos a nos atentar para atendimento psicológico, por exemplo”.
Fazendo malabarismos para conseguir desenvolver novas didáticas online, Izadir, que atua como coordenador, explica que necessidades só descobertas com a pandemia revelaram novas funções para os professores. “Vemos que as aulas remotas podem continuar, é algo que antes não pensávamos e agora é entendido como complemento possível. Também retomamos paradigmas como o de acesso à internet, que irá seguir”, explica.
Quem também se viu nesse jogo de mudanças com questões fundamentais foram os advogados. Priscila Arraes Reino relata que já estava acostumada com os atendimentos à distância, mas durante a pandemia notou ainda mais a necessidade de construir novas formas de confiança
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Temos clientes que continuam querendo o presencial, mas se for possível vamos continuar à distância. Sabemos que há muito medo, mas traçando estratégias para mostrar que é possível ter um advogado não presencial quebramos essa desconfiança”, explica.
Para Priscila, essa alteração no fluxo de atendimento é esperada como consequência permanente. “Se eu puder, não quero voltar a atender presencialmente. Notamos que é muito melhor conseguir atender de qualquer local, uma facilidade para o advogado e também para o cliente. Precisamos aproveitar as mudanças”, completa.