Reparo e atualização de aparelhos aumentam espera no Hospital Regional
Biópsia, ressonância magnética e cateterismo são os procedimentos comprometidos
Desde que teve covid-19, a depiladora Maria Ivanilde, 65, sente fortes dores e inchaço no estômago. Ela mora no Bairro Jardim Seminário, em Campo Grande, e procurou uma médica da unidade de saúde de lá, que suspeitou de uma bactéria e pediu exames de endoscopia e colonoscopia.
A consulta ocorreu em setembro do ano passado e nenhum dos dois procedimentos foi realizado pela depiladora a tempo do retorno de seis meses previstos pela médica. A vaga foi liberada pelo sistema de regulação somente sete meses depois.
Quando, finalmente, a paciente conseguiu autorização para fazer os dois exames no Hospital Regional de Mato Grosso do Sul, viu que a espera iria aumentar ainda mais. "Liguei para os contatos indicados para marcar a data, mas disseram que o medicamento estava em falta e não estavam agendando por isso", conta Maria.
Depois de insistir por mais de uma semana, ela conseguiu agendar para o mês de julho. Recebeu uma ligação dias depois, antecipando o agendamento para 29 de maio. "Mesmo assim, já passou dos seis meses. Se forem ver, tem muita gente na mesma situação", desabafa.
Aparelho - Quanto ao medicamento que Maria precisa para fazer o exame, ele não estava em falta, segundo informou por meio da assessoria de imprensa o Hospital Regional.
No entanto, a unidade confirmou em nota ao Campo Grande News que o funcionamento do ecoendoscópio, aparelho que combina técnicas de endoscopia e ultrassonografia, apresentou instabilidade nesta semana.
A ecoendoscopia é um dos meios utilizados para diagnosticar lesões e tumores por biópsia. Embora não seja a suspeita no caso de Maria Ivanilde, o problema no equipamento afeta pacientes do setor de oncologia.
O reparo necessário foi feito. "A fim de garantir a segurança dos pacientes e melhor confiabilidade nos resultados, foi encaminhado para avaliação técnica. O problema já foi solucionado e o equipamento já está funcionando normalmente", atualizou nesta quinta-feira (11) o hospital.
Ressonância - A reportagem apurou que a ressonância magnética é outro exame diagnóstico comprometido no Hospital Regional. Com o fim do contrato de locação do equipamento utilizado anteriormente, um novo foi adquirido via licitação para substitui-lo.
O aparelho próprio ainda não está funcionando, contudo. É que ainda falta concluir adequações no espaço físico que ele ocupará. Enquanto isso, os pacientes são encaminhados para a Santa Casa, diz o hospital.
Por sua vez, a Santa Casa confirma que tem parceria com o Hospital Regional e com o Hospital Universitário Maria Aparecida Pedrossian, também em Campo Grande, para realizar exames de imagem por ressonância magnética. "E quando o hospital parceiro demanda os pacientes para Santa Casa, eles são atendidos pela nossa equipe, conforme nossa disponibilidade", finalizou.
Máquinas de lavar - O Campo Grande News também apurou que o Hospital Regional enfrenta dificuldade no setor de lavandeira.
Entre o fim de março e o começo de abril, o Hospital São Julião lavou 500 kg de roupas e lençóis no período noturno para "socorrer" o Regional, que estava com duas máquinas de lavar quebradas. A ajuda foi necessária por 15 dias, até uma empresa terceirizada prestar esse serviço.
Em nota, o hospital esclareceu a situação. "O hospital adquiriu recentemente duas máquinas de lavar para suprir a demanda. Por apresentarem problemas recorrentes, medidas cabíveis foram adotadas junto à fornecedora. Até que o problema seja totalmente solucionado, 75% da demanda da lavanderia é executada por uma empresa terceirizada e 25% pelo setor no hospital", afirmou.
Cateterismo - O jornal abordou, ainda, a espera por exames de cateterismo no hospital devido à instalação de novo angiógrafo nesta matéria. Segundo previsão informada, na terça-feira (16), ele estará funcionando.
Transparência - Ao prestar informações sobre as substituições, instalação e reparos de aparelhos, o Hospital Regional de Mato Grosso do Sul reforçou que todos os atos são publicizados. "Para garantir a transparência nos processos administrativos para a aquisição de equipamentos e serviços, o Hospital Regional de Mato Grosso do Sul destaca que todos os procedimentos são publicados em Diário Oficial", pontuou em nota.
Média de 2 meses - Responsável pelo sistema de regulação de pacientes em Campo Grande, a Sesau (Secretaria Municipal de Saúde de Campo Grande) afirma que o tempo de espera para os exames que Maria Ivonilde precisa, a endoscopia e a colonoscopia, "pode variar de acordo com a complexidade do caso, disponibilidade de serviço e número de pacientes aguardando na fila".
Fazer colonoscopia atualmente na Capital demanda espera de dois meses, em média, também segundo a pasta. O tempo pode ser maior entre "pacientes necessitam passar por reavaliações até que, de fato, o exame seja realizado", justifica a secretaria.
"O Município tem feito tratativas com as unidades hospitalares e prestadores de serviço com o objetivo de ampliar a oferta de vagas para procedimentos eletivos e, consequentemente, assegurar que os pacientes tenham acesso de maneira mais célere", complementou a Sesau.