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Cidades

Réu alega legítima defesa ao matar cunhado: "sou gordo e não faço musculação"

Alex Segovia está sendo julgado por matar o cunhado a facadas e disse que ficou com medo de ser agredido

Silvia Frias | 04/10/2022 10:54
Réu prestou depoimento por videoconferência, em julgamento hoje. (Foto; Henrique Kawaminami)
Réu prestou depoimento por videoconferência, em julgamento hoje. (Foto; Henrique Kawaminami)

O motorista Alex Bogado Segovia, 32 anos, justificou ter matado o cunhado, Eder Montania, a facadas pela embriaguez e medo de ser atacado por ele. “Eu sou gordo e não faço musculação, sou motorista, ele era muito mais forte que que, fazia serviço braçal”, disse.

O depoimento foi dado hoje, durante o julgamento de Segovia, na 1ª Vara do Tribunal do Júri, em Campo Grande. Ele responde por homicídio simples, pelo crime ocorrido na madrugada de 9 de dezembro de 2018, no Jardim Aerporto.

Corpo da vítima no local do crime, no Jardim Aeroporto. (Foto/Reprodução)
Corpo da vítima no local do crime, no Jardim Aeroporto. (Foto/Reprodução)

O réu usou faca de churrasco para atingir a vítima, que foi morto com seis golpes desferidos no tórax e na lateral esquerda das costas.

A denúncia do MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) narra que Eder Montania foi até a casa da irmã, Josimara, onde encontraram grupo de amigos bebendo, além do cunhado. Em certo momento, os dois começaram a discutir e Josimara interveio, passando a ser alvo na discussão com Alex.

Segundo a denúncia, a vítima não gostou de ver o cunhado discutindo e começaram a brigar. Segovia, então, pegou a faca e desferiu os golpes que mataram Montania.

Faca de churrasco usada no crime. (Foto/Reprodução)
Faca de churrasco usada no crime. (Foto/Reprodução)

Motivo– Segovia participou por videoconferência, já que está morando em Varzea Grande (MT). Ele prestou depoimento à juíza Mayara Luiza Schaefer Lermen e respondeu aos questionamentos da promotora Lívia Carla Guadanhim.

O réu disse que a briga começou “por causa de um tal de Wando”, um dos amigos que estavam na casa. Durante a discussão, diz que jogou lata de cerveja em Montania e, depois, uma caixa térmica, que acabou atingido Josimara, que, neste momento, segurava o irmão para tentar acabar com a briga.

“Ele se soltou e veio para cima”, disse Segovia. Ele contou que sempre levava a faca de churrasco no carro, para quando precisasse em eventual festa ou confraternização. “Fiquei com medo, porque ele era mais forte”, disse. O réu justificou que foi tudo muito rápido e não se lembra direito do ataque. Logo depois, fugiu. “Estava embriagado, eles queriam me bater, saí correndo”.

Familiares da vítima durante sessão do júri. (Foto: Henrique Kawaminami)
Familiares da vítima durante sessão do júri. (Foto: Henrique Kawaminami)

Segovia disse estar arrependido. Antes do episódio, disse nunca ter brigado com o cunhado, embora não tivesse muito contato. “Era de pouca conversa”. Contou que foi embora para MT recomeçar a vida e precisou fazer tratamento psicológico. “Essa situação foi muito chocante, foi fatalidade, uma discussão, uma agressão”.

Em seguida, pediu perdão à família da vítima e chorou.

Familiares ouvidos pela reportagem disseram que Segovia sempre foi “estressadinho” e que, se não fosse Montania, a vítima poderia ser outra pessoa.

A filha da vítima, Nathalia Mendonça Montania, 21 anos, espera justiça. “Que esses quatro anos sem ele não tenham sido em vão”. A jovem diz que Segovia tirou a vida de pai de família “por uma coisa boba”. Ela acredita que ele deve permanecer solto. “Mas a gente queria que ele ficasse na cadeia”.

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