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Cidades

Tia Eva é maior comunidade quilombola de 22 registradas em 21 cidades de MS

População era contabilizada no Censo, mas agora houve pergunta específica: “Você se considera quilombola?"

Por Mylena Fraiha | 19/07/2024 09:05
Recenseadora do IBGE entrevista moradora da comunidade Tia Eva, a maior comunidade quilombola de MS (Foto: Arquivo/Marcos Maluf)
Recenseadora do IBGE entrevista moradora da comunidade Tia Eva, a maior comunidade quilombola de MS (Foto: Arquivo/Marcos Maluf)

Mato Grosso do Sul tem o 4° menor número de pessoas quilombolas entre as Unidades da Federação do país, conforme revelam os dados do Censo Demográfico 2022 Quilombolas: Alfabetização e características dos domicílios, divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) nesta sexta-feira (19).

A comunidade com a maior população residente é a Tia Eva, em Campo Grande, com 428 moradores, dos quais 326 se autodeclaram quilombolas.

No total, são 2.572 pessoas quilombolas em Mato Grosso do Sul, número que corresponde a 0,09% da população recenseada no Estado (2.756.700). Abaixo de Mato Grosso do Sul está o Distrito Federal, com 305 quilombolas. Nos estados do Acre e de Roraima, não houve identificações.

Eles residem em 21 municípios do Estado. Campo Grande é a cidade com maior número de quilombolas, contando com 735 moradores em três comunidades diferentes: São João Batista, Tia Eva e Chácara Buriti. Em seguida, está Corumbá, com 371 pessoas; e Jaraguari, com 285 pessoas. Por outro lado, Três Lagoas, Mundo Novo e Bandeirantes têm 4 quilombolas cada; Anastácio, 3 pessoas; e Sonora, 2 pessoas.

Atualmente, o Estado tem 22 comunidades quilombolas certificadas pela FCP (Fundação Cultural Palmares). A certificação respeita o direito à autodefinição e facilita o acesso às políticas públicas voltadas para a população negra.

Em segundo lugar em habitantes, vem a comunidade Furnas do Dionísio, em Jaraguari, com 282 moradores, sendo 277 autodeclarados quilombolas. A terceira comunidade quilombola mais povoada é a Furnas da Boa Sorte, em Corguinho. Lá, vivem 146 pessoas, sendo 138 autodeclaradas quilombolas.

Centro comunitário e escola da Furnas do Dionísio, em meio a paisagem de tirar o fôlego (Foto: Arquivo/Marcos Maluf)
Centro comunitário e escola da Furnas do Dionísio, em meio a paisagem de tirar o fôlego (Foto: Arquivo/Marcos Maluf)

Condições dos domicílios - Dos 979.669 domicílios particulares permanentes ocupados e recenseados no Estado, 1.064 têm pelo menos um morador quilombola. Na Capital, dos 325.840 domicílios particulares permanentes ocupados, 292 têm pelo menos um morador quilombola.

Segundo o supervisor de divulgação do IBGE, Fernando Gallina, esta população sempre foi contabilizada no Censo, mas, neste ano, houve uma pergunta específica: “Você se considera quilombola?”.

Em relação ao acesso à rede de água, dos domicílios particulares permanentes ocupados localizados em territórios quilombolas em MS, 439 possuem ligação à rede geral e a utilizam como forma principal; 10 possuem ligação à rede geral, mas utilizam principalmente outra forma; e 89 não possuem ligação com a rede geral.

Em relação ao saneamento, dos domicílios particulares permanentes ocupados localizados em territórios quilombolas em MS, 535 residências têm banheiro de uso exclusivo. Apenas na comunidade quilombola Dezideirio Felipe de Oliveira e Picadinha, em Dourados, um domicílio tinha banheiro de uso comum a mais de um domicílio.

Alfabetização - O Censo 2022 também mostra que Mato Grosso do Sul é o 6° estado brasileiro com a menor taxa de analfabetismo entre a população quilombola, com um percentual de 8,55% de pessoas que não sabem ler e escrever.

A unidade federativa com maior taxa de analfabetismo nesta população é Alagoas, com 29,77%, e a menor é o Distrito Federal, com 2,77%. A taxa de analfabetismo entre a população quilombola no Brasil é 18,99%, enquanto a da população em geral é 7%.

Em MS, a pesquisa também traz o percentual de taxa de alfabetização das pessoas quilombolas de 15 anos ou mais residentes em territórios quilombolas e das pessoas que residem nesses territórios, mas que não se autodeclaram quilombolas.

Escola estadual instalada dentro da comunidade Furnas do Dionísio, o território quilombola com maior taxa de alfabetização (Foto: Arquivo/Marcos Maluf)
Escola estadual instalada dentro da comunidade Furnas do Dionísio, o território quilombola com maior taxa de alfabetização (Foto: Arquivo/Marcos Maluf)

O território quilombola com maior taxa de alfabetização das pessoas quilombolas de 15 anos ou mais é a comunidade Furnas do Dionísio, com 97,04% da população autodeclarada quilombola alfabetizada.

Em seguida, vem a comunidade Tia Eva, com 93,78% da população autodeclarada quilombola alfabetizada, e a comunidade Picadinha, em Dourados, com 93,1% da população autodeclarada quilombola alfabetizada.

A comunidade quilombola com a menor taxa de alfabetização entre a população autodeclarada é a Família Cardoso, em Nioaque. Lá, apenas 77,36% da população quilombola é alfabetizada.

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