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Sem praias, Capital aposta em eventos para lotar hotéis e atrair investimentos

Kleber Clajus | 14/08/2014 08:11
Sem praias, Capital aposta em eventos para lotar hotéis e atrair investimentos
Aquário do Pantanal é aposta para reforçar setor turístico na Capital (Foto: Marcelo Victor / Arquivo)
Aquário do Pantanal é aposta para reforçar setor turístico na Capital (Foto: Marcelo Victor / Arquivo)

Mesmo sem praias ou grandes atrativos naturais, Campo Grande se consolida no cenário de turismo de eventos. O segmento representa 70% da demanda hoteleira local que se expande na esperança de que obras como a do Aquário do Pantanal possibilitem maior permanência do turista na Capital e, em contrapartida, ainda buscam soluções para a carência de mão de obra qualificada.

Dados da ABIH (Associação Brasileira da Indústria de Hotéis) apontam que, desde 2011, o segmento evoluiu 29,53% na oferta de leitos no município, ao ampliar de 4.567 para 5.916 a oferta de acomodações. No período, quatro empreendimentos foram inaugurados: Hotel Ipê, Grand Park, Mohad e Ibis Budget. A projeção para os próximos anos é de que mais de 1.851 leitos serão criados.

O presidente do Campo Grande Convention & Visitors Bureau, Marcelo Silva de Oliveira, avalia que a demanda ainda não acompanhou a expansão do setor e reflete em taxas de ocupação de 55% nos meios de hospedagem. Nesse sentido, manter o turista transitando em Campo Grande é a alternativa para reverter o cenário.

“Apostamos no Aquário do Pantanal por ser um grande equipamento turístico que terá que funcionar bem para atrair mais turistas para a cidade. Se não aumentarmos o fluxo de pessoas teremos, em 2016, média de 45% de ocupação de leitos”, analisa Marcelo Silva, que também atua como empresário do setor.

Com inauguração prevista até o fim do ano, a obra do Governo do Estado deve consumir mais de R$ 120 milhões para se tornar o maior aquário de água doce do mundo, além de ser dedicado a pesquisas sobre a fauna pantaneira e ter pretensão de atrair 150 mil visitantes por ano.

De acordo com o titular da Semac (Secretaria de Estado de Meio Ambiente, do Planejamento, da Ciência e Tecnologia), Carlos Alberto Negreiros, o empreendimento se tornará principal indutor da permanência do turista ao incentivar ainda o turismo científico, com intercâmbio entre pesquisadores e universidades. Tal mudança de perfil, no entanto, deve ser associada a uma melhor atenção ao turista com a especialização da mão de obra.

Nos próximos anos, 1.851 novos leitos devem ser incorporados a estrutura hoteleira (Foto: Marcelo Victor)
Nos próximos anos, 1.851 novos leitos devem ser incorporados a estrutura hoteleira (Foto: Marcelo Victor)

Carência de pessoal – O empresário Jair Pandolfo coordena um “império” de cinco hotéis na Capital e confessa dificuldade de encontrar profissionais qualificados, em especial no que tange ao domínio de outros idiomas. Para ele, este é um dos entraves, inclusive, que o impedem de construir mais uma unidade para somar a rede hoteleira composta por Grand Park, Internacional, Metropolitan, Nacional e Colonial.

“A cidade está crescendo, mas falta pessoal preparado para trabalhar, que tenha cursos no setor e idiomas. Todo dia temos pessoas entrando e saindo, além de ter 10 funcionários a mais para cobrir possíveis falhas”, conta Jair, que iniciou no ramo em 1982 e reside em um de seus hotéis administrados por familiares.

Se há carência de pessoal, sobram cursos de especialização em áreas correlatas a hotelaria. Um dos polos formadores é o Senac (Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial) que também tem constatado baixa demanda de interessados em ingressar ou mudar para o setor, que tem salários iniciais entre R$ 724 e R$ 5 mil.

“Para a demanda hoteleira não há profissionais porque, muitas vezes, as pessoas não veem o turismo como uma profissão em que possam crescer. É preciso, também, sensibilização dos órgãos públicos e empresários para compreender a importância crescente do turismo no Estado”, pontua a analista de educação profissional de turismo, hospitalidade e lazer do Senac Campo Grande, Fabrizia Valle da Costa.

Projetos integrados - Segundo a analista do Senac, investir em projetos integrados de turismo não beneficia apenas hotéis e restaurantes, mas todo o setor de serviços ao aquecer o comércio local.

Na Capital, estão em estudo na Sedesc (Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia, Turismo e Agronegócio) propostas para instalação de clube de águas termais, além de incentivos fiscais para novos empreendimentos.

Para Jair Pandolfo, falta de mão de obra qualificada impacta na expansão de negócios (Foto: Marcelo Victor)
Para Jair Pandolfo, falta de mão de obra qualificada impacta na expansão de negócios (Foto: Marcelo Victor)
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