“Política do Bolsonaro é clara, é contra o índio”, diz liderança em audiência
Encontro no auditório da OAB-MS discutiu sobre a saúde indígena em Mato Grosso do Sul
Durante audiência para discutir a saúde indígena em Mato Grosso do Sul, lideranças indígenas comentaram recente fala do presidente Jair Bolsonaro (PSL), que pretende enviar ao Congresso projeto de Lei que isenta de punição produtor que atirar contra invasores de terra. Para os representantes, a maneira de fazer política implantada pelo Governo “é clara, é contra o índio”.
“Hoje somos tidos como invasores, mas a terra onde muitos produtores estão foi tomada ilegalmente pelo Governo e dada a eles. “, afirma Leoson Mariano Silva, representante do distríto indígena de Dourados.
Além da proposta de Bolsonaro, muitas críticas miraram a escolha do Ministério da Agricultura, hoje comandado pela ministra Tereza Cristina, para encabeçar a questão da demarcação de terras indígenas no Brasil. “O presidente jogou a demarcação na mão de uma ruralista que vai defender os próprios interesses. A política dele é clara, é contra o índio”, afirma.
Para Laércio Antônio, da aldeia Cachoeirinha, em Miranda, a proposta de Bolsonaro gera preocupação entre os índios, Vivemos em um país extremamente racista e para nós, isso é um alerta. Haverá resistência dessa fala do presidente”, relata.
Na segunda-feira (29), durante a abertura da Agrishow, em Ribeirão Preto (SP), o presidente Jair Bolsonaro comentou sobre projeto que, segundo ele, “vai dar o que falar, mas vai ajudar a combater a violência no campo”.
“ É fazer com que, ao defender a sua propriedade privada ou a sua vida, o cidadão de bem entre no excludente de ilicitude, ou seja, ele responde, mas não tem punição. É a forma que nós temos que proceder para que o outro lado, que teima em desrespeitar a lei, tema vocês, tema o cidadão de bem, e não o contrário", disse Bolsonaro que finalizou dizendo que “a propriedade privada é sagrada e ponto final".
Audiência - A saúde indígena foi tema de audiência pública realizada na tarde desta terça-feira (30) no auditório da OAB-MS (Ordem dos Advogados do Brasil), em Campo Grande. O evento foi proposto pela Comissão de Direitos Humanos e teve a participação da recém-empossada titular da Sesai, Sílvia Nobre Waiãpi.
O auditório estava lotado, com participação das comunidades indígenas de várias regiões do Estado.
Atualmente, o Estado tem 81.960 índios de oito etnias, sendo o maior dos 34 distritos indígenas do País. A comunidade está presente em 32 dos 79 municípios, distribuída em 78 aldeias.