“Achei que tinha sido fatal”, diz vizinha de mulher torturada pelo marido

Nesta manhã, os vizinhos se disseram surpresos com o caso da mulher que foi resgatada ontem (31), após dois dias em cárcere privado e tortura. Segundo eles, o casal saía esporadicamente de casa, não tinha amizade com ninguém da rua nem costumava receber visitas. O caso aconteceu no Bairro Santo Amaro, em Campo Grande.

“Achei que tinha sido fatal”, afirmou a comerciante de 48 anos. Ela disse que ontem tinha mais de oito viaturas, de policiais e bombeiros, na rua. “O Corpo de Bombeiros entrou na residência e demorou para sair com a vítima. Achamos que ela tinha morrido. Ele já estava preso no carro da PM”.

Havia pouco mais de 3 meses que o casal vivia na casa alugada no bairro. “Os dois não tinham rotina de sair de manhã para trabalhar. Ele não falava com ninguém. Achávamos que era um casal normal, só bem restrito. Eles eram bem fechados”, disse a comerciante.

Outro vizinho de 49 anos contou que o irmão da vítima ficou bem nervoso com a situação e chegou a agredir o cunhado. “A polícia teve que intervir”, contou. Segundo outro morador, sentiu-se impotente ao saber da situação, porque nada pôde fazer para ajudar. “Não ouvi nenhum barulho que indicasse que a mulher sofria violência. Ela morava ao lado da minha casa e eu não consegui ajudá-la”, destacou. Os vizinhos ouvidos pela reportagem não quiseram se identificar.

Caso - A mulher de 21 anos, que foi torturada e mantida pelo marido de 27 anos em cárcere privado por dois dias, recebia até jatos de inseticida e foi estuprada. O agressor foi preso em flagrante e levado para a Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher). No banheiro da residência foram encontrados tufos de cabelos da vítima que eram queimados pelo autor. O casal estava junto há 1 ano e 4 meses. Ainda conforme a polícia, a vítima também era torturada com maçarico e isqueiro durante o cárcere privado.

Ela foi encontrada em estado de choque, amarrada por fita silver tape. A jovem foi socorrida pelo Corpo de Bombeiros e levada à UPA (Unidade de Pronto Atendimento) da Vila Almeida para atendimento médico.