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Capital

“Bora de CDB?”: código sem resposta despertou desconfiança em amiga de Natalin

Código foi criado para que amiga pudesse saber quando Natalin estava sozinha para conversarem

Ana Paula Chuva e Bruna Marques | 17/02/2022 13:05
Natalin Nara Garcia de Freitas Maia, 22 anos, em foto publicada em rede social. (Foto: Facebook/Reprodução) 
Natalin Nara Garcia de Freitas Maia, 22 anos, em foto publicada em rede social. (Foto: Facebook/Reprodução)

“Bora de CDB?”, esse era o código usado entre Natalin Nara Garcia de Freitas Maia, 22 anos, e uma amiga, para que as duas pudessem ter conversas sem estarem sendo vigiadas. A resposta esperada era “Bora que horas?”, mas não aconteceu na sexta-feira (4), data em que a mulher foi morta pelo marido, militar da Aeronáutica, Tamerson de Souza, 31 anos.

A amiga, que não teve a identidade divulgada, contou à polícia que também já havia sido agredida  pelo ex-marido e o código foi criado para saber se Natalin estava sozinha para que as duas pudessem conversar.

O crime teria acontecido de quinta para sexta-feira. As duas saíram naquele dia e então, a amiga começou a mandar a mensagem em código para Natalin. “Bora de CDB?”. Como a resposta não veio, ela procurou Tamerson para perguntar se tinha acontecido algo.

Foi quando ele disse que a esposa teria ido embora e deixou a filha. A amiga desconfiou e falou que procuraria a polícia, mas acabou deixando para ir até a delegacia no domingo de manhã, data em que a mulher foi achada jogada no matagal ao lado da porteira de entrada de uma propriedade rural, no Km 372 da BR-060. Ela não portava documentos e foi identificada depois.

De acordo com a delegada da Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher), Ana Paula Trindade, ontem (16), Tamerson foi ouvido novamente e, a princípio, se manteve em silêncio, mas acabou falando novamente.

“Ele manteve a história. Ela chegou em casa quebrando tudo, eles brigaram, estava tentando acalmar, acho que ele perdeu o ponto”, disse a delegada. Ana Paula contou ainda ao Campo Grande News, que ontem mesmo relatou o inquérito. Tamerson foi indiciado por feminicídio e ocultação de cadáver.

Tamerson cobrindo o rosto com máscara no dia em que foi preso. (Foto: Kísie Ainoã)
Tamerson cobrindo o rosto com máscara no dia em que foi preso. (Foto: Kísie Ainoã)

O caso - O corpo foi encontrado no domingo (06), pelo funcionário de uma fazenda, no matagal ao lado da porteira de entrada de uma propriedade rural, no Km 372 da BR-060. Ela não portava documentos e foi identificada depois.

Conforme investigado por policiais do GOI (Grupo de Operações e Investigações), Tamerson deixou o corpo da mulher no porta-malas do carro por quase três dias antes de desová-lo à margem da BR-060, em Campo Grande. A investigação aponta que a jovem foi assassinada na madrugada de sexta-feira (4) e o cadáver abandonado na rodovia no último domingo.

A possível causa da morte seria asfixia por estrangulamento. Além de estar com uma fratura no braço e o pescoço quebrado, a vítima tinha ferimentos, principalmente, nas pernas, parecidas com queimaduras de ponta de cigarro.

O militar da Aeronáutica, marido da vítima, foi preso na segunda-feira (7), na Base Aérea e confessou o crime. Ele chegou a levar a filha do casal para a escola, com o corpo dentro do carro, antes de jogá-lo no mato.

No primeiro depoimento, o militar afirmou ainda que já havia tentado se separar, mas Natalin não aceitava. A convivência se tornou insuportável, uma vez que o casal brigava pelo menos três vezes na semana, e há aproximadamente cinco meses, os dois não faziam mais sexo, também detalhou o sargento.

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