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Interior

"Me ensinou o que é amor incondicional", diz mãe de criação de jovem morta

Militar da Aeronáutica foi preso e confessou assassinato; a prisão preventiva foi decretada pela Justiça

Dayene Paz | 08/02/2022 12:42
Natalin e a mãe, em uma das fotos postadas nas redes sociais. (Foto: Arquivo Pessoal)
Natalin e a mãe, em uma das fotos postadas nas redes sociais. (Foto: Arquivo Pessoal)

Natalin era a mais velha de três irmãs. Depois da chegada na família, foi ela que fez Simone conhecer o que seria o amor incondicional, aquele que chega dói no peito. "Alegre, amiga, filha e mãe. A melhor coisa desse mundo, o melhor presente, o que me ensinou o que é o amor incondicional". As palavras saem com leveza, porque ao falar da filha de criação, tudo parece ser carregado de afeto.

A farmacêutica Simone Vilela não é a mãe biológica de Natalin, mas ajudou a criá-la por alguns anos e acompanhou seus passos. Para ela, o lembrar dói diante de uma busca de respostas para uma morte cruel e prematura. acompanhava o sonho da filha de criação, que se espelhou nela para começar o curso de Enfermagem e seguiu para Campo Grande, a fim de concretizar o sonho.

"Ela ficava me olhando trabalhar e disse que não combinava tanto com farmácia, então resolveu fazer o curso de Enfermagem e já estava terminando", conta.

A farmacêutica conta que a jovem ajudou a criar a irmã mais nova, de 6 anos. "Me ajudou no pós-parto, me ajudou a criar". Já com a irmã do meio, era só afeto, o que dá para notar no álbum de Lyvia Vilela nas redes sociais. "Me apoiava em todas as decisões, sempre te idolatrei", postou a irmã nas redes sociais.

Natalin e a irmã Lyvia em foto do Instagram. (Foto: Divulgação / Redes Sociais)
Natalin e a irmã Lyvia em foto do Instagram. (Foto: Divulgação / Redes Sociais)

Simone é natural de Paranaíba, mas atualmente mora em Sonora. Já Natalin se mudou há cinco anos para Campo Grande, cidade onde fez muitos amigos e conheceu o militar da Aeronáutica, Tamerson Ribeiro Lima de Souza, de 31 anos.

"Ela já tinha a neném e ele [Tamerson] criou ela desde pequena. Eu fazia pós-graduação em Campo Grande, sempre ficava na casa dela quando ia para a cidade. Nos víamos todo mês e mantínhamos o contato sempre", lembra.

Conturbado - Simone diz que o relacionamento da filha com o militar foi tranquilo no começo, mas com o tempo, começaram as brigas. "Era tranquilo no começo, mas depois começaram as brigas. Eram muito divergentes, ela alegre e ele calado, retraído".

No domingo (06), data em que o corpo de Natalin foi encontrado à margem da BR-060, em Campo Grande, Tamerson chegou a ligar para a sogra, dizendo que Natalin havia desaparecido. "Eu vi um status dela na quinta-feira e mandei um áudio no Instagram, como ela demorava a responder, não estranhei. No domingo à noite, o Tamerson me ligou, falou que a Natalin tinha sumido", lembra.

Simone diz que ficou ao telefone com o genro e passou a dar conselhos para que o casal se separasse. "Não via futuro no relacionamento, mas sei que eles continuavam insistindo pela minha neta. Era o que a Natalin admirava nele, o pai excepcional que era", revela.

A conversa durou até a ligação do investigador de polícia. "O investigador me ligou de início perguntando como era a relação dos dois. Falei que havia acabado de conversar com ele [Tamerson] e que brigavam muito. Naquele momento, eu pensei que o Tamerson tinha ligado para a polícia denunciando o sumiço dela, então conversei tranquilamente", afirma a mãe, que no trecho seguinte da conversa, foi informada de que o corpo localizado seria de Natalin. "A partir daí, não ouvi mais nada", desabafa.

Simone tentou seguir para Campo Grande, mas como trecho da BR-163 estava bloqueado, quem resolveu os trâmites legais para liberação do corpo foi o pai da jovem, que mora em Paranaíba, cidade onde ela será sepultada. Agora, Simone pretende ficar com a neta. "É meu amor, ela queria vir todo fim de semana para cá. Agora, está com o pai da Natalin, pois ele que esteve em Campo Grande, mas depois, vamos sentar e conversar", pondera.

O caso - Natalin Nara Garcia de Freitas Maia, de 22 anos, foi assassinada na última sexta-feira (04), em Campo Grande. O corpo foi encontrado no domingo (6), pelo funcionário de uma fazenda, no matagal ao lado da porteira de entrada de uma propriedade rural, no Km 372 da BR-060. Ela não portava documentos e foi identificada depois.

O militar da Aeronáutica, marido da vítima, foi preso nesta segunda-feira (7) e confessou o crime. Ele chegou a levar a filha do casal para a escola, com o corpo dentro do carro, antes de jogá-lo no mato.

A jovem foi assassinada na madrugada de sexta-feira (4) e antes do depoimento do militar, investigação do GOI (Grupo de Operações e Investigações),  apontava que o corpo havia abandonado na rodovia no domingo (6). Ou seja, ele teria passado três dias com o cadáver dentro do carro.

Em audiência de custódia, a Justiça manteve a prisão do militar, que agora, se encontra à disposição da Justiça. A investigação continua pela Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher).

*Matéria editada às 7h de 09/02/2022, para correção de informação.

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