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Capital

Coletores de lixo estão entre os que mais sofrem acidente de trabalho

Maurício dos Santos Ortega morreu na última quarta-feira depois de cair de caminhão da Solurb

Tainá Jara | 12/07/2019 06:42
Equipes de coleta de lixo trabalham com caminhões em movimento (Foto: Henrique Kawaminami)
Equipes de coleta de lixo trabalham com caminhões em movimento (Foto: Henrique Kawaminami)

Medida básica de salubridade, o hábito de colocar o lixo para fora previne uma série de riscos. Mais arriscado ainda é o caminho que a sujeira tirada de casa percorre para chegar ao destino final de descarte. Ao menos para quem faz esse transporte. Conforme o MPT (Ministério Público do Trabalho), os coletores de lixo domiciliar são a segunda categoria que mais sofre acidentes de trabalho em Mato Grosso do Sul.

Circunstâncias ainda sob investigação levaram o Maurício dos Santos Ortega, 39 anos, a ter ferimentos graves depois de cair do caminhão da Solurb, empresa responsável pela coleta de lixo em Campo Grande, na madrugado do último domingo. Dias depois, ele acabou morrendo. O enterro foi nesta quinta-feira (11).

Maurício atuava como coletor de lixo nesta empresa há quase cinco anos. Mas, segundo a família, ele já atuava no ramo há oito anos. Por isto, era tido como um profissional experiente. A morte surpreendeu os colegas, mas os ferimentos graves são considerados quase ossos do ofício.

No ano passado, foram registrados 439 casos de acidente de trabalho envolvendo coletores de lixo, um aumento de 74% em relação a 2017. Em 2019, a coleta de resíduos não-perigosos já feriu 136 profissionais. A categoria só perde para os acidentes ocorridos em frigoríficos e supera a de profissionais de saúde. O abate de reses feriu 154 nos últimos sete meses, enquanto as atividades de acidentes hospitalares resultaram em 134 vítimas.

Alerta - Conforme o presidente do STEAC (Sindicato dos Trabalhadores nas Empresas de Asseio e Conservação de MS), Wilson Gomes da Costa, os riscos são frequentes. “Os acidentes mais comuns envolvem o mal condicionamento do lixo por parte da população. Ocorrem muitas perfurações com vidros e agulhas de insulina. O deslocamento com do caminhão, quando eles pulam para fazer a coleta, também representa risco de atropelamento”, afirmou.

Maurício acabou atingido pelo próprio caminhão em que trabalhava, no cruzamento das ruas Amazonas com a Elias Nasser, no Bairro São Francisco, na Capital. Na madrugada em que aconteceu o acidente, quatro trabalhadores seguiam no caminhão, sendo três coletores atrás e o motorista na direção. Um dos garis seguia a pé na frente da equipe amontoando o lixo, enquanto Maurício e o outro companheiro faziam a coleta na rua.

Conforme reconstituição realizada pela empresa, o motorista precisou fazer uma manobra à marcha ré para entrar na Rua Pedro Celestino. Neste momento, quando fazia a curva, o gari subiu no veículo. Tudo indica que no momento em que foi subir, Maurício bateu a cabeça no ferro usado pelos trabalhadores para apoiar as mãos, caiu para trás e bateu a cabeça no meio-fio.

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