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Capital

Com medo de ter bagagem trocada, passageiros recorrem a estratégias inúteis

Prisão de brasileiras que tiveram bagagem trocada no exterior gera preocupação em viajantes que passam por MS

Mylena Fraiha | 12/04/2023 18:00
Passageiros esperam voo no Aeroporto Internacional de Campo Grande (Foto: Alex Machado)
Passageiros esperam voo no Aeroporto Internacional de Campo Grande (Foto: Alex Machado)

Desde o caso das duas brasileiras presas em Frankfurt, após terem as malas trocadas por bagagens contendo cocaína, passageiros do Aeroporto Internacional de Campo Grande voltaram a tomar medidas para não ocorrer a troca de malas e evitar tamanho drama em uma viagem. O problema é que nenhuma delas faz efeito quando do outro lado estão especialistas em tráfico internacional de entorpecentes.

Mato Grosso do Sul é considerado uma importante rota das drogas, devido à sua localização, na fronteira com dois países, Paraguai e Bolívia, e com cinco estados brasileiros. Como todo tipo de droga entra por aqui, o medo de cair em golpes do tráfico é ainda maior.

Cientes desse contexto, passageiros que fazem escala ou tem Campo Grande como origem voltam a usar estratégias para proteger bagagens, mas as que não impediriam a ação de traficantes, segundo as investigações sobre o caso das brasileiras na Alemanha apontam.

Passageiro coloca fitas e cadeado nas bagagens (Foto: Alex Machado)
Passageiro coloca fitas e cadeado nas bagagens (Foto: Alex Machado)

Mariana Paula dos Santos, de 29 anos, que mora no Piauí, mas trabalha em Ribas do Rio Pardo há 4 meses, explica que nos últimos meses tem viajado bastante por avião e que desde que o caso das brasileiras surgiu na imprensa, tem pensado em medidas para se proteger.

“Minha mãe viu o assunto na TV e me contou. Desde então, tenho colocado sinalizadores e lacres nas malas. Antes de despachá-las, também tiro uma foto delas, como forma de comprovação”, explica Mariana.

A passageira Mariana explica que tira foto das malas antes de despachá-las (Foto: Alex Machado)
A passageira Mariana explica que tira foto das malas antes de despachá-las (Foto: Alex Machado)

Já o analista jurídico, que não quis se identificar, explica que trabalha no Amazonas e em Campo Grande de forma intercalada.

Desde o caso das brasileiras, ele diz que está usando cadeado em suas malas. Mesmo assim afirma que fica com receio de viajar. “Eu entrego para Deus após despachar a bagagem, porque não tenho mais contato com ela”.

Edson explica que colocou fitas nas malas como forma de identificação (Foto: Alex Machado)
Edson explica que colocou fitas nas malas como forma de identificação (Foto: Alex Machado)

O mecânico Edson Gasparin, de 53 anos, mora em Curitiba (PR), mas veio para Mato Grosso do Sul com sua esposa, para visitar o município de Bonito. Ele relata que para evitar troca de bagagens, colocou várias fitas amarradas em suas malas para diferenciá-las.

“Depois desse caso, dá um medo, mas sei que não é responsabilidade do aeroporto. Como aqui faz parte da rota do tráfico, achei importante sinalizar as malas”.

Rastreamento - Atualmente, existem diversas ferramentas tecnológicas que se tornaram grandes aliadas dos viajantes, como identificação por radiofrequência, sistemas automatizados de monitoramento em tempo real e muitos outros.

Em vez de depender exclusivamente das companhias aéreas para garantir que suas malas não se percam no caminho, ou sejam trocadas, os passageiros agora podem contar com a tecnologia para rastrear suas bagagens por conta própria.

Trak Dot permite o rastreamento de malas pelo próprio smartphone (Foto: Reprodução/Redes Sociais)
Trak Dot permite o rastreamento de malas pelo próprio smartphone (Foto: Reprodução/Redes Sociais)

Diversos dispositivos eletrônicos, disponíveis em lojas físicas e virtuais, podem ser colocados na bagagem, fornecendo informações de rastreamento. O TrakDot e o LugLoc são exemplos de aparelhos com peso médio de 90 gramas, que utilizam tecnologias GSM e GPS para rastrear bagagens por meio de um aplicativo no smartphone. Esses dispositivos estão disponíveis a preços variados, que vão de R$ 173 a R$ 250.

No caso do TrakDot, o serviço pode ser usado por um aplicativo que mostra se a mala está perto ou longe por meio de vibrações no celular, mais usado nas esteiras dos aeroportos. Além disso, o histórico de rastreamento fica disponível no site da fabricante. No primeiro ano, o uso é gratuito, a partir do segundo, é preciso pagar uma taxa anual de US$ 12,99.

Já o LugLoc exige a implantação do dispositivo na sua bagagem para rastreá-lo em qualquer lugar do mundo a partir do seu smartphone ou do site. Sem taxa de associação, a pessoa paga apenas pelo que usa. Quando precisa, compra créditos por aplicativo e sempre que você enviar um pedido para localizar sua bagagem ou item de valor é cobrado.

Responsabilidade - De acordo com a administração do Aeroporto Internacional de Campo Grande, a proteção das bagagens é responsabilidade da companhia aérea contratada. Também afirmaram que não receberam recomendações da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) sobre como proceder com a segurança das malas.

Em contato com companhias aéreas, algumas se posicionaram sobre a proteção das bagagens. A Gol afirmou por e-mail ao Campo Grande News, que cumpre as medidas de segurança de transporte de bagagens, que são regulamentadas pela Anac. Também afirmaram que no próprio site da companhia aérea existem algumas dicas aos viajantes.

Já a companhia aérea Azul encaminhou uma nota de esclarecimento na qual afirma que todos os seus tripulantes são treinados de forma adequada, além de seguirem rigorosamente os protocolos internos de segurança e qualidade, atuando em conformidade com as orientações do órgão regulador.

A reportagem entrou em contato com as companhias aéreas Latam e Avianca, mas até o fechamento desta matéria não obteve resposta. O espaço continua aberto para manifestação das empresas.

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