Diretoria muda regra e Esacheu caminha ao 3º mandato na Santa Casa
Votação está marcada para o dia 8 de novembro, depois da segunda mudança no estatuto desde o ano passado
Em meio ao eterno clima de crise, a Associação Beneficente da Santa Casa de Campo Grande faz, no próximo dia 8 de novembro, a eleição da diretoria. O atual presidente, o procurador aposentado Esacheu do Nascimento, caminha para eleger-se ao terceiro mandato consecutivo, graças a uma mudança recente no estatuto do hospital, que acabou com o limite de reeleições. Ele comanda a instituição desde 2015 e, com uma nova recondução, vai ficar pelo menos 7 anos.
A chapa liderada por ele é única. O prazo para inscrição esgotou-se às 18h e não houve outros participantes no pleito. Pela regra em vigor até este ano, era possível apenas uma reeleição. Como já havia sido reconduzido ao cargo em 2017, Esacheu não poderia concorrer de novo. Mas no dia 16 de agosto, atendendo a sugestão de um dos associados, o advogado Alfeu Coelho Pereira Junior, foi votada e aprovada por maioria, a retirada de apenas uma palavra do artigo do estatuto relacionado à disputa eleitoral, e tudo mudou.
No artigo 23, estava claro que era permitida “uma reeleição”. Agora, o trecho ficou como “permitida reeleição”. Ou seja, acabou o limite.
A mesma alteração foi feita em outro artigo do estatuto, o 19, valendo para o mandado dos 18 conselheiros, que é de seis anos. Nesta eleição, serão renovados 9 deles e não há mais veto aos que se já foram reconduzidos ao cargo.
No texto em que sugere a supressão da palavra, o advogado afirma que o hospital está trilhando “excepcional caminhada” rumo a mais cem anos de trabalho. Define, ainda, o trabalho na direção como destinado a pessoas “especiais e dotadas de elevado senso administrativo e gerencial”.
Essa é a segunda mudança expressiva nas regras para escolher os diretores da Santa Casa. No ano passado, o mandado, antes em 2 anos, já havia sido ampliado para três anos.
Ao Campo Grande News, ex-associados da Santa Casa criticaram a mexida no estatuto, mas não quiseram dar declarações se identificando. Um deles disse que o estatuto foi alterado atendendo a projeto pessoal de Esacheu.
“É só participar” - O procurador aposentado, no cargo de presidente do maior hospital do Estado desde 2016, disse que não partiu dele a iniciativa de alterar o estatuto, embora admita que o intuito foi a continuidade dele na função. Ao contrário de propor, disse, votou contra a reeleição sem limites. Sobre se candidatar, apesar disso, afirmou que foi praticamente “convencido”.
“Não é vantagem pessoal, não tem salário, o trabalho aqui é voluntário”, afirmou.
Antes mesmo de a reportagem citar criticas, Esacheu manifestou-se a respeito. “Acontece que a gente acaba contrariando pessoas. Tem gente que tem interesses menos nobres e acaba levando para esse tipo de conversa para a imprensa”.
“Não foi por solicitação minha, na assembleia, foi praticamente por unanimidade”. De acordo com ele, não chegou a meia dúzia o número de votos contrários à proposição. .
Sobre os contrários, Nascimento disse que essas pessoas precisam, primeiro, participar das assembleias e, em segundo lugar, apresentar uma chapa concorrente.
A eleição passada, em 2017, também teve polêmica. Acabou sendo suspensa judicialmente, mas terminando com a vitória de Esacheu. À época, houve chapa concorrente, liderada por Alfredo Sulzer, que neste ano foi excluído do quadro de associados, junto com a esposa, Maria Emília Sulzer, o que também aconteceu com o ex-presidente, Wilson Teslenco e com o ex-conselheiro fiscal Irapuã dos Santos, que este ano, em julho, apresentou denúncias ao MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) contra a atual gestão, sobre as quais foi aberta apuração.
A eleição está marcada para as 18h do dia 8, no auditório "Carroceiro Zé Bonito". O hospital tem cerca de 120 conselheiros, que decidem a eleição.