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Capital

Em 1 semana, 2 manchetes são o antes e depois na vida da mãe de taxista morto

No domingo passado, costureira foi personagem de reportagem do Campo Grande News e volta hoje, mas como vítima da violência

Ângela Kempfer | 26/04/2020 13:41
No domingo passado, dona Izis conversou com a nossa equipe sobre o trabalho de costureira.
No domingo passado, dona Izis conversou com a nossa equipe sobre o trabalho de costureira.

No domingo passado, dona Izis era personagem feliz em reportagem publicada pelo Campo Grande News, falando sobre a produção de máscaras de pano, ao lado da filha Andreia. Na pandemia, as duas ajudam como podem, com capricho em cada peça confeccionada.

Passados 7 dias, neste domingo, a costureira Izis é mãe, agora com a voz cheia de dor. Pelas ironias de vida e de morte, com poder de transformar muito em um intervalo tão pequeno de tempo, ela volta a ser manchete do Campo Grande News, mas pela tragédia de um filho assassinado aos 44 anos.

Luciano nasceu depois de Andreia, antes do caçula Lucas, e continuava companheiro de dona Izis, dividindo a mesma casa. Por isso, o filho do meio conseguiu se despedir ontem à noite, antes de assumir outra corrida como motorista de aplicativo.

Taxista como o pai, ele também transportava passageiros pelo aplicativo 99 Pop, como forma de aumentar a renda e pagar as prestações do carro, comprado havia 6 meses. “Era um sonho dele esse carro. Luciano é muito trabalhador”, diz a mãe, como quem ainda não distingue o que é e o que já passou.

Luciano era taxista há 20 anos, mas também trabalhava como motorista de aplicativo.
Luciano era taxista há 20 anos, mas também trabalhava como motorista de aplicativo.

Na noite de sábado, por volta de 23h30, Luciano saiu da casa no bairro Santa Fé para pegar alguém no Shopping Campo Grande e levar até o Jardim Carioca, 11  horas depois, foi encontrado morto, assassinado com tiro na cabeça.

O medo do pior tomou conta da mãe muito antes, pouco tempo depois do filho sair de casa. “Em meia hora desligou tudo no carro: GPS, aplicativo. Aí comecei a ficar nervosa”, lembra.

Confortada por parentes e amigos que foram até a casa da família neste domingo, logo depois da notícia do assassinato se espalhar, a costureira parece exausta depois de tanto desespero. “Não durmo desde ontem. Quando ele sumiu, todo mundo logo começou a procurar e não paramos até hoje”.

Separada do pai de Luciano, ela diz que criou os filhos costurando, sempre atenta ao que cada um precisava e fazia. “Eu não gostava que ele trabalhasse de noite e era raro ele fazer isso. Mas ele precisava trabalhar”, diz.

Sobre o que virá depois da surpresa da tragédia, a mãe não parece ter condições de imaginar. “O que eu estou sentindo é tão terrível que nunca imaginei que um dia ia sentir. Tá doendo tanto, que eu nem consigo pensar em quem fez isso, só consigo pensar no meu filho. Não sei o que vou fazer sem ele”, comenta.

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