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Capital

Em Campo Grande um policial é responsável por 600 detentos, protesta categoria

Depois de fuga de dois presidiários, policiais penais fizeram protesto nesta quarta-feira

Por Natália Olliver e Antonio Bispo | 06/03/2024 09:36
Agentes penitenciarios protestaram nesta quarta por melhorias no sistema carcerário (Foto: Henrique Kawaminami)
Agentes penitenciarios protestaram nesta quarta por melhorias no sistema carcerário (Foto: Henrique Kawaminami)

Policiais penais de Campo Grande se reuniram em frente ao Estabelecimento Penal de Segurança Máxima Jair Ferreira de Carvalho, na manhã desta quarta-feira (6), para denunciar exploração no sistema carcerário municipal. A manifestação pacífica aconteceu para pedir que o número de efetivos seja ampliado. O estopim para a ação foi a fuga da unidade prisional de Douglas Luan Souza Anastácio, de 33 anos, e Naudiney de Arruda Martins, 32 anos, nesta segunda-feira (4).

Conforme o presidente do SINSAPP/MS (Sindicato dos Policiais Penais de Mato Grosso do Sul), André Santiago, são 6 mil presos no complexo penitenciário em Campo Grande para 10 plantonistas, ou seja, 600 para um.

"No caso da máxima são 11 plantonistas para 2.400 presos. Em apenas um pavilhão da máxima são 900 presos e apenas um policial penal. Essa característica não existe em nenhum presídio no interior, com exceção do estadual de Dourados. Ou seja, nenhum tem tanto preso por pavilhão”, disse.

André destaca que das nove torres no complexo - formado pela a Máxima, Centro de Triagem, Instituto Penal, Instituto de Trânsito e Módulo de Saúde - somente uma delas tem policiais.

André Santiago, presidente do SINSAPP/MS (Foto: Henrique Kawaminami)
André Santiago, presidente do SINSAPP/MS (Foto: Henrique Kawaminami)

“Onde aconteceu a fuga não havia monitoramento por câmera, nenhum agente cuidando do local. Além disso, o monitoramento por vídeo é feito por apenas um policial penal. Ele é responsável por monitorar 64 câmeras. Isso é humanamente impossível”.

Segundo o presidente, o problema foi intensificado após a gestão assumir a responsabilidade de mil policiais militares, que faziam o serviço de ronda de escolta em hospitais e outros serviços.

“Quando assumiram não houve nenhum aumento do efetivo dos policiais penais. O Conselho Nacional de Polícias Criminais e Penitenciárias estabelece que o ideal seriam 5 presos para um agente. Em Mato Grosso do Sul são 70 para um”.

O sindicato afirma que a culpa da fuga é do próprio sistema, que é falho e sobrecarrega os profissionais. Além do número de efetivos baixo, eles também pedem um novo concurso para a área. O objetivo é que assim, com mais profissionais, o número de horas extras feitas diminua.

“Atualmente o servidor assume três pastas de responsabilidade interna e ainda tem que ir para o hospital fazendo escolta. Dentro do presídio o policial penal não pode trabalhar armado. Eles cumprem plantão de 24h e ainda são obrigados a fazer hora extra que em média dá 60h por mês para cada servidor”.

Policiais pedem mais efetivos e menos horas extras na Capital (Foto: Henrique Kawaminami)
Policiais pedem mais efetivos e menos horas extras na Capital (Foto: Henrique Kawaminami)

O outro lado - A Agepen (Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário) disse que não vai se manifestar sobre o protesto dos agentes nesta manhã. Sobre a fuga da Máxima a Agência disse que está em constante aperfeiçoamento do efetivo e do sistema de monitoramento, que conta com aparelhos modernos. Ela também frisou, em nota, que para aumentar a segurança no local foi ativada a vigilância de mais uma torre da muralha, com policial penal armado 24 horas por dia.

"Adaptações estão sendo realizadas para que as torres de vigilância não fiquem desguarnecidas. O Estabelecimento conta com moderno sistema de videomonitoramento, inclusive com câmeras do tipo speed dome, com alto poder de resolução e aproximação. Importante pontuar que há revezamento no sistema monitoramento por câmeras, o policial penal fica por duas horas, assim como ocorre nas torres".

Segundo a pasta, diversas entregas já foram realizadas, como viaturas novas e armas de fogo para atuação na vigilância de muralhas e escoltas de presos, pistolas para uso individual dos policiais penais.

"Em relação aos equipamentos de fiscalização, já estão em funcionamento, aparelhos de raio-x para vistoria de objetos, body scan, portal detector de metal, modernização do sistema de monitoramento de câmeras e novas centrais de cerca elétrica".

Fuga - Para o sindicato, a fuga dos presos pode incentivar novas tentativas, devido as unidades do Estado estarem, segundo eles, precárias. “Algumas delas tem só dois plantonistas para cuidar da massa carcerária interna. Mato Grosso do Sul é um estado fronteiriço, corredor de drogas. O posicionamento da Agepen publicado ontem é falacioso porque não é equipamento que estão precisando. Não são câmeras de alta resolução”.

O caso - A fuga ocorreu por volta das 3h30 de segunda-feira (4), pelo muro e com auxílio de uma corda. Quatro detentos alojados no pavilhão 6 da Máxima usaram corda para escapar, porém, dois deles acabaram recapturados.

Douglas e Naudiney conseguiram fugir, mas outros dois homens foram recapturados durante a ação, foram isolados em cela disciplinar e responderão, ainda, a procedimento administrativo.

Quem tiver informação sobre os dois pode acionar a PM (Polícia Militar) pelo 190. A identidade do denunciante será mantida em sigilo.

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