Em nova transferência, moradores de favela denunciam problemas
Uns dos últimos a serem retirados da Cidade de Deus sofrem com falta de estrutura.
Mais um grupo de moradores da favela Cidade de Deus foi removido da área, próxima ao lixão de Campo Grande, e levado para um terreno no Jardim Canguru. Esta é a quarta transferência realizada pela Prefeitura desde o dia 7 de março, quando o teve início a retirada das famílias.
Até agora os moradores seguiram para quatro terrenos, além do Jardim Canguru, nos bairros Vespasiano Martins, loteamento Bom Retiro – na região da Vila Nasser – e no Dom Antônio Barbosa (ao lado da Cidade de Deus).
O Campo Grande News já tinha adiantado a possível ocupação da área – vizinha da Rua Catiguá –, em reportagem publicada no dia do início da mudança das famílias.
E após 27 dias de trabalho para a transferência dos moradores, os problemas continuam a ser denunciados, a insatisfação toma conta dos que conseguiram deixar a favela e também dos que continuam lá.
A costureira Lucimara Escobar, 27 anos, chegou ao terreno no Jardim Canguru ontem (1°), às 15 horas, e hoje (2) ainda tentava erguer o barraco onde vai abrigar também a filha de 7 anos. "Prometeram gente para ajudar a carregar, descarregar a mudança e levantar o barraco. Mas não tive ajuda. Se não fosse minha família e amigos iria continuar no relento. Já fui transferida tarde, não deu tempo para nada, tive que dormir na casa de parentes”.
O irmão dela, Anderson Escobar da Silva, 25 anos, mora na favela há três anos, e por ser homem e solteiro, afirma não ter conseguido um terreno. “Me disseram que é porque sou solteiro que não vou ter um terreno. Me ameaçaram, disseram que vão chamara o (Batalhão) de Choque para me tirar de lá se eu não sair. Mas não tenho para onde ir e fique lá muito tempo, não foi à toa, quero um terreno”.
A equipe do Campo Grande News chegou ao terreno no Jardim Canguru quando começou a cair uma chuva no local, que ficou intransitável. Os moradores que ainda não conseguiram construir seus barracos tiveram que correr para proteger os poucos pertences.
Foi o caso do pedreiro Wanderson de Souza, que junto com a esposa Ana Cláudia, tentavam se proteger como podiam da chuva. “Pegaram a gente que nem cachorro, jogaram aqui. Agora temos que dar um jeito e fazer dar certo. Até já assinei o contrato provisório para garantir o terreno”, afirmou.