Em nova transferência, moradores de favela denunciam problemas
Uns dos últimos a serem retirados da Cidade de Deus sofrem com falta de estrutura.
![Com o início da chuva, Wanderson de Souza (ao centro) tentou cobrir os pertences da família. (Foto: Marcos Ermínio)](https://cdn6.campograndenews.com.br/uploads/noticias/2020/03/10/3dxnko4a820ww.jpg)
Mais um grupo de moradores da favela Cidade de Deus foi removido da área, próxima ao lixão de Campo Grande, e levado para um terreno no Jardim Canguru. Esta é a quarta transferência realizada pela Prefeitura desde o dia 7 de março, quando o teve início a retirada das famílias.
Até agora os moradores seguiram para quatro terrenos, além do Jardim Canguru, nos bairros Vespasiano Martins, loteamento Bom Retiro – na região da Vila Nasser – e no Dom Antônio Barbosa (ao lado da Cidade de Deus).
O Campo Grande News já tinha adiantado a possível ocupação da área – vizinha da Rua Catiguá –, em reportagem publicada no dia do início da mudança das famílias.
E após 27 dias de trabalho para a transferência dos moradores, os problemas continuam a ser denunciados, a insatisfação toma conta dos que conseguiram deixar a favela e também dos que continuam lá.
A costureira Lucimara Escobar, 27 anos, chegou ao terreno no Jardim Canguru ontem (1°), às 15 horas, e hoje (2) ainda tentava erguer o barraco onde vai abrigar também a filha de 7 anos. "Prometeram gente para ajudar a carregar, descarregar a mudança e levantar o barraco. Mas não tive ajuda. Se não fosse minha família e amigos iria continuar no relento. Já fui transferida tarde, não deu tempo para nada, tive que dormir na casa de parentes”.
![Anderson Escobar da Silva está preocupado por não ter conseguido transferência da favela. (Foto: Marcos Ermínio)](https://cdn6.campograndenews.com.br/uploads/noticias/2020/03/10/2st2cy2n2oe8g.jpg)
O irmão dela, Anderson Escobar da Silva, 25 anos, mora na favela há três anos, e por ser homem e solteiro, afirma não ter conseguido um terreno. “Me disseram que é porque sou solteiro que não vou ter um terreno. Me ameaçaram, disseram que vão chamara o (Batalhão) de Choque para me tirar de lá se eu não sair. Mas não tenho para onde ir e fique lá muito tempo, não foi à toa, quero um terreno”.
A equipe do Campo Grande News chegou ao terreno no Jardim Canguru quando começou a cair uma chuva no local, que ficou intransitável. Os moradores que ainda não conseguiram construir seus barracos tiveram que correr para proteger os poucos pertences.
Foi o caso do pedreiro Wanderson de Souza, que junto com a esposa Ana Cláudia, tentavam se proteger como podiam da chuva. “Pegaram a gente que nem cachorro, jogaram aqui. Agora temos que dar um jeito e fazer dar certo. Até já assinei o contrato provisório para garantir o terreno”, afirmou.