Transferidos de favela reclamam de estrutura e cobram mais fiscalização
Moradores transferidos da favela Cidade de Deus para o loteamento Bom Retiro, localizado na região do Bairro Vila Nasser, em Campo Grande, reclamam da falta de estrutura do local e denunciam que vários barracos foram construídos, mas estão vazios e não há nenhuma fiscalização por parte da Prefeitura.
“Muita gente construiu barraco aqui, mas nem aparece. O barraco está fechado e eles estão só esperando pra depois construir casa. Enquanto isso, a gente precisa enfrentar todas essas dificuldades e ninguém está vendo isso. Cadê a Prefeitura”, questiona a moradora Nazaré Pereira Moura, 46 anos, lembrando da ausência de servidores da Emha (Agência Municipal de Habitação) no local.
Ao todo, a área deve receber 119 famílias, mas por enquanto, cerca de 100 famílias estão no local e as demais devem ser transferidas até a próxima segunda-feira (28), segundo Nazaré.
De acordo com a Prefeitura, cada família terá direito a um terreno de 10x20 metros. No local, também deve ser implementado o programa "Mutirão Assistido", assim como no Vespasiano Martins. O programa consiste na construção em parceria das casas, onde a prefeitura banca 40% da construção e o morador pagará os 60% restantes em longo parcelamento, já incluído o valor do terreno.
Enquanto o auxilio por parte do poder público não chega, os moradores precisam conviver com as dificuldades e se virar como podem para evitar mais prejuízos. A informação é de que Prefeitura ficou de enviar maquinário neste fim de semana para tentar amenizar os problemas no local, mas até o momento nada foi feito.
“A gente precisou improvisar umas valetas pra evitar que a água leve tudo novamente. A chuva da madrugada castigou a gente e eu tive até que mudar o barraco de lugar. ”, comenta o morador William Douglas, 23 anos, que deixou a Cidade de Deus para recomeçar a vida junto a esposa de 21 anos no loteamento.
Já não bastasse os problemas provocados pelas chuvas, os moradores do Bom Retiro relatam que estão enfrentando infestação de cobras, que provavelmente estão a procura de lugar seco para fugir da enxurrada.
“Esses dias eu achei uma Cascavel andando por aqui. Outros moradores já acharam Jararaca dentro do barraco. Isso é um perigo, principalmente para as crianças”, diz Rodrigo Pereira, de 30 anos.