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Capital

Equipe “importada” deixa pacientes à míngua na Santa Casa, diz neurologista

Atraso de cirurgias e escala de plantão desfalcada são algumas das denúncias feitas por neurocirurgião

Por Jéssica Fernandes | 16/12/2024 13:28
Pacientes no ambulatório da Santa Casa, na Capital. (Foto: Arquivo Campo Grande News)
Pacientes no ambulatório da Santa Casa, na Capital. (Foto: Arquivo Campo Grande News)

Atraso de cirurgias, escala de plantão desfalcada e pacientes desassistidos são alguns dos problemas atuais que a Santa Casa enfrenta desde a troca da equipe de neurocirurgiões. A denúncia é feita por um ex-funcionário que integrava a equipe, que em outubro deste ano foi substituída por médicos de São Paulo e outros estados.

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A Santa Casa de Campo Grande enfrenta problemas como atrasos em cirurgias e desassistência a pacientes após a substituição de sua equipe de neurocirurgiões em outubro. Um ex-funcionário denuncia que a nova equipe, recrutada pelo Instituto Nóbrega, não consegue atender à demanda, resultando em redução de cirurgias, especialmente as noturnas, e uma escala médica defasada. Dez dos 16 neurocirurgiões contratados pelo instituto já deixaram a Santa Casa, impactando ainda mais o atendimento. A instituição ainda não se pronunciou sobre as denúncias.

Neurocirurgião, Fabiano Santos trabalhou na Santa Casa de janeiro de 2023 a outubro de 2024. Na equipe de neurocirurgiões integrava outros oito profissionais da especialidade que foram trocados por 16 vinculados ao Instituto Nóbrega. A instituição foi fundada pela nutróloga Renata Domingues de Nóbrega, a mulher do comediante Carlos Alberto de Nóbrega.

O neurocirurgião fala que até esta segunda-feira, 10 dos 16 contratados não têm mais vínculo com a Santa Casa. Alguns entregaram as contas após o neurocirurgião-chefe ser mandado embora. “Muitos saíram porque quiseram e outros se sensibilizaram com o caso dele”, diz.

Fabiano relata que o atendimento à população sul-mato-grossense vem sendo impactado desde que a nova equipe assumiu, principalmente os casos que envolvem cirurgias na área.

“Cirurgias ficaram paradas porque eles [médicos] não deram conta de fazer. O Mikael, a equipe técnica não tinha condições de fazer e tiveram que chamar um neuro daqui [Campo Grande] para fazer”, fala.

O Mikael, citado pelo médico, é o jovem de 17 anos que ficou 36 dias aguardando cirurgia na coluna e na bacia. Vítima do acidente na Avenida Ernesto Geisel, o jovem teve a cirurgia marcada duas vezes pela Santa Casa. A história dele foi contada na reportagem publicada no dia 9 deste mês.

Em relação às cirurgias, ele explica que a antiga equipe realizava o procedimento em diversos horários, principalmente casos que chegavam durante a madrugada. “A gente realmente operava de madrugada, três, quatro, chegava gente e operava. Quase não se tem mais cirurgias de madrugada, o número reduziu bastante”, afirma.

A redução no quadro de funcionários dessa especialidade médica, conforme o neurocirurgião, também afetou diretamente a escala médica. “Nessa última semana só está uma neuro, era para ser quatro por dia, então a escala está defasada. A escala antiga era de dois neuros por período”, declara.

Em outubro deste ano, o Campo Grande News procurou a Santa Casa sobre a substituição dos neurocirurgiões. Na época, o diretor técnico da Santa Casa, William Leite Lemos, não entrou em detalhes que levaram à demissão dos profissionais, mas defendeu a nova equipe composta por médicos capacitados e que a mudança ocorreu por “relação contratual”.

“Temos médicos de São Paulo, Nordeste e Rio Grande do Sul. Com formação em cirurgias de tumores cerebrais, aneurismas, coluna, neurocirurgia pediátrica entre outros. Muitos formados em grandes centros do país e também com complementação fora, por exemplo, na Alemanha, França e EUA”, disse à reportagem.

O diretor também informou que o corpo de profissionais estava vindo através do Instituto Nóbrega. “Portanto, o contrato da instituição é com este instituto e ele fornece o quantitativo de neurocirurgiões de acordo com as necessidades da Santa Casa e de seus pacientes”, explicou.

Sobre essa troca, Fabiano diz que, junto com a equipe, foram surpreendidos quando souberam que não teriam o contrato renovado. Isso porque os nove profissionais que atuavam já tinham feito um acordo com a Santa Casa.

“Era um contrato extremamente agressivo, mas a gente resolveu aceitar. Depois de junho eles não mandaram o contrato de volta para a gente. No final de setembro recebemos a notícias que o Instituto Nóbrega, da Renata, estava trazendo neurocirurgiões. Ela é uma médica nutróloga que sabe trabalhar como empresa, ela não é neurocirurgiã”, pontua.

Nesta segunda-feira (16), a reportagem procurou a Santa Casa, pedindo um posicionamento sobre as denúncias relatadas. Em nota, o hospital respondeu que a denúncia não procede e que a escala está mantida para atender aos pacientes.

"Mudanças de profissionais ao longo do tempo são esperadas em qualquer área de trabalho e categoria profissional, mas isso não impacta a escala do corpo clínico. Na última segunda-feira, 16 de dezembro de 2024, durante a transição de plantão, houve um desajuste temporário que já foi solucionado, garantindo que, em nenhum momento, houve desassistência ou ausência de profissionais no hospital", completa.

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