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Capital

Execução de pai e filho em conveniência foi ordenada pelo PCC

Crime aconteceu em outubro do ano passado e vítimas estariam atrapalhando a venda de drogas na região

Por Ana Paula Chuva | 11/01/2024 13:37
Corpos das vítimas cobertos no local onde foram mortos em outubro de 2023 (Foto: Reprodução)
Corpos das vítimas cobertos no local onde foram mortos em outubro de 2023 (Foto: Reprodução)

Investigação da DHPP (Delegacia Especializada de Homicídios e Proteção à Pessoa) aponta que Aparecido Donizete Martins, 63 anos, conhecido como "Branco", e Naique Matheus Sotarelo Martins, 28, foram executados a mando do PCC (Primeiro Comando da Capital). O crime aconteceu em 25 de outubro do ano passado na conveniência das vítimas na Rua Paraisópolis, Vila Santo Eugênio, em Campo Grande. Três mulheres estão presas por envolvimento no duplo homicídio.

Durante as investigações, conversas das vítimas com membros da facção foram encontradas no celular de Naique e mostraram que ambos seriam “simpatizantes e colaboradores da facção”, por isso possuíam informações sobre os procedimentos, hierarquia e, talvez, “por conta dessa proximidade” tenham sido “julgados com tanto rigor” após diversas conferências.

Conforme apurado pela DHPP, a conveniência de “Branco” ficava na mesma rua do estabelecimento de Juliene Carneiro Cunha, de 46 anos, no entanto, o local que pertence à mulher seria usado apenas de fachada para o tráfico de drogas e as vítimas teriam tido desavenças com ela e suas duas filhas, por isso, foram “chamados” para dar explicações aos membros do PCC que estão custodiados.

Pai e filho participaram de diversas conferências com os integrantes da facção e uma semana antes do duplo homicídio receberam a última ligação, que durou cerca de duas horas. Na ocasião, Aparecido reclamou que Juliene acionava os “irmãos”, o “geral” e o “corre na linha” do PCC para resolver os problemas que enfrentava com os dois através das regras impostas pelo grupo criminoso.

Uma das conversas entre vítimas e um dos membros da facção (Foto: Reprodução)
Uma das conversas entre vítimas e um dos membros da facção (Foto: Reprodução)

A mulher teria relatado aos membros da facção que Naique e Aparecido estariam causando confusões com ela e suas filhas e alguns de seus “ninjas do tráfico”, que ela chama de “meninos”, e, inclusive, o rapaz teria “caguetado” sua conveniência à polícia. Fato negado pelas vítimas aos integrantes da organização criminosa.

Na investigação, Juliene ficou apontada como “gerente” de um ponto de comércio de drogas na região depois da prisão de um homem conhecido como “Fernandinho”, com isso a conveniência seria usada como fachada para justificar a movimentação de usuários no local. Além disso, as diligências mostraram que a mulher não age sozinha e usava adolescentes para fazer “o corre” e as vítimas estariam causando “problemas” para ela.

“Desta feita, outra motivação não há senão a que se trata de uma dupla execução determinada pelo crime organizado que utiliza sua estrutura cadenciada através da divisão de tarefas, visa obter vantagem financeira e econômica, pois as vítimas estariam atrapalhando as atividades ilícitas que geram renda à facção“, aponta a investigação.

Ao menos 50 pessoas teriam envolvimento no caso, fora os executores e outras pessoas que ainda precisam ser identificadas. Juliene e suas duas filhas, Carla Vitoria Carneiro Cunha Delgadilho, de 20 anos, e Olga Julia Carneiro Cunha Delgadilho, de 22 anos, acabaram sendo presas temporariamente no dia 14 de dezembro do ano passado, por envolvimento no crime.

A defesa das mulheres recorreu, solicitando um habeas corpus para que as prisões fossem convertidas em domiciliar. No entanto, o pedido foi negado no dia 19 de dezembro pelo juiz Aluizio Pereira dos Santos. A investigação do caso continua.


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