Família de jovem em estado vegetativo protesta em frente ao Hospital Regional
Em outubro, o paciente entrou andando para fazer cirurgia de vesícula e foi liberado mexendo apenas os olhos
A família do técnico em informática Rodrigo Rezende de Miranda, de 34 anos, que entrou andando no HR (Hospital Regional) Rosa Pedrossian, em Campo Grande, para a retirada de vesícula e saiu em estado vegetativo, protestou na manhã desta quarta-feira (20). Eles querem explicação da direção da unidade de saúde.
O procedimento foi realizado em outubro, desde então o rapaz só consegue mexer os olhos. E o drama só aumenta, porque o HR já deu alta ao paciente, que morava com avós idosos e a mãe deficiente visual. Porém, a família não tem condições de levá-lo para casa.
A recepcionista Mônica Aparecida Barbosa, de 31 anos, irmã do rapaz, foi quem levou Rodrigo passando mal com dor no estômago e vomitando para o hospital. “Ele é um irmão super dedicado, sempre se dispôs a ajudar. Como fui eu quem trouxe ele para cá, pra mim é muito pesado. Eu perdi uma irmã 18 anos atrás”, desabafou.
Segundo ela, no dia em que o irmão fez a cirurgia e ficou sabendo da parada cardiorrespiratória, ajoelhou e pediu para Deus trazê-lo de volta. “Ele está totalmente imóvel, só mexe os olhos. É triste, angustiante. A gente tenta dar força a ele e falar coisas positivas, só que quando saio dali, o sentimento é de impotência. Os médicos falam que ele tem um pouco de consciência, mas não consegue fazer as coisas sozinho”, disse.
A família reclama que Rodrigo não tem assistência da equipe de neurologia e está sem estrutura adequada no hospital. Deficiente visual, a mãe Tânia Rezende de Miranda, de 51 anos, quer ver o filho reabilitado e recebendo tratamento digno.
“Toda vez que vejo meu filho naquele estado, eu morro um pouco. Eu passo 12 horas aqui, já cheguei a ficar 24 horas porque ele não pode ficar sem acompanhante. Me dá um pouco de conforto ficar perto dele. Fico imaginando que ele está preso dentro do próprio corpo.”
A mãe reclama que os médicos não dão a resposta que ela precisa. “Toda vez que a gente pergunta, eles vêm com achismo. Quero uma resposta concreta. Quando falaram que ele havia sofrido parada cardiorrespiratória e estava intubado, fiquei desesperada. Porque eu já perdi uma filha e sei da dor de perder um filho”.
O advogado Hélio Gomes dos Santos, que acompanha a família, disse que receberam o prontuário com 600 páginas, mas tinha observação da enfermeira informando que estava faltando uma página, ou seja, documento incompleto. A informação que o hospital repassou no dia do ocorrido foi que Rodrigo havia sofrido parada cardiorrespiratória após a cirurgia e tinha sido intubado.
“Vamos pedir essa página ao hospital e, na sequência, entrar com ação autônoma de produção de provas para saber o que aconteceu, se houve alguma responsabilidade ou suspeita de erro médico. Quando acontece alguma coisa estranha em ambiente hospitalar, é preciso fazer investigação”, destacou. Indagada, a assessoria de imprensa do hospital informou que a diretoria ia receber a família para conversar.
A família precisa de ajuda com fraldas e remédios, pois o paciente é diabético também. Quem quiser ajudar, o telefone de contato da irmã, Mônica, é 67 991208262.
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