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Capital

Famílias lutam para não serem despejadas de casas abandonadas no Centro

Sete adultos e cinco crianças estão nos imóveis invadidos e brigam na Justiça para permanecerem no local

Natália Olliver e Thays Scnheider | 25/04/2023 17:15
Famílias lutam para não serem despejadas de casas abandonadas no Centro
Uma das casas onde as famílias moram na Rua Padre João Crippa (Foto: Thays Scnheider)

Três famílias lutam para não serem despejadas de um terreno invadido na Rua Padre João Crippa, no centro de Campo Grande. No local, há três casas que estavam desabitadas há mais de três anos. Nesta terça-feira (25), as 12 pessoas, sendo sete adultos e cinco crianças que ocupam o terreno, chegaram a ter os móveis retirados pela Justiça no início da tarde.

Entretanto, o advogado de uma das famílias, Oswaldo Meza, conseguiu a revogação do despejo, alegando que os inquilinos irregulares não foram comunicados previamente sobre o ato e que tanto ele quanto o cliente não foram intimados para esclarecer os motivos da invasão. As famílias voltaram as casas após decisão.

O Campo Grande News teve acesso aos autos do processo e os imóveis pertencem a uma idosa que está internada no Asilo São João Bosco. Como ela não tem herdeiros, a instituição possui uma procuração onde exerce poder sobre terreno e as casas, e pede a reintegração de posse.

Oswaldo alega que a mulher não está lúcida e que o terreno se encaixa no artigo 5°, inciso XIII, da Constituição Federal, ou seja, que permite a habitação em caráter social (função social da propriedade) de imóveis urbanos ou rurais, desde que não seja prejudicial ao bem coletivo.

Rodrigo Recaldes, de 45 anos, explicou que mora no imóvel, com a esposa e dois filhos, há um ano e seis meses, e que sabe que invadiu o local, mas que não tem condições de manter a família em outro local. O inquilino disse que cuida do espaço, assim como as outras duas famílias.

Famílias lutam para não serem despejadas de casas abandonadas no Centro
Moveis das três famílias reunidos após o despejo desta terça-feira (Foto: Arquivo pessoal)

“O lugar estava abandonado, cheio de mato e de dependentes químicos. A energia não é clandestina, só a água. Não fui avisado sobre o despejo, ninguém falou nada, sei que estou em lugar invadido, mas não tenho pra onde ir com meus filhos”, disse.

Daniela Duarte, de 37, é copeira e mãe de três filhos, ela conta que se mudou há um ano para o local após perder o emprego.

Não tinha como pagar aluguel e não tinha ajuda do pai das crianças. Aí venho cuidando do imóvel. Hoje, por volta das 10h, o oficial de justiça chegou já retirando os móveis. Não sei pra onde ir, não tenho dinheiro, me sinto constrangida e estou com medo das chuvas. Não sei onde vou dormir com os filhos”.

Na última casa do terreno, mora um casal que espera pelo primeiro filho. Eles não quiseram falar com a reportagem. O advogado chegou a acionar o Conselho Tutelar devido à quantidade de crianças menores de idade, mas órgão disse que não atende a esse tipo de chamado.

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