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Capital

"Feriadão" mudou quase nada do cenário em UTIs

Para infectologista, flexibilização das restrições pode fazer curva de internações voltar a crescer

Guilherme Correia | 04/04/2021 11:14
Paciente de covid-19 internado em leito de UTI no Hospital Regional de Mato Grosso do Sul (Foto: Saul Scharmm/Governo estadual)
Paciente de covid-19 internado em leito de UTI no Hospital Regional de Mato Grosso do Sul (Foto: Saul Scharmm/Governo estadual)

Passadas duas semanas do "fecha quase tudo" em Campo Grande, a quantidade de novas pessoas internadas passou a crescer mais devagar, mas ainda está em situação muito acima da ideal. Além disso, flexibilizações instituídas dia após dia, podem piorar a situação novamente.

Em média, nos últimos sete dias, conforme dados do painel Mais Saúde, hospitais da Capital atendem 460 pacientes simultaneamente em leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva). Há uma semana, eram 405 hospitalizados. Apesar disso, o maior índice verificado até então foi há três dias, em 1º de abril, quando 484 pacientes encontravam-se em leitos de terapia intensiva.

O pesquisador da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) Julio Croda aponta que mesmo não havendo redução, há uma tímida estabilização de casos graves. "Nos últimos dias atingimos uma estabilização de internações entre 1200-1350 pessoas internadas [em Mato Grosso do Sul]".

Apesar disso, o infectologista pontua que, com recente flexibilização de medidas restritivas, tanto a cidade quanto o Estado podem "retomar a alta em um patamar bastante elevado".

É importante ressaltar que o gráfico acima leva em consideração a quantidade de pacientes internados em terapia intensiva em todos os hospitais de Campo Grande - com ou sem covid-19. Mesmo assim, a pandemia é responsável por agravar expressivamente a saúde pública e privada, já que cerca de 60% das hospitalizações acontecem em decorrência do coronavírus.

Poucos dias depois que a antecipação de feriados foi feita, nenhum efeito havia surtido. Isso ocorre por conta do período de incubação do vírus, que varia entre sete e 14 dias, além do tempo de internação dos pacientes já hospitalizados.

Ou seja, ainda "era cedo" para avaliar os resultados. À época, o infectologista Julio Croda afirmou que pequenas variações - incluindo tímidas reduções - não deveriam ser levadas em consideração, já que os serviços de saúde estavam em "limite máximo", dificultando a avaliação.

"Quando o serviço atinge o limite máximo, fica difícil entender desaceleração, porque você ainda não tem uma quantidade adequada. [A pequena redução] pode ser reorientação do fluxo para outros hospitais", comentou.

Mortes - A pandemia do coronavírus já ocasionou na morte de 4.424 sul-mato-grossenses, desde quando os primeiros casos da doença foram registrados. Março é o mês mais letal, e a média de óbitos neste mês, abril, permanece em situação muito crítica.

Restrições - Na semana entre os dias 21 e 27 de março, quatro feriados foram antecipados pela Prefeitura de Campo Grande, de forma a incentivar que as empresas não funcionassem e que a população ficasse em casa. Nos primeiros dias dessa medida, a taxa de isolamento da Capital esteve entre as piores do País.

Desde então, seguindo diretrizes do governo estadual, algumas restrições aconteceram, como o não funcionamento do comércio, instituições de ensino, bancos e do atendimento em conveniências.

Além disso, toque de recolher fora instaurado entre 20h e 5h nos dias de semana, e a partir das 16h nos sábados e domingos. Essas restrições não foram renovadas, e o toque de recolher "perdeu" uma hora - ou seja, começará a partir das 21h a partir de amanhã em quaisquer dias.

O Campo Grande News questionou a Sesau (Secretaria Municipal de Saúde Pública), via e-mail, a respeito da avaliação das medidas restritivas por parte da pasta, mas não foi respondido até o momento de publicação desta reportagem. A SES (Secretaria Estadual de Saúde) também foi acionada, mas também não houve resposta.

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