“Foi um chamado de Deus”, diz voluntário que ajudou a resgatar vítimas no RS
Jovem dormiu em abrigos e auxiliou no salvamento de 9 pessoas e 35 animais
Por dez dias Juliano Henrique Almeida, de 28 anos, deixou a Capital para ajudar as vítimas das enchentes no Rio Grande do Sul. O ato foi explicado por ele como um “chamado de Deus”. O jovem estava presente durante a divulgação do balanço de doações feitas ao Estado atingido, pelo CTG (Centro de Tradições Gaúchas)Tropeiros da Querência, na manhã desta segunda-feira (20).
Juliano ficou abrigado junto das pessoas que perderam os lares na catástrofe. Ele e alguns amigos, que também foram voluntários, dormiram em alguns abrigos. Um deles foi o Lar do Trabalhador, que contava com 160 famílias e estava localizado na cidade de Novo Hamburgo. O município fica a 77 quilômetros de Porto Alegre, capital do estado.
"Falo que o propósito de Deus tem nos unidos para ajudar. Muitos falam que está sendo o povo pelo povo, é verdade, mas depois que ficamos esses 10 dias lá, a gente viu que toda e qualquer ação que tem sido feita: de tempo, dinheiro, doações e insumos, podem ser feitas sempre. A gente viu que o que tem unido é um propósito maior é pra mostrar que essa ajuda é uma coisa que deve ficar e não só ser feita de catástrofe em catástrofe. Que todo mundo fique veja com olhos diferentes um morador de rua, um cachorro”.
Juliano conta que nos dias em que esteve presente na ação vivenciou coisas inexplicáveis e houveram histórias que o marcaram. uma deles é a de uma senhora ilhada no telhado da casa submersa onde morava.
“Ela estava lá porque não queria abandonar a sua casa, pois não queria perder tudo o que tinha. Ela recusou ajuda na primeira vez, mas no quinto dia que fomos para resgatar ela, a encontramos com estágio 3 de hipotermia”.
Outra história que marcou a passagem do jovem foi a do último resgate dele. Ao todo, Juliano ajudou a resgatar 9 pessoas e cerca de 35 animais.
“Esse foi realizado durante a noite. Estávamos voltando de um resgate de outras cinco pessoas e a coordenação de resgate perguntou se poderíamos fazer mais um. Ao chegar no bairro de Porto Alegre, encontramos um prédio e uma pessoa no 3° andar. Comecei a conversar com ele e ele ficou uns 10 minutos perguntando coisas. Até que perguntei se ele queria ser resgatado e ofereci para levar mantimentos caso não aceitasse o resgate e orações”.
Ele relembra que havia um contraste entre os sorrisos e os choros presente nos abrigos, principalmente nas crianças. "Você vê uma situação de caos, mas em meio a tudo isso as crianças queriam correr e brincar. A gente buscou fazer tudo o que poderíamos, desde levar doações, ajudar no escoramentos delas, nos resgates e em orações”. Juliano conta que se formou no exército em 2014 e que em 2018 deixou a equipe.
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