Jovem que matou no trânsito chora no júri e diz que falava ao celular

Durante júri popular nesta sexta-feira (6), o estudante Richard Ildivan Gomide Lima, chorou e disse que falava ao celular no momento em que atingiu e matou no trânsito o segurança Davi Del Vale Antunes, 31 anos.
O caso aconteceu há quase quatro anos. Na madrugada do dia 31 de maio de 2012, o motociclista estava parado no semáforo, na avenida Afonso Pena, em frente ao Shopping Campo Grande, quando foi atingido pelo Punto conduzido por Richard.
Com o impacto da batida, Davi, que voltava para a casa após o trabalho em um bar, foi parar a 38 metros do local do acidente e a motocicleta a 57 metros. O segurança morreu na hora. O rapaz chegou a fugir do local, mas parou a cerca de 250 metros com problemas no carro. Ele foi preso em flagrante.
Segundo o juiz Aluízio Pereira dos Santos, da 2ª Vara do Tribunal do Júri, o julgamento havia sido marcado 5 meses após o crime, mas foi adiado por causa da discussão na época sobre homicídio culposo e doloso, após mudança no CTB (Código de Trânsito Brasileiro).
Em depoimento, o estudante assumiu que durante à noite, do dia da tragédia, consumiu uma taça de champanhe e, no momento do acidente discutia por telefone com a namorada. “Eu não vi o semáforo e nem o motociclista, porque estava falando ao celular”, lamenta.
O rapaz, que ficou 5 meses preso, chorou durante o relato. Ele falou que faz acompanhamento psicológico há 2 anos e depois que foi solto ficou com medo de sair de casa devido a repercussão que teve o caso na época.
“Meu sonho é me formar e seguir a vida, colocando um ponto final nessa história. Durmo e acordo pensando nisso. Vou carregar esse erro pelo resto da vida”, diz. Richard cursa o último semestre de Direito. O rapaz é julgado por homicídio doloso, quando há intenção de matar, omissão de socorro e fuga do local.

Emocionada, a vendedora Lays Mariane Oliveira da Silva, 27 anos, esposa da vítima, clama por justiça. “Acredito na justiça Divina e espero que a dos homens também seja feita. Foram quatro anos de muita dor. Hoje, nosso filho tem 5 anos e sempre pergunta porque o pai dele morreu e eu não tenho resposta”, conta.
A mulher afirma ainda que não teve ajuda financeira por parte de Richard. Atualmente, tramita na Justiça, uma ação civil pública em que a família da vítima pede meio milhão de reais para o acusado. Segundo o rapaz, a família dele ofereceu metade do valor, mas Lays não aceitou e o processo ainda corre.
Durante o julgamento, nenhuma testemunha será ouvida. Conforme o promotor do caso, João Meneguini, o advogado José Roberto Rodrigues da Rosa, defesa do acusado, conseguiu uma grande vitória que foi tirar a qualificadora do acidente, o que poderia ter agravado a pena. "Mesmo assim vou pedir a condenação do réu", afirma o promotor.