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Lideranças indígenas ocupam sede de departamento sanitário

Indígenas entraram na sede do Dsei-MS, dando continuidade ao protesto que começou na manhã desta terça-feira

Por Mylena Fraiha e Antonio Bispo | 17/10/2023 17:37
Lideranças indígenas em frente à sede do Dsei-MS, na Vila Bandeirante, em Campo Grande (Foto: Alex Machado)
Lideranças indígenas em frente à sede do Dsei-MS, na Vila Bandeirante, em Campo Grande (Foto: Alex Machado)

Após horas de espera, lideranças indígenas de Mato Grosso do Sul entraram na sede do Dsei-MS (Distrito Sanitário Especial Indígena de Mato Grosso do Sul), na Rua Alexandre Fleming, Vila Bandeirante, em Campo Grande, dando continuidade a um protesto que começou na manhã desta terça-feira (17).

O foco da manifestação é a insatisfação com a troca do coordenador do Dsei, que ocorreu na segunda-feira (16). O novo coordenador, Lindomar Ferreira da Silva, é um indígena terena da cidade de Miranda.

A ocupação do espaço ocorreu pacificamente por volta das 15h, com os funcionários do Dsei deixando o local. Além dos manifestantes presentes, um ônibus com um grupo adicional de indígenas de Dourados, localizada a 233 km da Capital, estava previsto para chegar durante a noite desta terça-feira (17).

Estima-se que, até a noite, cerca de 80 pessoas estejam envolvidas no movimento, que tem como objetivo obter uma resposta positiva do Ministério dos Povos Originários em Brasília.

Dez representantes indígenas estiveram envolvidos na ocupação, destacando a falta de consulta às lideranças indígenas de base no processo de nomeação de Lindomar Ferreira da Silva, que resultou na exoneração de Arildo Alves Alcântara.

Além disso, o movimento conta com o apoio do conselho Terena e da Aty Guasu, ambas afiliadas à Apib (Articulação dos Povos Indígenas do Brasil), bem como todas as oito etnias do Estado.

Cacique João Batista explica que discorda de exoneração (Foto: Alex Machado)
Cacique João Batista explica que discorda de exoneração (Foto: Alex Machado)

Uma dessas lideranças é o cacique João Batista Pires da Silva, integrante da aldeia La Lima, localizada em Miranda, a 201 km da Capital. "Na verdade, estamos aqui para defender o nosso coordenador, que foi exonerado sem consultar as lideranças indígenas de base. Estamos aqui, esperando ter algum resultado positivo".

Ao Campo Grande News, João enfatizou que o movimento continua pacífico e que, caso não recebam uma resposta positiva de Brasília, as manifestações continuarão, com a possibilidade de fechar rodovias no futuro.

Líderes indígenas discursam em frente à sede da Dsei-MS (Foto: Alex Machado)
Líderes indígenas discursam em frente à sede da Dsei-MS (Foto: Alex Machado)

Entenda - Arildo Alves Alcântara foi exonerado do cargo, conforme portaria publicada no Ministério da Saúde, nesta segunda-feira (16). No lugar dele, assumiu Lindomar Ferreira da Silva, indígena terena de Miranda, que já ocupou o cargo de diretor do Departamento de Promoção de Política Indigenista, do Ministério dos Povos Indígenas.

O Dsei-MS ficou sem comando de janeiro a abril deste ano, até que Arildo Alcântara assumisse a função. Na posse, no dia 17 de abril, ele firmou o compromisso de fazer gestão integrada com a sociedade ocidental, sem deixar de lado as origens e culturas dos povos originários.

Ao Campo Grande News, Lindomar atribuiu o ato como um movimento isolado "encomendado" pelo antigo coordenador, Arildo, para se manter no cargo. "É isolado e feito pelo do ex-coordenador. Ele esteve à frente mas acabou se perdendo ao longo dos meses".

No documento de nomeação de Lindomar, o coordenador se compromete a trabalhar de maneira incansável para a garantir a qualidade e eficácia dos serviços prestados à comunidade indígena.

A reportagem também entrou em contato com Arildo Alves Alcântara. Ele rebateu a fala de Lindomar e explicou que a exoneração não teve nenhuma justificativa, pegando todos de surpresa.

"Na verdade, não é uma questão de se manter no cargo. O que vale hoje é a questão dos respeito com os povos indígenas. Já passou a época em que eram os tutelados. Hoje nós sabemos qual o melhor caminho para nós. Temos uma ministra, isso é histórico no país. A comunidade pede pra que nos possamos ver essa situação, nem a ministra sabia dessa exoneração. Estamos aqui só de enfeite?", questiona o coordenador exonerado.

Arildo acrescentou que o movimento não foi organizado por ele, mas sim de maneira independente, pelos caciques.

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